Professor e dramaturgo Adriano Moura debate cultura no Folha no Ar
Maria Laura Gomes 26/04/2019 07:53 - Atualizado em 06/05/2019 12:54
Isaías Fernandes
Professor, poeta e dramaturgo, Adriano Moura foi o entrevistado da primeira edição do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98.3, desta sexta-feira (26). Durante a conversa, entre outros assuntos abordados, Adriano analisou a cultura do município no governo Rafael Diniz, fez críticas à pouca preservação de manifestações consideradas essenciais na formação da cultura de um povo, como o Carnaval, e comentou sobre a situação da cultura nas trocas de governos. No programa Folha no Ar desta segunda-feira (29), o entrevistado será o deputado estadual Gil Vianna, líder da bancada do PSL na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Para ele, o município sofre ausência de um projeto de cultura permanente. Adriano disse que um dos caminhos para desenvolver iniciativas definitivas seria o uso do Fundo Municipal de Cultural, que, segundo o artista, nunca funcionou da forma devida.
— Eu acho que já é crônico o problema aqui na cidade, apesar de uma série de conquistas. A gente ainda continua carecendo de um projeto cultural. A cidade nunca teve e continua sem ter um projeto de cultura que esteja para além, por exemplo, de política de evento. Até então, todos os governos se centraram em eventos teatrais, shows e, também, em eventos de entretenimento, mas nenhum conseguiu firmar (projeto) após o término daquela gestão; algo que deixasse algum tipo de herança, um legado que pudesse resistir a uma gestão seguinte – analisou Adriano.
O professor ressaltou que, de 1989 para cá, a área da cultura foi dividida pela partidarização: “O que acontece com a partidarização é que todo mundo quer ser o pai do filho. Havia sempre uma tendência: entra um governo e esquece tudo que estava dando certo no governo anterior. Outro problema é a cooptação do setor, de alguns segmentos ligados à arte. E em uma cidade de pequeno porte, como Campos, quando há esse cooptação, você desmantela todo o poder político que o segmento cultural pode ter. O artista que está comprometido com determinada gestão, ele deixa de exercer o seu papel político em função de estar comprometido. Isso ocorreu em praticamente todas as gestões”, reforçou.
Crítico quanto à desvalorização de determinadas manifestações culturais tradicionais, Adriano comentou sobre o Carnaval de Campos, que não segue o calendário oficial do país e não tem data determinada para ser realizado.
— Campos não tem Carnaval há anos no seu período. Até hoje, nenhuma gestão conseguiu resolver esse problema. Todo ano, é dito que vai acontecer no mês seguinte; vai ser em agosto; só que aí não vai ser mais desfile. No final, não tem. A partir do momento em que você começa a eliminar socialmente o ambiente em que isso tem condições de acontecer, daqui a pouco, a própria população não vai mais sentir falta quando deixar de existir – alertou Adriano.
Confira a entrevista:

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