Muitos ainda questionam a existência ou não de Deus, talvez pela dificuldade de as pessoas entenderem que, mesmo na dor, Ele está ali. Não há ser invisível mais visível, presente e facilmente identificável que Deus. Na mão que impede um tombo inevitável ou aquela que te consola na queda. Na mãe que acorda no meio da noite e salva seu filho ou no sorriso da criança que acalenta uma mãe que perdeu seu fruto. No sol, na chuva, na lágrima ou na risada, sempre é possível perceber Deus; basta a gente ter os tais olhos para enxergar.

Mas este não é um texto religioso ou de tentativa de convencimento sobre crenças e convicções. Este é um texto sobre o final de ano, sobre o final de uma era. Dizer que 2020 foi um ano difícil é, com certeza, tentar minimizar perdas, lágrimas e medos tão presentes nestes 365 dias. A pandemia talvez tenha sido o ápice de um tempo que já não vinha muito bem. Quantas pessoas que você conhece muito morreram neste 2020? Não posso contar quantas e quantas vezes chorei a perda de alguém este ano. Pessoas que não eram família de sangue, mas de amor.

Independente de idade — porque algumas pessoas parecem que encaram a morte de outras com benevolência por serem idosos. Não é assim. A morte é o caminho de todos, ok. Mas respeitar e preservar o próximo são deveres de todos nós. Saber que algo próximo ao “normal— só poderá acontecer com vacinação em massa — quando chegará para nós, Senhor? —, também é nosso dever.

A pandemia parece que será um divisor de águas. Muito mais que o ano que termina nesta quinta-feira (31), a pandemia, que ainda irá durar em 2021, encerra uma era. Dizem que chegará a Era de Aquário — para quem acredita. Mas, a informação é até um alento para quem não é muito fã de astrologia (mas está pesquisando no Google agora rsrsrs). Este novo tempo significaria interesse pelas questões do “coletivo” e que motiva a ação e participação no “mundo lá fora”, responsabilidade e cooperação para si e para os outros. Tomara.

Precisamos de esperança em um tempo novo, em mudanças externas, sem esquecermos que elas não acontecem se não mudarmos internamente. Então, neste texto que não é religioso, científico ou exotérico, mas tenta sintetizar a loucura que vivemos neste 2020, desejo a você e à sua família o que desejo a mim e à minha família: lucidez e equilíbrio para aguentar novos dias, ainda com esta carga toda. Saúde. A felicidade de ainda estar com quem se gosta e a bênção de estarmos vivos. E um tempo mais útil, aproveitando os pequenos feitos. Se tem algo que aprendemos este ano é que não temos tempo a perder. Aproveite o seu. Feliz tempo novo!

“Não tenho mais

O tempo que passou

Mas tenho muito tempo

Temos todo o tempo do mundo...

Todos os dias

Antes de dormir

Lembro e esqueço

Como foi o dia

Sempre em frente

Não temos tempo a perder...”