Arquivo Nacional faz 183 anos e Arquivo de Campos corre perigo
03/01/2021 20:30 - Atualizado em 03/01/2021 20:34
Ontem (2), tomei conhecimento, através de uma postagem do historiador Carlos Freitas, no grupo de WhatsApp do programa Folha no Ar, da FolhaFM e do Blog Opiniões, do jornalista Aluysio Abreu Barbosa, sobre o aniversário do Arquivo Nacional (AN), comemorado naquele dia. O AN fez longos 183 anos. A Cultura faz parte do meu dia, tanto na atividade jornalística, quanto nos projetos que estou envolvido. Mas, sinceramente, não havia me atentado pela data.
A Folha da Manhã noticiou ontem o furto no Museu Olavo Cardoso (MOC), localizado no centro de Campos, que encontra-se fechado há anos. Eu e o jornalista Matheus Berriel começamos a apuração tão logo tomamos conhecimento sobre a ocorrência, e escrevemos a matéria (confira aqui). Conversei com várias pessoas e representantes da cultura do município. O roubo aconteceu no início da semana, e o MOC sequer tinha um diretor ou diretora nomeado ou nomeada, apesar do que representa e do que havia em sua guarda. Estamos em um momento de transição de governo e sigo apurando para obter acesso à relação completa do que havia efetivamente no acervo antes e depois do furto. A pauta ainda está muito viva, pela sua importância.
Uma das pessoas que consultei e que sempre defendeu arduamente os equipamentos culturais de Campos, foi Rafaela Machado, que é diretora do Arquivo Waldir Pinto de Carvalho, equipamento cultural que conta com uma equipe aguerrida, mas com fragilíssima estrutura para trabalhar. Tiverem energia cortada diversas vezes nesse ano que passou, cortes na equipe e falta de segurança.
Wladimir Garotinho, prefeito que tomou posse no último dia primeiro, escolheu Auxiliadroa Freitas para a FCJOL. O seu plano de governo, durante a campanha de 2020, foi analisado por alguns representantes da cultura campista.
Wladimir Garotinho, prefeito que tomou posse no último dia primeiro, escolheu Auxiliadroa Freitas para a FCJOL. O seu plano de governo, durante a campanha de 2020, foi analisado por alguns representantes da cultura campista. / Edmundo Siqueira
O Arquivo Nacional dos Estados Unidos da América, tem sua segurança feita pelo FBI, a Polícia Federal americana. Aqui no Brasil, a guarda é terceirizada e diminuída nos equipamentos culturais — ou deixa de existir — quando há corte de orçamento. Lá, existem exposição permanente da Declaração de Direitos, da Constituição, e da declaração da Independência. São documentos de formação da identidade americana. São visitados constantemente por estudantes, formando uma geração que se importa com a História do país.
O Arquivo Nacional brasileiro, que é detentor da Lei Áurea, das Constituições Brasileiras, do Processo de Condenação de Tiradentes, da Fundação do Banco do Brasil em 1808, e de outros tantos documentos, também deveriam formar identidade. Mas, a maioria esmagadora dos brasileiros, sequer sabe que eles existem. Assim como os campistas não sabem o que existe no Arquivo, no Museu Histórico, nos porões do Palácio da Cultura, ou mesmo quem está em seu Pantheon.
E nunca vai saber o que havia no Museu Olavo Cardoso. A instituição teve seu acervo subtraído, sob a “proteção” da prefeitura. Acervo que poderia estar sob a guarda de outro aparelho em atividade, como o Museu Histórico, com direção de Graziela Escocard, ou ainda no Arquivo, que Rafaela e equipe protegem apesar da falta de apoio. Escolhida para a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), a professora Auxiliadora Freitas precisará se esforçar bastante para que o que foi feito até aqui, com muito esforço das equipes desses instrumentos culturais, seja ao menos preservado.
Não queremos a proteção do FBI nos nossos equipamentos culturais. Mas, ao menos, devemos exigir que nossa história seja preservada, para que uma identidade campista seja criada e nosso Arquivo também possa fazer 183 anos.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

    Sobre o autor

    Edmundo Siqueira

    [email protected]