Garotinho no ataque contra Justiça do RJ
Suzy Monteiro 22/09/2018 20:00 - Atualizado em 25/09/2018 17:27
Garotinho
Garotinho / Divulgação
Desde que a operação Chequinho foi desencadeada em Campos, às vésperas da eleição de 2016, o ex-governador Anthony Garotinho vem disparando contra a Justiça e Ministério Público, acusando-os de persegui-lo por várias razões, que vão de tirar de seu grupo político o poder da Prefeitura de Campos até denúncias feitas contra o ex-governador Sérgio Cabral e outros caciques do MDB, como Jorge Picciani e Paulo Mello. Em dois anos, as queixas se multiplicaram e se tornaram mais graves. Recentemente, em sua página no facebook, Garotinho escreveu um texto intitulado “A milícia de toga”, referindo-se a membros da Justiça fluminense. Procurados, a Associação de Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) preferiram não manifestar-se por enquanto.
A tática de atacar como estratégia de defesa não é novidade para o ex-governador. Em 2005, quando ele e a esposa Rosinha, então governadora, foram condenados em Campos por abusos de poder econômico e político na campanha à Prefeitura de Campos, o casal afirmou que a condenação era porque a juíza Denise Appolinária seria vinculada ao PT e Garotinho era pré-candidato à Presidência da República. As declarações chegaram a ser divulgadas em carros de som que circularam na cidade e levaram o então presidente do Supremo tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, a criticar o ataque pessoal: “A divergência quanto ao conteúdo da decisão não pode incluir juízos de valor sobre o comportamento pessoal do magistrado que a profere. Tal conduta é inconcebível. Reflete desrespeito ao funcionamento das instituições jurídicas e do Estado democrático”, disse Jobim na ocasião.
Nos 13 anos que separam aquela condenação — que foi revertida depois pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), através do voto de minerva do então presidente Marlan de Moraes Marinho — e a mais recente, pelo Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF2), referente à operação Segurança Pública S/A — pela qual o político pode ser preso assim que forem julgados os Embargos de Declaração — a cada sentença negativa, o mantra de perseguição é repetido.
No último dia 14 de setembro, Garotinho chegou a publicar em sua página no Facebook um texto sob o título de “Milícia de toga”, repetindo acusações à Justiça Fluminense, dizendo que já fez denúncias ao CNJ e outros órgãos, mas “não adianta. A lei não vale para os integrantes da milícia de toga”. Ele afirma que, junto com a família, vem sofrendo humilhações e perseguições.
Ao mesmo tempo, Garotinho junto com a longa vida pública vem acumulando investigações e condenações. Em setembro do ano passado, foi condenado na Ação Penal da Chequinho a 9 anos, 11 meses e 10 dias de prisão por 17.515 crimes de corrupção eleitoral, além de associação criminosa, supressão de documento e coação no curso do processo. O processo não foi julgado ainda pelo TRE porque ele obteve uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski. Também foi condenado pelo Tribunal de Justiça (TJ) por improbidade administrativa. Na ação, o MP acusou Garotinho de participar de esquema que desviou R$ 234,4 milhões da Secretaria de Saúde entre 2005 e 2006. Com base nesta condenação, ele teve o registro de candidatura indeferido, mas conseguiu liminar no TSE suspendendo os efeitos da condenação.
Durante todo este período, também, ele foi condenado inúmeras vezes por injúrias a juízes e desembargadores que deram decisões contrárias a ele.

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