Bacellar muda chapa para enfraquecer candidatura de Jair na Alerj
Rodrigo Gonçalves 31/01/2023 16:21 - Atualizado em 31/01/2023 19:22
Rodrigo Bacellar e Cláudio Castro
Rodrigo Bacellar e Cláudio Castro / Divulgação
Com a disputa cada vez mais acirrada pela presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), após o anúncio da candidatura alternativa de Jair Bittencourt (PL), o deputado estadual licenciado e secretário de Governo, Rodrigo Bacellar (PL), que até então figurava como candidato único, agora está articulando por uma nova composição da sua chapa para evitar perder mais aliados na eleição que vai acontecer nesta quinta-feira (02).
Segundo o jornal O Dia, na primeira secretaria, sai Rosenverg Reis (MDB), partido que só tem dois deputados na Casa para 2023, e entra Dr. Deodalto do PL que, apesar de ter 17 eleitos para o novo mandato e ser o partido de Rodrigo e Jair, não vinha satisfeito com o pouco espaço em cargos de relevância na futura mesa e comissões.
A promessa de entregar o cargo que funciona como uma espécie de prefeitura do legislativo a um representante de uma bancada de apenas dois deputados causou muito incômodo. Na composição original, o partido de Claudio Castro (PL) ocupava apenas funções geralmente secundárias.
Segundo a colunista Berenice Seara do “Extra”, nove dos 17 deputados estaduais do PL assinaram, na tarde desta terça-feira, um manifesto em apoio à candidatura de Jair Bittencourt à presidência da Assembleia Legislativa. Figuram a lista, Doutor Serginho, Douglas Ruas, Anderson Moraes, Filipe Poubell, Jair Bittencourt, Márcio Gualberto, Célia Jordão, Thiago Gagliasso e Samuel Malafaia. Como formam maioria, os nove têm a liderança do partido, e têm o poder de decidir quem integrará as comissões da Assembleia.
A avaliação nos bastidores é que ainda serão necessárias mais alterações para acalmar os ânimos em torno de uma chapa única e de mais apoio do PL. Os insatisfeitos com Rodrigo queriam também mudança na indicação à primeira vice-presidência, que tem o nome de Pedro Brazão (União), como o preferido do Palácio Guanabara, mas uma reunião nesta terça por um nome de maior consenso, acabou não representando mudança.
Outra demanda debatida na reunião foi a substituição de Rodrigo Amorim (PTB), que tem articulado para si a presidência da Comissão de Constituição e Justiça — a mais importante da Casa. Ele tem grande rejeição entre os deputados da esquerda, em especial do PSOL, que estará na Alerj com cinco representantes, que aparecem nos bastidores como peças importantes para definição da disputa.
Em agosto do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro aceitou denúncia contra o deputado Rodrigo Amorim pelo crime de violência política de gênero. Em maio do mesmo ano, durante sessão ordinária na Alerj, em uma discussão com a deputada Renata Souza (PSOL), ele se referiu à vereadora trans de Niterói, Benny Briolly (PSOL), como “boizebú, e disse “que ela seria uma aberração da natureza”.
O PSOL pode fazer a diferença, porque tanto o lado de Jair Bittencourt como o de Rodrigo Bacellar afirmam estar com os números a seu favor. Nessa segunda, foi ventilado que cada lista teria ao menos 40 aliados, quando só há 70 deputados estaduais.
Rodrigo não tem dado declarações públicas sobre o impasse, mas publicou na manhã desta terça-feira uma mensagem nas sua redes sociais. "Vamos em frente com humildade, diálogo e muito trabalho", postou.
O racha no PL, provocado pela disputa de Bacellar e Jair, pode refletir, inclusive, no secretariado de Cláudio Castro, nomeado no início do ano. Nessa segunda-feira (30), a ala da qual o presidente estadual do PL, Altineu Côrtes faz parte, entregou o cargo de Jair Bitencourt na secretaria de Agricultura e também os comandos da Educação e Ciência e Tecnologia, onde estão, até então, Patrícia Reis e Dr. Serginho, ambos ligados a Côrtes.
Nos bastidores, o governo considera que conseguirá contornar a crise e manter a base unida após a eleição na Alerj, mas os deputados que endossaram a candidatura de Bittencourt tratam como irreversível o racha com Bacellar, e consideram natural a perda dos cargos se Castro mantiver sua preferência.
A equipe de reportagem da Folha entrou em contato com o Governo do Estado para saber mais detalhes das possíveis mudanças e aguarda retorno.
*Com informações do jornal O Dia e O Globo

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