Uma torcida inteira para ajudar Valentina
Verônica Nascimento 15/06/2018 15:42 - Atualizado em 18/06/2018 13:19
Valentina precisa de ajuda para arrecadar dinheiro
Valentina precisa de ajuda para arrecadar dinheiro / Paulo Pinheiro
Depois de vencer a morte diversas vezes — inclusive quando ainda estava na barriga da mãe — e de viver uma rotina de tratamentos e terapias que a livrou de uma vida vegetativa, Valentina, que tem paralisia cerebral e usa cadeira de rodas, precisa passar por mais uma cirurgia para conseguir posicionar-se de pé. E, para esta cirurgia ortopédica, que custa cerca de R$ 8 mil, fora as despesas de diárias com o hospital no Rio de Janeiro, a menina, que sempre recebeu auxílio de parentes e amigos dos pais, agora conta com ajuda até da torcida do Flamengo. Jogadores do Rubro-Negro autografaram uma camisa do time, que está sendo rifada e tem sorteio ao vivo no dia 12 de outubro, Dia das Crianças, na página oficial “Ajude Valentina”.
Quando perguntada se está tudo bem, de sua cadeira de rodas, Valentina, que completará cinco anos no mês de agosto, faz um “joinha”. E, para os pais, Rodrigo Koch Silva e Juliana Barreto, o gesto de “ok” é um dos demonstrativos de que a criança é “um verdadeiro milagre”.
— Tive uma gravidez normal, até o sétimo mês, quando, ao fazer uma ultrassom, no pré-natal, descobriram que eu estava perdendo líquido amniótico e anteciparam o parto. Se tivesse faltado ao exame, minha filha poderia ter morrido dentro de minha barriga. Tive de tomar injeções para fortalecer os pulmões do bebê, e anteciparam o parto. Fui para o parto rindo, sem saber que minha filha estava com a saúde comprometida, porque tiveram medo de minha pressão subir. A diminuição do oxigênio causou a paralisia cerebral. Em um mês e 10 dias de UTI, ela teve várias paradas cardíacas. No segundo dia de vida, todos os órgãos do corpo dela pararam, mas “Vavá” sobreviveu. No 41º dia, minha filha nasceu de novo quando saiu da UTI e, hoje, é essa criança sorridente, linda e inteligente — contou a mãe de Valentina.
O pai contou que a rotina da menina é de terapias, medicações e total acompanhamento. “Por tudo que passou, Valentina podia estar em estado vegetativo ou ter morrido. Mas, todos os dias, ela acorda, lancha. Nossa casa é nos altos, e eu desço com ela as escadas, coloco na cadeira do carro, que já está pequena, e ela vai com a mãe para a fisioterapia, ou para a terapia ocupacional, ou fonoaudiologia (e ela está começando a balbuciar algumas sílabas). Tem ainda ortopedista, pediatra, e estamos tentando conseguir psicólogo e dentista. A cadeira de rodas também precisa ser trocada. Gastos só com fraldas e remédios vão além de R$ 1 mil por mês. Entre tratamento e terapias, cerca de R$ 5 mil. E, se não fosse a ajuda de parentes e amigos, não daríamos conta. Mas sabemos que todos têm dificuldades”, relatou Rodrigo.
Vencidos os tratamentos e procedimentos médicos e hospitalares iniciais para manter a menina viva, Valentina teve de passar por uma cirurgia ortopédica, que não teve o resultado esperado e precisará ser refeita.
— É que, além da paralisia cerebral, que comprometeu todo o lado direto do corpo dela (a parte esquerda do cérebro funciona normalmente, mas ela tem problema na vista, usou óculos de um a dois anos de idade e não escuta pelo ouvido direito), Valentina nasceu com um problema congênito, que eu também tenho, uma luxação no fêmur, que prejudicou a formação da bacia. A cirurgia é para encaixar e estruturar o quadril. Sem essa operação, ela pode perder o controle até para ficar sentada e comprometer toda a coluna — explicou a mãe, chorando ao lembrar que também passou por situação semelhante, aos cinco anos de idade.
Os pais de Valentina apelaram ao INSS para obter subsídios para custear o tratamento da filha. “Na época, eu recebia seguro-desemprego e minha mulher trabalhava. Mandaram uma assistente social, que relatou que temos casa com piso e laje e que tínhamos ajuda da família. Não conseguimos porque a renda per capta teria de ser de até R$ 200 para conseguir o benefício. Meu marido está há quatro anos sem trabalho de carteira assinada. Nossa casa não tem adaptação. Tem gente que acha que campanha para receber ajuda é humilhante, que não precisamos cobrar na Justiça auxílio do INSS. Será que realmente acham que eu não preferia estar passeando com minha filha? Tentei uma escola para ela. Uma custava mais de mil reais por mês e outra, setecentos. Ela ficou tão animada com a escola, mas priorizamos as terapias, fundamentais para o desenvolvimento dela”, disse Juliana.
Campanhas para ajudar Valentina — A campanha para ajudar Valentina começou quando a família precisou comprar um aparelho auditivo. “Eram muitos gastos, e um amigo de infância, Leandro, sugeriu começar a campanha, com uma conta bancária para depósito. Agora, com a necessidade da cirurgia ortopédica no Rio, há umas três semanas, no último jogo do Flamengo e Vasco, um outro amigo, Assuélio, que é vascaíno, teve a ideia de comprar a camisa do Flamengo, lá no Ninho do Urubu, e deu a camisa ao preparador físico do Rubro-Negro para os jogadores autografarem. Aí, veio com a camisa para ser rifada. Tem gente de várias cidades, torcedores comprando a camisa.”
A história de Valentina chamou a atenção até da Fla Churrasco, torcida de Curitiba, no Sul do país. “Eles fizeram um evento, com venda de petiscos, lanches, e converteram a renda para a campanha de Valentina. Aqui, a Embaixada Fla Campos cedeu o espaço para a realização de um evento. Ainda não sabemos o que fazer, talvez juntar bandas. Vamos ver”, declarou Rodrigo.
— A cirurgia ortopédica de Valentina estava marcada para o final desse mês, mas ela começou a ter convulsões e teve de ser adiada para o início de setembro. Só o remédio para convulsões, que dá para 10 dias, custa R$ 95. Mas ela está melhorando e as convulsões, passando. Paralisia cerebral é para a vida inteira e a gente sabe disso. Mas a gente viu que milagres acontecem e, se Deus quiser, minha filha vai vencer, mais uma vez”, concluiu a mãe de Valentina.
 
 

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