Deam solicita imagens de câmeras para apurar caso de agressão na Câmara
Catarine Barreto e Rodrigo Gonçalves 23/10/2023 11:47 - Atualizado em 24/10/2023 21:31
Confusão durante a audiência (Foto: Genilson Pessanha)
Confusão durante a audiência (Foto: Genilson Pessanha)
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), em Campos, informou nesta segunda-feira (23) que irá solicitar as imagens câmeras de segurança da Câmara de Vereadores, para auxiliar nas investigações de denúncia apresentada pela coordenadora do Centro Pop, Maria Júlia Eccard, que alega ter sido agredida por seguranças do Legislativo durante um tumulto ocorrido em uma audiência pública realizada na última sexta-feira (20). Nesta segunda, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PP), publicou um vídeo em suas redes sociais falando sobre o caso. O presidente da Câmara de Campos, Marquinho Bacellar (SD), também usou a internet para se posicionar, inclusive rebatendo o prefeito. 
Também nesta segunda, a Câmara Municipal informou, por meio de sua assessoria, "que se antecipou aos fatos e entregou os vídeos do circuito interno de câmeras para a Deam. Todas as informações solicitadas pela delegacia, para apurar as denúncias de agressão, também serão concedidas. Internamente, as imagens também estão sendo analisadas e os funcionários envolvidos já foram ouvidos. Até o momento não foram encontradas imagens de agressão por parte dos funcionários da Câmara, o que desmonta a tese sustentada pela autora do boletim de ocorrência. A Câmara aguardará as investigações das autoridades competentes e continuará à disposição contribuindo para que os fatos sejam elucidados", diz a nota.

Segundo Maria Júlia, um dos agentes fechou o portão e a machucou. Em seguida, já no plenário, a servidora falou que iria registrar um boletim de ocorrência pela agressão que disse ter sofrido. Um registro de ocorrência foi registrado no final da noite ainda de sexta-feira (20), na Deam, como lesão corporal. No boletim aparecem duas vítimas, mas a outra mulher não teve sua identidade divulgada.
Maria Julia mostrou marcas no corpo
Maria Julia mostrou marcas no corpo / Reprodução rede social
Nesse domingo (22), Maria Júlia chegou a postar em suas redes sociais algumas fotos mostrando hematomas pelo seu corpo. E escreveu a seguinte frase: "Esses são alguns dos hematomas que estou pelo corpo depois da agressão de sexta-feira. Dói ter que ouvir que sou mentirosa, barraqueira ou oportunista. Para que não se repita, e que nenhuma mulher seja agredida e silenciada".

A Deam Campos informou apenas que "as vítimas foram encaminhadas para exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). As investigações estão sendo feitas pela Equipe de Inquérito da Deam Campos e as câmeras serão solicitadas nesta segunda”.

Na sexta, a Câmara chegou também a emitir uma nota falando sobre a confusão generalizada no início da audiência. “A Câmara Municipal de Campos confirma que suas dependências foram invadidas no início da tarde. A Polícia Militar e a segurança da Casa foram acionadas para conter as pessoas que tentaram entrar no plenário Álvaro Lopes Vidal, sem estarem inscritas para a audiência pública”, disse.
Nesta segunda, o prefeito Wladimir Garotinho falou em vídeo sobre o caso. Ele se solidarizou com a coordenadora do Centro Pop e afirmou que irá acionar o Ministério Público para que as medidas necessárias sejam tomadas.
— Pessoal, estou gravando esse vídeo, algumas pessoas acharam que eu nem deveria gravar, mas não consigo me manter em silêncio depois das fotos que recebi da Maria Júlia, conhecida como Maju, com várias marcas roxas pelo corpo depois da agressão que ela sofreu numa audiência pública na Câmara de Vereadores. Maju é funcionária da Prefeitura, é coordenadora do Centro Pop, um local público da Prefeitura que cuida de pessoas em situação de rua. Ela estava inscrita para falar na audiência pública e foi agredida por funcionários da Câmara de Vereadores. Maju, você não está sozinha. Conte com meu apoio, conte com meu carinho. Isso não vai ficar assim. Nós vamos acionar o Ministério Público, você já foi a Deam, já prestou depoimento e tenho certeza que as medidas serão tomadas — relatou o prefeito.
Wladimir também relembrou casos envolvendo a primeira-dama Tassiana Oliveira — cujas desculpas públicas foram pedidas por Rodrigo Bacellar à própria Tassiana e ao prefeito — e um ataque a sua mãe, Rosinha Garotinho, que ao se sentir agredida moralmente e ameaçada em um vídeo gravado pelo ex-vereador Marcos Bacellar, em agosto deste ano, registrou ocorrência na Deam. O patriarca dos Bacellar admitiu, na ocasião, que passou do ponto e pediu desculpas.
— Infelizmente, Maju, esse grupo de pessoas tem essa mania de agredir e atacar mulheres. Minha esposa já foi vítima de agressão verbal e psicológica, minha mãe também já foi vítima de agressão verbal e psicológica, e agora você de agressão verbal e física por esse grupo de pessoas. Então, conte com o meu apoio, com a minha solidariedade, e pode ter certeza que isso não vai ficar assim — relembrou o prefeito.
O presidente da Câmara se manifestou, também nesta segunda-feira, em relação ao vídeo do prefeito e também sobre a denúncia de agressão. "Como presidente da Câmara, faço questão de me posicionar e falar que os fatos investigados pela polícia, também estão sendo apurados internamente. Já entregamos os vídeos para a DEAM. Assim, todas denúncias de agressão, inclusive contra os funcionários da Casa, poderão ser apuradas. No entanto, eu e a população, seguimos aqui aguardando um posicionamento do prefeito quanto a denúncia de funcionários fantasmas, feita pelos deputados", escreveu Marquinho junto ao vídeo que publicou, no qual dá mais detalhes sobre o caso.
— Cheguei aqui na capital para cumprir uma agenda por aqui e recebi de várias pessoas um vídeo do prefeito em que mais uma vez usa de uma bandeira política para abafar sua má administração prefeito. O que houve na Câmara foi uma audiência pública de grande sucesso em todo o estado do Rio de Janeiro, onde os deputados convidados receberam uma denúncia e foram até o HGG e comprovaram o que a gente vem falando há tempo. Existem RPAs fantasmas da Prefeitura de Campos — falou Marquinho citando o caso de um médico da Bahia que receberia da Prefeitura sem prestar os plantões.
Marquinho também se manifestou sobre a denúncia de agressão contra os seguranças da Casa. “Se houve algum excesso por parte de algum funcionário da Câmara, será punido administrativamente, se comprovado. As imagens estão sendo enviadas à Delegacia da Mulher, assim como ao Ministério Público, e vão comprovar que não houve agressão por parte de nenhum vigilante da Câmara. O que houve, sim, foi uma agressão, uma agressão da Maria a um vigilante da casa e uma agressão de vários militantes do senhor há outros vigilantes que se encontravam na Câmara. Então prefeito, o que a gente precisa saber de você e a funcionários fantasmas na prefeitura de Campos? Você não fez um vídeo, não deu uma declaração até agora sobre a investigação dos deputados. Você vem falar de agressão a mulher mais uma vez para desviar o foco, a agressão à mulher não seria deixar uma mãe a madrugada inteira no hospital buscando atendimento por seu filho e não conseguir? Agressão à mulher não é deixar uma mãe sem o leite especial para seu filho?”, questionou Marquinho.

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