Um projeto de amor às tartarugas
Victor de Azevedo 15/11/2018 16:09 - Atualizado em 19/11/2018 15:01
O Programa de Monitoramento de Tartarugas Marinhas (PMTM) informou que nos dois primeiros meses da atual temporada reprodutiva, 270 ninhos foram identificados por técnicos do programa ambiental do Porto do Açu. O número representa mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, quando foi contabilizado o nascimento de aproximadamente 67 mil filhotes. De acordo com o gerente de Meio Ambiente da Porto do Açu, Wanderson Souza, se a incidência de ninhos se mantiver alta, a expectativa é de que o número de filhotes também cresça, nesta temporada. Já no feriado da Proclamação da República o movimento de turistas e banhistas foi intenso nas praias da região, que são monitoradas pelo projeto, que durante o verão aproveita para conscientizar a população sobre os hábitos para colaborar na preservação das espécies.
— Estamos bastante otimistas com os dados levantados, até agora, pelo nosso Programa de Monitoramento de Tartarugas Marinhas (PMTM). Ele é resultado do esforço diário de uma equipe integrada. Todas as manhãs, técnicos do programa percorrem 62 km de praia, desde o Pontal de Atafona, em São João da Barra, até Barra do Furado, entre Campos e Quissamã, registrando qualquer ocorrência relativa às tartarugas. Neste período, a identificação de ninhos é diária e, em breve, teremos os primeiros nascimentos — ressaltou.
Durante o período reprodutivo, que acontece de setembro a março, a equipe do PMTM localiza, identifica e acompanha os ninhos de tartarugas até o nascimento dos filhotes. Desde que foi criado, em 2008, o programa já identificou aproximou 11 mil ninhos e registrou o nascimento de mais de 807 mil filhotes.
Como parte de suas ações socioambientais, a Porto do Açu organiza solturas de filhotes abertas ao público, durante o verão e realiza atividades de conscientização para despertar na população o interesse em adotar boas práticas ambientais. O analista de Meio Ambiente da Porto do Açu, Nayar Mendes, aproveita o período de desova para orientar os banhistas. “Caso encontrem alguma tartaruga durante a postura de ovos, na faixa de areia, o correto é não se aproximar e apagar qualquer fonte de luz que possa atrapalhar o animal. O mesmo vale para os filhotes, que, ao nascerem, caminham por conta própria em direção ao mar e ao sol”, afirmou o biólogo, acrescentando ainda que, para o caso de filhotes seguindo na direção oposta ao mar, eles sejam delicadamente direcionados à água.
Para não interferir no trabalho do PMTM, a recomendação é que os banhistas não mexam ou removam as estacas de identificação dos ninhos e não transitem com veículos pela areia – prática já proibida por lei. Por fim, orienta-se que cada um recolha seu lixo. A ingestão de materiais descartados de forma incorreta é uma das principais causas de morte dos animais marinhos. Em caso de encalhes de tartarugas ou qualquer emergência, deve-se entrar em contato com a central de atendimento do Porto do Açu, pelo número 0800 729 0810.
O PMTMa atende a diretrizes técnicas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – Tamar e do Instituto Estadual do Ambiente (INEA).
Orla é área de proteção para duas espécies
Segundo dados divulgados do PMTM, a ingestão de lixos é a principal suspeita clínica dos animais em tratamento até junho do ano passado. A atividade pesqueira é o segundo causador de mais problemas às tartarugas. Das sete espécies de tartarugas marinhas existentes, cinco delas são encontradas no litoral brasileiro. A região de São João da Barra e de Campos é área de alimentação da Chelonia mydas (tartaruga-verde), área de reprodução da Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda), além de rota de migração das outras espécies.
Durante os meses de setembro a março, a equipe do PMTM se empenha para o atendimento às ocorrências reprodutivas. Este é o período onde as fêmeas se aproximam da costa e sobem às praias para desovar.
Todo processo reprodutivo ocorre durante a noite, devido a vários fatores ambientais naturais, como temperatura e predação. O programa possui uma equipe que realiza o monitoramento das praias nas primeiras horas da manhã, onde são encontrados rastros deixados na areia pela fêmea e, dessa forma, os ninhos são encontrados e são identificados por meio de estacas. Esta é a única forma de marcação física do ninho, sendo importante conservá-las para garantir o acompanhamento. A partir daí os ninhos são monitorados durante todo o período de incubação, de 45 a 60 dias, até o nascimento.
Monitoramento de 62 km de orla marítima
O PMTM é desenvolvido em paralelo a obra de dragagem. O objetivo é alinhar as atividades de dragagem do canal de navegação de acesso ao Terminal 1 com as estratégias de conservação das tartarugas marinhas, mitigando os possíveis impactos. O objetivo do projeto também é desenvolver ações múltiplas e integradas de monitoramento, mitigação e compensação de impactos sobre as tartarugas marinhas, envolvendo atividades diretamente relacionadas à operação da draga e embarcações de apoio marítimo, nas atividades de supressão do substrato e deposição em área determinada. O monitoramento ocorre diariamente e é ininterrupto na linha de praia dos municípios de São João da Barra e Campos, totalizando 62 quilômetros para o registro de ocorrências reprodutivas e não reprodutivas de quelônios marinhos, ocorrência de cetáceos marinhos e ocorrência de anormalidades nas praias. A ação inclui ainda o atendimento veterinário às tartarugas marinhas e a realização de necropsias para avaliação de causa da morte em todas as carcaças que estiverem em condições de serem analisadas. Durante os meses de setembro a março, a equipe do PMTM se empenha para o atendimento às ocorrências reprodutivas. Período em que as fêmeas se aproximam da costa e sobem as nossas praias para desovar.

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