Para a FUP, aporte de US$ 20 bilhões é redução de investimento
03/01/2020 21:25 - Atualizado em 20/01/2020 17:14
Agência Petrobras/Divulgação
O anúncio de um aporte de US$ 20 bilhões pela Petrobras para os próximos quatro anos a fim de recuperar os campos maduros da Bacia de Campos representa uma retração de investimentos da estatal na região, avalia o coordenador nacional da Frente Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel. A notícia sobre os investimentos da estatal na região foi publicada pelo jornal O Globo na última quinta-feira com base em dados divulgados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan).
— A constatação que fica, no entanto, é de uma retração de investimentos na região. Em 2013, por exemplo, no seu Plano de Negócios, a empresa anunciou investimentos de quase US$ 50 bilhões entre 2013 e 2017, somente na exploração e produção de petróleo na área do pós-sal, sendo quase US$ 40 bi na Bacia de Campos. Ou seja, o esforço de investimento atual é quase metade daquele sinalizado pela empresa em 2013 e, inclusive, é inferior à cifra sinalizada por Pedro Parente, (ex-presidente) em 2017, dizendo que a empresa iria investir US$ 15 bilhões por ano na região. Mesmo assim os resultados na região são de forte retração da atividade econômica — afirmou.
Ainda segundo Rangel, o número mais chocante é a da queda de produção, que caiu de uma média de 1,8 milhão de barris por dia para quase 1,0 milhão de barris por dia em outubro de 2019. “A produção média de Roncador passou de 275,8, em 2014, para 190 mil barris por dia também no mesmo período de 2019. Em Marlin, Marlim Sul e Leste, a produção conjunta de petróleo passou de uma média de 540,06 em 2014 para 286,0 mil barris por dia, também em outubro de 2019”, analisou.
Segundo ainda o coordenador da FUP, estes resultados não se devem apenas a fatores naturais, mas principalmente à falta de investimentos das últimas gestões nos campos maduros de petróleo. “Estes campos são operados pela Petrobras e sua média de investimentos em 2016 e 2017 foram 60% menores do que a média dos investimentos de 2010 a 2015. Segundos as estimativas do Dieese, os investimentos da Petrobras de 2013 a 2018 reduziram 62% na Bacia de Campos, afetando principalmente a capacidade de recuperação da sua produção”.
Rangel concluiu citando dados de relatório da Goldman Sashs, "as taxas de declínio na Bacia de Campos continuam a atingir níveis elevados de 167,4 mil barris de óleo equivalente/dia (excluindo a venda de Roncador) e isso fica evidente ao se considerar que, mesmo a produção do pré-sal, que tem crescido em media 103,7 mil não tem compensado essa queda”.
Em resposta à Folha, a assessoria da Petrobras limitou-se a afirmar que os investimentos de US$ 20 bilhões estão dentro das expectativas de produção de 1 milhão de barris/dia no final do período de quatro anos”.
Preços do petróleo sobem depois do ataque
Os preços do petróleo saltaram nesta sexta-feira para seu maior nível em mais de três meses, depois de os Estados Unidos matarem o principal comandante militar iraniano no Iraque, gerando preocupações de que a escalada dos conflitos na região possa afetar as ofertas globais de petróleo.
Um ataque aéreo no aeroporto de Bagdá matou o major-general Qassem Soleimani, arquiteto da crescente influência militar do Irã no Oriente Médio, levando o líder supremo da República Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, a jurar vingança.
O petróleo Brent fechou em alta de 2,35 dólares, ou 3,6%, a 68,60 dólares por barril, após tocar máxima de 69,50 dólares na sessão, maior valor setembro, quando instalações petrolíferas da Arábia Saudita sofreram ataques.
Já o petróleo dos EUA avançou 1,87 dólar, ou 3,1%, para 63,05 dólares por barril. A máxima da sessão foi de 64,09 dólares, o mais alto nível desde abril de 2019.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que Soleimani planejava matar cidadãos norte-americanos.
As tensões entre EUA e Irã aumentaram no ano passado, quando Washington voltou a impor sanções contra Teerã, e foram exacerbadas por um ataque com mísseis e drones a instalações de petróleo da Saudi Aramco, pelo qual autoridades norte-americanas culparam o Irã.
A morte de Qassem Soleimani reacendeu as tensões, gerando preocupações quanto a um possível aperto na oferta de petróleo, embora o efeito do maior risco geopolítico permaneça incerto. Mas o mercado de futuros do petróleo já está começando a precificar um aperto das ofertas no curto prazo. (A.N) (P.R.P.P.)
 
 

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