Faltou a consciência para o poeta saber que, na verdade, era mais uma mercadoria na estante da livraria, mas uma mercadoria que pensa que critica que fala que desassossega
Afinal o texto é um conjunto de repetições do que o mundo já viu sendo vendidas como se novas
Nada é inédito no conjunto de atualidades
E assim vivemos a ilusão da novidade, enquanto nos estupefazemos com aquilo que já existe há quase um século
Talvez sejamos nós mesmos as mercadorias que queremos consumir
que queremos inventar para então deglutir
O sol nasce mal se dissipa a caligem que torna o céu fumê e já consumimos desde o tocar do des(es)pertador
E assim seguimos E assim comemos E assim dormimos esperando o consumo final
Estilhaço Destrilado Descompasso Destinado
Esperamos compulsivamente do cadafalso ouvir o anúncio do que iremos (ser) consumir
Somos uma tendência uma efemeridade uma decadência na descartabilidade da existência
Somos moeda sem lastro
Somos o lixo que só se degrada - ou tem consciência disso - passados milhares de anos em constante deterioração
*Presidente da Academia Campista de Letras. **Este texto compõe a obra “poesia simulada: blefes, ironias e fake", que está em pré-venda pelo site www.benfeitoria.com/poesiasimulada.