Bastidores da Alerj exigem mais de Bacellar para ser único na disputa à presidência
Rodrigo Gonçalves 30/01/2023 17:07 - Atualizado em 30/01/2023 17:36
Rodrigo Bacellar
Rodrigo Bacellar / Divulgação
Dada como certa a disputa em chapa única, encabeçada pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar (PL), a eleição para a presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) pode acabar não sendo mais uma unidade após algumas movimentações nos bastidores, mas é quase nula a chance de Bacellar não ser eleito.
Os deputados tomam posse na próxima quarta-feira (1º), às 15h, no Plenário Barbosa Lima Sobrinho, do Palácio Tiradentes, antiga sede da Alerj. No dia seguinte, eles elegem a mesa diretora em sessão, também, no mesmo horário.
As movimentações atribuídas ao próprio Bacellar na escolha de nomes para a sua chapa e na distribuição dos cargos de maior relevância na Alerj, entre os mais próximos a ele e ao governador Cláudio Castro (PL), estariam gerando insatisfação e até motivando articulações por uma candidatura alternativa envolvendo deputados de esquerda, de centro e alguns insatisfeitos de direita.
A chapa está esquentando e as próximas horas vão ser decisivas na formação dos nomes que vão para a disputa da mesa diretora.
Apoio do interior, mas Carla Machado é dúvida 
Bacellar e Wladimir com os deputados Chico Machado e Bruno Dauaire
Bacellar e Wladimir com os deputados Chico Machado e Bruno Dauaire / Genilson Pessanha
Dos deputados eleitos na região, Bruno Dauaire (União), Jair Bittencourt (PL), Thiago Rangel (Podemos), Chico Machado (Solidariedade) e Carla Machado (PT), esta última foi a única que não declarou seu voto a Bacellar, apesar de André Ceciliano, atual presidente da Alerj, também do PT, já ter afirmado em entrevista à Folha que o partido deve orientar o voto em Rodrigo. O PT deve ficar com a cobiçada Comissão de Educação, presidida pela deputada de primeiro mandato Élika Takimoto. Já na mesa diretora o partido deve ocupar um lugar com Andrezinho Ceciliano.
Após a posse, Bruno volta à secretaria estadual de Habitação, onde foi nomeado no início do ano em uma articulação pela pacificação entre Rodrigo Bacellar e o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, costurada por Cláudio Castro. Já Chico Machado (Solidariedade), macaense com raízes em Campos, é o substituto declarado de Bacellar na secretaria de Governo, como a Folha já mostrou algumas vezes. Jair Bittencourt, que chegou a ser um dos possíveis candidatos ao comando da Assembleia, assumiu a pasta da Agricultura, para onde volta após a posse do dia 1º.
O deputado eleito Thiago Rangel, que já declarou seu voto a Rodrigo, dizendo ser um orgulho como campista votar em um campista para a presidência da Alerj, também deve ganhar mais força na Assembleia. O Podemos/PSC, partido dele, que tem outros dois deputados eleitos, se uniu aos três do Republicanos; aos três do Solidariedade; mais a Rodrigo Amorim, do PTB; Jorge Felippe Neto, do Avante; Júlio Rocha, do Agir; e Fred Pacheco, do PMN; para ocupar, segundo os critérios de proporcionalidade previstos no regimento interno da Casa, mais espaços nas comissões permanentes e nas CPIs a serem instaladas.
O conglomerado partidário deve beneficiar diretamente Rodrigo Amorim, também aliado de Bacellar, para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa. Vale lembrar que quando veio prestigiar a posse do irmão na Câmara de Campos, Rodrigo chegou à Casa acompanhado justamente dos deputados estaduais Chico Machado e Rodrigo Amorim, mostrando o quão próxima é a relação deles.
Voltando à incerteza de Carla, o Blog enviou mensagem para ela para saber sobre o seu posicionamento na eleição e aguarda retorno. A dúvida do voto em Rodrigo remete à polêmica da eleição para a presidência da Câmara de São João da Barra, quando Alan de Grussaí (Cidadania) foi eleito, contrariando um acordo que a base, até então ampla maioria na Casa, tinha feito com a então prefeita Carla Machado. Elísio Rodrigues (PL), que era o presidente, escolheu um nome perto dele e não o que Carla queria. Durante reunião com aliados, após a derrota, a ex-prefeita deixou clara sua insatisfação com Rodrigo Bacellar, a quem creditou o apoio à manobra de Elísio e Alan.
Há quem diga que isso foi o despertar de Carla, que logo colocaria Caputi no seu lugar, e lançou seu nome à disputa da Alerj para mostrar sua força e ser eleita, como forma também de enfraquecer a campanha de vários deputados que buscam votos em SJB.
Confiante 
Agora, é esperar o dia 2 e ver como se definirá a disputa. Segundo Rodrigo Bacellar, “a expectativa é a melhor possível”.
— Vamos seguir trabalhando por todo o estado, mas com o coração no interior. É um momento especial. A gente olha para trás e lembra de tudo que conseguimos realizar em quatro anos. Entramos com o Estado do Rio em situação muito difícil, contribuímos para a retomada e tivemos o nosso mandato renovado para mais quatro anos — declarou.
Sem a presença do atual presidente, André Ceciliano (PT), que concorreu a uma vaga no Senado, não se elegeu e vai estar no governo federal, a sessão para a escolha do novo presidente deve ser comandada pelo deputado com mais mandatos na Casa. Caberá a condução, então, ao deputado Carlos Minc (PSB), que está na Alerj desde 1986, em seu sexto mandato consecutivo.

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