"Pokémon: Detetive Pikachu"
08/05/2019 18:45 - Atualizado em 15/05/2019 20:22
O filme “Pokémon: Detetive Pikachu” estreia hoje nos cinemas de Campos e se constitui uma opção porque, até então, as salas estavam todas ocupadas com “Vingadores: Ultimato”, que continua em cartaz batendo recorde de bilheteria.
É importante lembrar que Pokémon é literalmente a maior franquia do mundo. O que começou simpaticamente em 1996 com Pokémon Red e Blue no Game Boy é hoje um império de estimados 90 bilhões de dólares. E por mais que a franquia não seja estranha às telonas (afinal os longa-metragens em anime são uma tradição anual desde 1998 e muitos já chegaram aos cinemas brasileiros) é curioso que com tamanha presença cultural tenha demorado tanto tempo para ganharmos a sua versão em live-action ocidental.
Mais curioso ainda que ao invés de apostar na fórmula conhecida e consagrada de batalhas travadas em ginásios e mundos novos de aventura onde o perigo é bem maior, o estúdio tenha optado em se basear no spinoff para o Nintendo 3DS de 2016, Detective Pikachu, como base para o primeiro filme blockbuster da franquia. E o resultado deu estranhamente certo, “Pokémon: Detetive Pikachu” é uma aventura divertida e acessível que ainda faz jus em celebrar a franquia colossal.
Tim Goodman é um jovem morando em uma pequena cidade com uma vida monótona que vai para a cidade Ryme, onde humanos e Pokémon convivem, depois da notícia da morte misteriosa de seu pai distante. Lá ele se depara com o ex-parceiro Pokémon de seu pai, um Pikachu falante e sem memória, e juntos eles precisam encontrar a resposta do mistério da morte de seu pai, em uma conspiração que ameaça a relação de todos os humanos e Pokémon.
Com essa premissa, a proposta inusitada de buscar inspiração em Detective Pikachu até que faz muito sentido: As narrativas de detetive neo-noir e o buddy cop movie são estruturas altamente reconhecíveis e acessíveis para o grande público, e já se provaram o veículo perfeito para um pastiche com bichinhos animados no passado (vide “Uma Cilada Para Roger Rabbit” e “Zootopia”). Desse modo, o filme consegue conversar com os fãs dedicados, os que têm apenas boas lembranças de assistir o anime e jogar game boy na infância e aqueles que não sabem nada de Pokémon, mas acham o Pikachu uma gracinha.
Essa estrutura também abre caminho para a utilização dos Pokémon para diferentes e espertas gags que brincam com os clichês de filme policial ou simplesmente como uma adição colorida ao cenário, garantindo que cada um aponte empolgado quando o seu favorito passar pela tela. A decisão de representá-los de forma fiel às suas formas kawaii originais, com apenas as texturas e pêlos realistas, também é muito acertada e eles interagem com os atores live-action de forma convincente, tornando Ryme uma cidade muito estilosa e orgânica.
Os protagonistas são outro ponto alto: É feita a escolha inteligente de fazer de Tim um avatar de todos os Millenials, que queriam ser treinadores Pokémon quando criança, mas agora chegaram aos vinte e tantos e seguem suas vidas frustrados quando, de repente, têm a oportunidade de viajar para a cidade dos Pokémon como um escapismo nostálgico. Justice Smith interpreta o papel de forma natural e relacionável. Já Ryan Reynolds faz uma versão família de sua rotina cômica de Deadpool sob a pele de uma das mascotes mais reconhecíveis no mundo. E o pior é que funciona! E não apenas pela pura bizarrice do conceito (é uma ideia melhor que o Pikachu com vozeirão do jogo).
Mas se a dupla principal brilha, o mesmo não pode ser dito pelo elenco coadjuvante, que inclui Kathryn Newton, Ken Watanabe e Bill Nighy. Todos bons atores cujos personagens são pouco desenvolvidos e parecem ter relevância leviana ao filme. Newton em especial, é apresentada como a lead feminina do filme, uma estagiária de jornalismo investigativo procurando se provar, mas ela sempre sente como um elemento paralelo à jornada principal de Tim, como uma ideia não finalizada.
A trama termina bem concluída, sem se afobar para apresentar ambições de sequências (o que sempre é digno de respeito, nessa era pós-MCU), mas duvida-se que seu legado termine por aqui. “Pokémon: Detetive Pikachu” pode parecer apenas um filme bacana e bem amarrado à primeira vista, mas com o tempo, é possível que ele se prove a porta de entrada para toda uma leva de filmes de Pokémon e até mesmo outros filmes (que prestam) baseados em games.
Também entra em cartaz hoje o filme “Cemitério Maldito”. Permanecem em exibição “Vingadores: Ultimato” e “De Pernas Pro Ar 3”. (A.N.) (C.C.F.)

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