O Rock pode até ter errado, mas, em 75 anos, Rita Lee jamais
Ícaro Barbosa 09/05/2023 15:11 - Atualizado em 09/05/2023 16:27
Essa madrugada foi bastante Rock'n Roll, então não era muito cedo quando acordei e peguei o celular, como faço todas as manhãs. Logo começaram a pipocar manchetes no feed do Instagram "Morre, aos 75 anos, a Rainha do Rock, Rita Lee". Eu lembro, estava alimentando os cachorros quando vi a primeira postagem. 
É verdade, quem acompanhava sabia: ela já estava velha, lutava contra um câncer de pulmão e, certamente, seria uma perda triste, mas já esperada pelos fãs. Só que com ela a coisa tinha uma tendência a mudar rapidamente de figura e, nessa manhã, a reação ao choque foi diferente.
Rita Lee não era o caso de uma vovózinha típica; era a transgressora sobrevivente que marcou gerações... Passando da psicodelia dos Mutantes, que ganhou o mundo, no final dos anos 60, ao excelente acústico MTV no final dos anos 90, quando eternizou suas obras solo - sem deixar de falar do "Balacobaco", dos anos 2000. Em todos os momentos, obras marcadas pela sua personalidade forte e boca-suja, características que não se perderam com a idade ou com a doença. 
Quem não gostava de a ler ou ouvir, nas redes — onde ela conseguiu se inserir com muita habilidade — algumas de suas pérolas entupidas de 'puta-que-pariu' diárias? "Você não imagina a imensidão do quanto estou pouco me fudendo para o que dizem. A vida é curta e eu grossa", por exemplo, é um clássico tweet da Rainha do Rock que com toda certeza já deve ter aparecido na sua timeline.
A mulher ainda emanava a energia da Ovelha Negra mandada embora de casa que poderia... Na verdade, porque estou falando no passado? Virou o disco... que vai abastecer o Brasil séculos a fio com muito Rock'n Roll.
O Rock pode até estar em baixa temporada, pelo menos por aqui, mas a nossa rainha surfa na crista da onda. E assim vai continuar, para todos aqueles que apertarem o play nos para tocar seus discos. Afinal, o Rock, por vezes, erra; Rita, jamais.

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