A intervenção federal da segurança pública no Rio de Janeiro completa seis meses nesta quinta-feira. Na véspera da data, a maior cidade do interior do estado sofreu com a violência que não dá trégua. Nesta quarta-feira, em menos de oito horas, três pessoas foram assassinadas em Campos. Os dois primeiros casos, ocorridos entre a manhã e tarde, aconteceram no Parque Presidente Vargas, na área de Guarus que, na última semana, recebeu a primeira megaoperação da intervenção federal na Segurança Pública do Estado no interior, que contou com dois blindados do Exército e um do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope), modelo Urutu. Os crimes no bairro ocorreram em uma distância de apenas dois quilômetros. O terceiro caso também ocorreu durante a tarde, no Parque Califórnia. Com esses crimes, Campos soma 149 homicídios em 2018, sendo sete apenas no mês de agosto.

O primeiro caso ocorreu por volta das 8h30, no Presidente Vargas. Izaías da Silva de Souza, de 46 anos, foi morto a tiros dentro de uma loja de ferragens localizada na avenida Carmem Carneiro. A vítima, que trabalhava como serralheiro, tinha comprado materiais para a produção de um portão e concluía o pagamento no caixa, na lateral externa do comércio, quando um homem entrou e efetuou três disparos. O homem foi baleado nas costas.

O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas ele, que residia no mesmo bairro, já estava morto quando a equipe chegou. O assassino teria deixado uma bicicleta do lado de fora do pátio da loja e entrou pelo portão, já efetuando os disparos. Um dos projéteis perfurou o vidro do caixa. Izaías ainda teria corrido, mas acabou atingido e caindo poucos metros adiante. O suspeito ainda teria sido perseguido pelo segurança do comércio, mas conseguiu fugir, de bicicleta. A família preferiu não comentar o crime, apenas informou que Izaías recebia ameaças e que, no ano passado, sofreu uma tentativa de homicídio no bairro em que residia. A polícia também não informou a possível motivação do crime.

Também no Presidente Vargas, por volta das 15h, a vítima foi Sanderson Rocha Coelho, de 19 anos. O jovem estava sentado na calçada, entre o cruzamento da rua Antônio de Castro com a avenida Zuza Mota, quando foi atingido por um tiro na cabeça. Na tentativa de fuga, a vítima entrou ferida em uma residência e foi levada por populares ao Hospital Ferreira Machado (HFM), onde não resistiu aos ferimentos. Segundo informações da Polícia Militar, o atirador estava em um carro prata e passou disparando em direção à vítima. No local, ninguém quis comentar sobre o caso que assustou os moradores. Os dois crimes foram registrados na 146ª Delegacia de Guarus, onde estão sendo investigados pela Polícia Civil.

Já no Parque Califórnia, também por volta das 15h, o jovem Nathan Monteiro Theodoro de Sá, de 20 anos, foi morto a tiros no quintal de casa, na rua Manoel Gomes Pinto. No local, populares informaram que Nathan chegava a casa no momento do crime e que os disparos teriam vindo de pessoas em um veículo não identificado. A vítima tentou correr, mas caiu logo depois. O Corpo de Bombeiros foi acionado, mas a vítima já estava sem vida no local. O caso foi registrado na 134ª Delegacia do Centro.

Segundo o comandante do 8º BPM, tenente coronel Fabiano Santos de Souza, a polícia seguirá realizando operações para coibir os atos violentos. Ele descartou que os homicídios sejam em retaliação as ações das forças de segurança realizadas no município na última semana. “Os dados preliminares dos casos de hoje foram encaminhados à Polícia Civil para investigação. A Polícia Militar continuará com essas operações seguindo a mancha criminal. Não acredito que os homicídios sejam uma forma de retaliação a ação da polícia nos últimos dias. É uma rixa entre eles. Não tem como estarmos em todos os locais ao mesmo tempo e esses são crimes de oportunidade e não tem como ter um policiamento a cada esquina. A viatura vira esquina, eles estão fazendo. Então, não é retaliação, senão eles confrontariam com a polícia”, ressaltou.

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  Homicídio no Presidente Vargas

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  Homicídio no Presidente Vargas

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  Homicídio no Presidente Vargas

Exército, polícias e intervenção nas ruas — Na última quinta-feira (9), foi realizada, em Campos, a operação Integração, que contou com três blindados do Exército e dois do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope). Participaram da ação 800 agentes do Exército Brasileiro, Corpo de Bombeiros e das polícias Militar, Civil, Rodoviária Federal e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Trinta pessoas foram presas, entre flagrantes e cumprimento de mandados, e 100 casas de moradores que haviam sido expulsos foram retomadas. Bombeiros fizeram patrulhamento aquático pelo rio Paraíba do Sul enquanto, por terra, agentes percorreram o Parque Eldorado I e II, Parque Santa Rosa, Parque Santa Clara e Parque Prazeres. A região é conhecida como “Faixa de Gaza”, onde moradores vivem reféns do tráfico de drogas. Cerca de 15 mil pessoas que vivem em área comparada à Síria, pelos frequentes confrontos entre facções rivais, foram impactadas.

A operação foi encerrada na sexta-feira (10), mas, até o dia 30 de agosto, dois blindados do Bope, cedidos pelo Exército, ficarão em Campos para novas ações.