Presos há um ano, deputados continuam a receber salários
16/11/2018 21:07 - Atualizado em 20/11/2018 11:52
A prisão dos três nomes mais importantes do Legislativo estadual, na operação Cadeia Velha, completou, nesta sexta-feira, um ano. Porém, mesmo presos, o gasto público com o salário dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do MDB, e de seus funcionários já chega a R$ 6,6 milhões. O levantamento foi feito pelo site G1. O cálculo exclui benefícios como bolsa-escola e auxílio alimentação. Em contrapartida, a primeira reunião do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) só deve acontecer no próximo dia 22. Um dos temas deve ser o pedido de cassação, feito após a operação, mas que não teve andamento.
O presidente licenciado da Alerj, o ex-presidente e o ex-vice-presidente, ainda que presos, continuam recebendo seus salários, de R$ 25.322,25. Em um ano, eles custaram R$ 911 mil aos cofres públicos. Os gabinetes dos presos também seguem funcionando. São 20 funcionários em cada um deles, num total mensal de R$ 160.516,82.
De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), eles se aproveitariam dos cargos para enriquecimento pessoal e fortalecimento político, em troca de vantagens ou blindagem de grupos econômicos que pagavam propina. Eles são acusados pelo MPF de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de capitais. A organização criminosa funcionaria na Alerj desde a década de 1990. As defesas de Picciani, Paulo Melo e Albertassi negam todas irregularidades.
Em entrevista ao G1, o presidente do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa, André Lazaroni (MDB), disse que a abertura da investigação não caberia a ele, mas sim ao corregedor parlamentar Chiquinho da Mangueira (PSC). Porém, Chiquinho foi preso semana passada, na operação Furna da Onça, desdobramento da Cadeia Velha.
Na Furna da Onça, foram presos sete deputados que estavam em liberdade e os três emedebistas tiveram as prisões renovadas.
— A corregedoria tem que responder (se demorou), eu sempre disse que investigação é com corregedoria. O corregedor inclusive está preso, tem que perguntar a ele. Realmente acho que a Casa poderia ter dado celeridade, mas não depende só do deputado André Lazaroni, que é presidente do Conselho de Ética. A gente só instrui, não fazemos investigação - justificou Lazaroni.
Relator do processo de cassação, Marcos Muller (PHS) afirmou que não concluiu o relatório porque está “pedindo informações”. E acrescentou: “Não demorou demais não (para analisar o pedido de cassação). Está sendo feito tudo dentro dos trâmites legais, pedi para marcar a sessão no dia 22. Eu pedi prorrogação, andei meio doente. A Casa, aqui, nós queremos transparência”, garantiu o parlamentar. (S.M.) (A.N.)

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