Retrospectiva 2019: os destaques na área cultural de Campos
28/12/2019 23:52 - Atualizado em 08/01/2020 14:00
Reconhecimento a Diva e Yve
Diretora-presidente do Grupo Folha e ator (in memoriam) serão homenageados com maior honraria da cultura campista
Diva Abreu Barbosa e Yve Carvalho
Diva Abreu Barbosa e Yve Carvalho / Fotos: Folha da Manhã
Idealizadora do Prêmio Alberto Lamego enquanto chefe do Departamento Municipal de Cultura, equivalente à atual Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), em 1987, a historiadora e empresária Diva Abreu Barbosa, diretora-presidente do Grupo Folha de Comunicação, será a pessoa homenageada na próxima edição da maior honraria da cultura em Campos, referente a este ano. Além de Diva, o prêmio também será concedido in memoriam ao ator e professor Yve Carvalho, morto no ano passado. A escolha dos nomes se deu em novembro, em reunião do Conselho Municipal de Cultura no Teatro Trianon, e a entrega dos troféus acontecerá dia 28 de março de 2020, às 20h, no Teatro de Bolso Procópio Ferreira .
— Fiquei até emocionada. Meu tempo, hoje, não é tão dedicado a eventos, a estudos, à historiografia, à literatura... Um dia fui poeta, fui compositora. Mas, fico feliz por ter participado um pouco dos caminhos de efervescência da cultura de Campos. Todo mundo que é homenageado fica feliz — disse a homenageada Diva Abreu Barbosa.
No dia 11 deste mês, Diva foi uma das entrevistadas do Folha no Ar — 1ª edição, da Folha FM 98,3. Na ocasião,
— Vejo muita gente em Campos de qualidade literária, qualidade artística. Agradeço, claro, porque, se a gente criou isso, foi porque acha importante. Mas, eu dividiria isso com a ópera de Campos. Sou apenas uma passagem, uma pessoa que teve a ideia. Agora, acho incrível. Não vou ser tão falsa: claro que o ego da pessoa... Eu agradeço, mas divido com quem produz — reforçou na ocasião: — Estou feliz, sim, mas acho que muita gente ainda precisa ser homenageada. Principalmente porque tem o pós-morte.
Na mesma edição do programa, também foi entrevistada a atriz Lúcia Talabi, representando o amigo, ator e professor Yve Carvalho.
— O Yve era intenso como ser humano e como ator. Levava isso para a cena. Ele amava o teatro. Desde muito cedo, se encantou pelo teatro. Essa foi a nossa identidade. Quando a gente se encontrou, ali começou toda uma irmandade, porque a gente sabia que existia um propósito nosso: a defesa por esse lugar que a gente não se importava em saber quanto tempo você estava ali trabalhando; era coisa mesmo de paixão, amor. O palco para ele era uma coisa importante. Para muitos, parecia ser o Yve exibido. Não: ele brincava muito com isso. Mas, levava muito a sério. As pessoas morrem. Mas, quando não morrem dentro da gente, para mim continuam vivendo. Muitas vezes vou falar do Yve como se estivesse do meu lado. E está. Ele está comigo — afirmou Lúcia.
Feijoada e Folha Seca mantêm a tradição
 
 
Em mais de 40 anos de história, a Folha da Manhã carrega como um dos seus princípios a promoção cultural em Campos e região. A tradição foi mantida em 2019, com a realização da 28ª Feijoada da Folha e a entrega do 20º Troféu Folha Seca, que neste ano homenageou o compositor e cantor campista Aluísio Machado.
Tendo como tema o centenário de nascimento do cantor, instrumentista e compositor Jackson do Pandeiro, a 28ª Feijoada da Folha aconteceu em 26 de maio, no Espaço Versailles, reunindo lideranças políticas, empresariais, sociais e comunitárias.
— Fazer essa festa é uma forma de agradecer por tudo aquilo que a Folha construiu. Na verdade, a gente constrói para o cliente, o assinante, o telespectador e o ouvinte. Esse abraço que a região nos dá, representa muito e merece esse nosso muito obrigada — disse na ocasião a diretora-presidente do Grupo Folha, Diva Abreu Barbosa.
No dia 05 de novembro foi a vez de homenagear Aluísio Machado no Teatro Municipal Trianon.
— É marcante. Eu agradeço toda a logística do jornal Folha da Manhã. Fico muito feliz, porque ser lembrado em vida é muito importante e gratificante — agradeceu ele.
A noite de entrega do troféu foi fechada com um Tributo a Tim Maia, feito pela Banda do Síndico.
Volta do Carnaval, ainda fora de época
Em ano marcado por contingenciamento de despesas por parte da Prefeitura de Campos, a cultura foi afetada. Mesmo ainda fora de época, o Carnaval voltou a ser realizado após dois anos sem acontecer. Em contrapartida, o poder público deixou de fazer o Festival Doces Palavras (FDP!), que só aconteceu graças a uma mobilização de produtores culturais da cidade.
Para o Festival de Samba, ocorrido nos dias 20 e 21 de agosto, dentro da Semana Municipal do Folclore, foram repassados R$ 500 mil à Associação dos Bois Pintadinhos de Campos (Aboipic). A verba foi dividida entre as 17 agremiações que desfilaram no Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop).
Madureira do Turf e Mocidade Louca foram as escolas de samba campeãs do Grupo Especial, com a Amigos da Farra, que desfilou sozinha, faturando o título no acesso. Entre os blocos, Castelo do Parque Aurora e Os Psicodélicos dividiram o título principal, enquanto o Teimoso do IPS festejou na divisão inferior. Os bois Jaguar e Guloso foram, respectivamente, os campeões dos grupos de bois pintadinhos.
Em sua terceira edição, o FDP! ficou ameaçado após a Prefeitura anunciar no início de outubro, após duas mudanças de datas, que não faria o evento bianual no mês seguinte, alegando não ter condições de arcar sozinha com os custos. Reuniões entre representantes de várias entidades culturais viabilizaram a descentralização do evento, que aconteceu durante pouco mais de um mês, em 16 espaços, com mais de 80 atividades.
Vilma Arêas fatura seu terceiro Jabuti
O ano que termina reservou boa notícia para a escritora Vilma Arêas, de 83 anos, campista residente em São Paulo. No dia 28 de novembro, ela conquistou pela terceira vez o Jabuti, mais tradicional prêmio de literatura no Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. Sua obra “Um beijo por mês” (Luna Parque Edições, 2018) foi escolhida vencedora na categoria de contos, a mesma em que Vilma já havia sido premiada com “A terceira perna” (Brasiliense, 1992). A campista também tem no currículo um Jabuti na literatura infantil, com “Aos trancos e relâmpagos” (Scipione, 1988).
De modo ágil, os textos de Vilma Arêas em “Um beijo por mês” abordam a violência social dos dias atuais em diálogo com a memória política do Brasil e do exterior.
— Ninguém pode escrever, eu acho, sem estar mergulhado no seu tempo presente. Tem muitas coisas em relação ao Brasil de hoje. Isso é importante. E faz uma relação também com tempos passados. Tem um conto sobre a ditadura em Portugal, eu estava lá naquela época. E ao mesmo tempo tem um espaço mais lírico também — explicou a campista.
Há três anos, Vilma Arêas foi homenageada pela Folha da Manhã com o Troféu Folha Seca, concedido a campistas de sucesso nacional e/ou internacional.

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