Cultura campista sob nova gestão
Matheus Berriel - Atualizado em 08/01/2021 16:16
Auxiliadora Freitas e Fernanda Campos no Palácio da Cultura
Auxiliadora Freitas e Fernanda Campos no Palácio da Cultura / Supcom
A Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) segue tendo uma mulher como protagonista. Após a presidência de Cristina Lima durante o mandato de Rafael Diniz na Prefeitura de Campos, a escolhida pelo prefeito Wladimir Garotinho para ocupar o cargo foi a professora Auxiliadora Freitas, tendo como vice a professora e atriz Fernanda Campos. Entre projetos e desafios da pasta, o primeiro movimento após a mudança de equipe foram as críticas por parte de Auxiliadora à obra do Palácio da Cultura, inaugurado no penúltimo dia da gestão Rafael Diniz.
— Recebi com muito entusiasmo o convite de Wladimir para presidir a Fundação, porque é o reconhecimento do trabalho realizado quando estive nas presidências da extinta Fundação Teatro Municipal Trianon e da Comissão de Educação e Cultura na Câmara dos Vereadores, na qual coordenei e ajudei a construir a nova lei Orgânica do Município nas partes da Educação e Cultura. A nossa motivação em aceitar o convite foi por entender que Cultura e Educação são os dois lugares mais sagrados de uma cidade. E este entendimento me fez aceitar este novo desafio na nossa história na causa pública — disse Auxiliadora.
A passagem pela presidência da Fundação Trianon se deu durante o governo Rosinha Garotinho. Ex-vereadora, Auxiliadora também já foi secretária de Educação e Cultura, coordenadora estadual de Ensino e, enquanto esteve na Câmara, integrou o Conselho Municipal de Cultura. Já a sua vice, Fernanda Campos, é professora de história, pós-graduada em literatura, memória cultural e sociedade, formanda em letras: português/literatura, e atriz de teatro.
— O segmento cultural é muito atuante e participativo nas discussões da estruturação das políticas da cultura de nosso município. Temos uma classe artística vigorosa e potente, e isto é muito bom. Acredito na participação de todos na reconstrução da cultura ao seu lugar de destaque. Esta é a nossa meta e sonho — afirmou Auxiliadora Freitas. — No entanto, diante do que já observamos nas visitas realizadas a 80% dos equipamentos culturais, percebemos o descaso e o desrespeito com nosso patrimônio histórico, cultural e artístico. Esse será inicialmente o maior desafio. Infelizmente, a população terá que aguardar um pouco mais para ter de volta o Palácio da Cultura. Outra meta a ser alcançada será implantar o Plano Municipal de Cultura, bem como o plano de governo que foi aprovado pela população com a eleição do Prefeito Wladimir Garotinho — pontuou.
Entrevistado nessa sexta-feira (8) no Folha no Ar - 1ª edição, da Folha FM 98,3, o professor, historiador e escritor Aristides Arthur Soffiati citou uma dificuldade estrutural na promoção da cultura em Campos. Sem fazer julgamento prévio, ele sugeriu que Auxiliadora atue no intuito de superar a chamada “política de eventos”.
— Não posso fazer uma avaliação prévia, porque ainda não vi a Auxiliadora em movimento neste mandato de Wladimir. Acho conveniente aguardar um pouco mais para saber o que vai acontecer daqui para frente em termos de Cultura — disse Soffiati. — É necessário fazer alguma coisa que de fato seja construtiva. Não uma coisa de perfumaria. Fica a cobrança — acrescentou.
Palácio da Cultura — As críticas da nova presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima à obra do Palácio da Cultura, que estava fechado desde 2013 e foi reaberto em 30 de dezembro, foram feitas após visita ao prédio na última quarta (6).
— Constatei, com tristeza e perplexidade, o estado em que se encontra um espaço tão importante. Vimos um Palácio da Cultura sem condições de uso, que, na verdade, foi modificado de forma irregular em sua reforma recente de maquiagem do prédio, alterando suas caraterísticas. Já estamos providenciando um relatório que será entregue ao prefeito Wladimir Garotinho, que em breve visitará o espaço — enfatizou Auxiliadora, listando situações de abandono no auditório Amaro Prata Tavares, no subsolo e no Pantheon dos Heróis Campistas.
Ouvida pela Folha, a agora ex-presidente da Fundação Cultural, Cristina Lima, alegou que as partes citadas não faziam parte do contrato da obra, orçada em R$ 1,2 milhão. O Palácio da Cultura foi reformado graças a um acordo judicial, sem custos para a Prefeitura, com valor total pago pela empresa responsável pela demolição do antigo Casarão Clube do Chacrinha, que ficava localizado à esquina das ruas 13 de Maio e Saldanha Marinho.
— Durante todo o período da obra, sempre houve muita transparência no sentido de que o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) não incluía algumas partes do prédio, que são o auditório, os porões e o Pantheon. Quanto ao que foi citado a respeito de descaracterização, relacionado a um banheiro e a uma parede que não seriam originais do prédio, foram coisas que já encontramos antes da obra. Fizemos apenas a reforma e a conclusão do projeto, para que o prédio fosse reaberto depois de tanto tempo. Nunca dissemos que o Palácio estava pronto. Caso tenha faltado algo, penso que possa ser algum item pontual facilmente resolvido. Mas, cumprimos com o que sempre conversamos com a população, especialmente com a classe artístico-cultural, que foi a reabertura do Palácio da Cultura dentro das possibilidades presentes no TAC — comentou Cristina Lima. — Todo o processo foi acompanhado pelo Conselho Municipal de Cultura, com visitas de conselheiros ao prédio e uma reunião presencial com o prefeito Rafael Diniz, em que ficou acordada a garantia do protagonismo cultural no prédio — ressaltou.

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