Criminalidade ainda evidente
Mário Sérgio Júnior 23/06/2018 17:15 - Atualizado em 25/06/2018 14:00
Paulo Pinheiro
Quatro meses de intervenção federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro se passaram e no interior do estado a criminalidade segue crescente. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), os casos de homicídio, por exemplo, tiveram um aumento entre fevereiro e maio deste ano se comparado ao mesmo período do ano passado, quando não existia a intervenção. A decisão do governo federal em intervir na Segurança Pública do estado está em vigor desde o dia 16 de fevereiro.
De acordo com o ISP, de fevereiro a maio deste ano Campos registrou 128 homicídios, entre dolosos e culposos. Já no mesmo período de 2017, as delegacias do município registraram 100 mortes.
Apesar de não comentar sobre os efeitos da intervenção no interior do estado, o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Fabiano Souza, falou sobre a situação que Campos tem vivido, principalmente na área de Guarus. “A guerra do tráfico retornou e enquanto não houver políticas públicas efetivas ali (em Guarus), só o serviço de polícia não vai resolver a questão. A gente age na consequência, mas tem que atacar a causa. E a causa não é a polícia que faz. Antes de chegar na gente, outros órgãos falharam. Outros órgãos, outras instituições, como a instituição familiar. Então para poder mudar esse quadro, temos que ter políticas públicas efetivas”, comentou.
A equipe de reportagem também tentou contato com o delegado titular da 146ª Delegacia de Polícia (DP), de Guarus, Luís Maurício Armond, e com o delegado adjunto da 134ª DP, do Centro, Pedro Emílio Braga, para saber uma posição em relação aos efeitos da intervenção, mas os telefonemas não foram atendidos.
As assessorias do Gabinete da Intervenção Federal e da secretaria de Estado de Segurança Pública também foram questionadas sobre o aumento do número de homicídios e quais ações estão previstas para serem desenvolvidas no interior do estado, mas até o fechamento desta matéria nenhuma resposta foi enviada.
Só na última semana, pelo menos duas pessoas foram mortas em Campos e mais de seis sofreram tentativas de homicídio.
Na última sexta-feira, seis jovens, sendo um menor de 17 anos, foram baleados em áreas de conflito no subdistrito de Guarus, em Campos. Os crimes aconteceram nos parques Santa Rosa e Eldorado, momentos após o término do segundo jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo. Os dois casos foram registrados em um intervalo de menos de uma hora. À noite, um adolescente de 17 anos foi assassinado na rua Santa Cecília, no Parque Santa Clara.
Na última quarta-feira (20), Carmem Ângela Mahon, de 50 anos, foi espancada até a morte em sua casa, no conjunto habitacional do Novo Eldorado. Carmem não teria ligação com o tráfico de drogas, cuja disputa por território tornou o local conhecido como Faixa de Gaza, hoje comparado com a Síria. O corpo foi achado por volta das 10h pela família, que, desde a noite de segunda (18), não conseguia contato com a vítima. O suspeito do assassinato, que é vizinho da vítima, foi preso em flagrante após se apresentar na 146ª Delegacia de Polícia (Guarus). Segundo o delegado titular da 146ª, Luis Maurício Armond, a motivação do crime seria uma dívida do suspeito com a vítima, referente a um jogo de futebol online que era promovido por ela.
Já na terça-feira, Jonathan da Conceição de Souza, de 28 anos, foi morto em uma estrada de chão que liga o Parque Santa Clara ao Parque Prazeres.
Jungmann defende mais um ano de ação
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, sugeriu, no último dia 15, que a intervenção federal no Rio de Janeiro seja prorrogada por mais um ano, até o fim de 2019. O decreto legislativo aprovado pelo Congresso Nacional autorizou a União a intervir no Rio de Janeiro na área da segurança até o dia 31 de dezembro deste ano.
Segundo ele, é importante que o futuro governador e o próximo presidente da República avaliem a manutenção das forças federais no comando da segurança. “Dado o avanço que vai acontecer, eu acredito que o futuro governante do Rio de Janeiro agiria de bom senso se dispuser-se a prolongar pelo menos por mais um ano esta intervenção. Porque é o tempo necessário para que a gente possa concluir o legado. Se nós tivermos mais tempo, melhores resultados virão”, disse.
Jungmann lembrou que, de R$ 1,2 bilhão prometido pelo governo federal para a intervenção no estado, já foram licitados ou empenhados cerca de R$ 400 milhões. Ele comentou ainda que a nova legislação que dá uma parte dos recursos arrecadados com jogos à segurança pública representará, este ano R$ 800 milhões, e até 2022, R$ 4,3 bilhões.
Município busca Polícia Civil para integração
Representantes da superintendência de Paz e Defesa Social de Campos participaram, na última quarta-feira (20), no Rio de Janeiro, de reunião na chefia da Polícia Civil, para tratar de convênio que vai garantir maior integração entre o estado e o município na área da segurança.
O superintendente da pasta, Darcileu Amaral, apresentou o projeto Unidade de Polícia Comunitária da Guarda Municipal à chefe de gabinete da Polícia Civil, delegada Gisélia Miranda, e ao assessor da chefia de gabinete da Polícia Civil, Marcelo Barros.
— A parceria permitirá que agentes da Guarda Civil Municipal façam o atendimento aos cidadãos, no sistema da própria Polícia Civil. A atuação conjunta tem como objetivo poupar tempo e minimizar o impacto na confecção de determinadas ocorrências nas delegacias — explicou Darcileu.
Autoridades policiais já ressaltaram que a importância do registro de ocorrência é para nortear as ações de policiamento ostensivo nas áreas em que a mancha criminal é mais evidente.
Ainda na quarta-feira, o superintendente de Paz e Defesa Social se reuniu com o secretário de Ordem Pública de Niterói, Gilson Chagas, para troca de experiências. Também participaram das reuniões o Chefe de Gabinete de Gestão Integrada, Bruno Soares, e o guarda municipal André Luiz da Silva Barreto.

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