Nos bastidores, o governo considera que conseguirá contornar a crise e manter a base unida após a eleição na Alerj, mas os deputados que endossaram a candidatura de Bittencourt tratam como irreversível o racha com Bacellar, e consideram natural a perda dos cargos se Castro mantiver sua preferência.
— Ele é o governador e faz o que achar que deve fazer. Se ele quiser ocupar os espaços de quem está divergindo, ele ocupa. Ninguém do PL está contra o governo, mas também não estamos aqui por cargos, nem para passar por falta de respeito ou humilhação — disse Altineu ao jornal O Globo.
A insatisfação de integrantes do PL com Bacellar, que ingressou no partido no ano passado para acompanhar a filiação de Castro, atingiu seu ápice com a movimentação do deputado para indicar Rodrigo Amorim (PTB) à presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A principal comissão da Casa, pela qual passam praticamente todos os projetos de lei, tradicionalmente fica com o partido de maior bancada – no caso, o próprio PL, que elegeu 17 deputados de um total de 70 que integram a Alerj. A cúpula do PL fluminense considerou a escolha de Amorim um “escândalo político”, motivado por uma “proximidade pessoal” com Bacellar.
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Amorim, embora seja o único deputado do PTB, foi insuflado por um bloco de 13 deputados formado por aliados de Bacellar de oito partidos. O movimento também irritou o União Brasil, segunda maior bancada da Alerj, com oito deputados, que considerou o bloco dos “nanicos” uma tentativa de Bacellar de driblar a preferência da sigla por comissões e vagas na Mesa Diretora.
— Não somos oposição ao governador. Foi uma conversa civilizada. Estamos alertando há tempos que a postura do Bacellar está levando o governo ao caos. Ele (Castro) tenta resolver, mas o Bacellar vai lá e descumpre tudo depois — relatou Bittencourt após comunicar a Castro sua candidatura.
No final de 2022, o PT chegou a sinalizar apoio a Bacellar, mas a aliança começou a desandar depois que o partido foi ignorado em seu pleito para assumir a primeira-secretaria da Alerj, considerado um cargo estratégico por gerir recursos da Casa. O partido pretendia emplacar Andrezinho Ceciliano, deputado eleito e filho do atual presidente da Alerj, André Ceciliano, que está encerrando o mandato. Posteriormente, Bacellar acenou com uma das quatro vice-presidências ao PT, mas lideranças do partido consideram que houve quebra de confiança porque o candidato governista “promete o mesmo cargo para mais de uma pessoa”.
Ainda de acordo com o jornal O Globo, Bacellar deve manter o apoio de uma parte da bancada do PL. Na segunda-feira, ele recebeu o endosso dos deputados Dr. Deodalto e Valdecy da Saúde, ambos do PL, e de Val Ceasa (Patriota). Outro que promete apoio é o MDB, do ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, cujo irmão, Rosenverg, foi indicado por Bacellar para a primeira-secretaria em sua chapa. Reis criticou a candidatura de Bittencourt.