"Em Pedaços" no Cineclube Goitacá
Matheus Berriel 01/05/2018 16:41 - Atualizado em 02/05/2018 19:33
Divulgação
Na noite desta quarta-feira (2), a sessão do Cineclube Goitacá será comandada pelo psicanalista, dentista e ator Luiz Fernando Sardinha. Ele vai apresentar o filme “Em Pedaços” (Aus dem Nichts, 2017), um drama franco-alemão premiado internacionalmente, dirigido por Faith Akin, alemão de ascendência turca. O longa-metragem será exibido às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, que fica no cruzamento das rua Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no Centro de Campos. A entrada é gratuita.
— A temática dele é bem atual. Fala do problema da imigração, do neonazismo, da xenofobia, que é bem presente. É a história de um turco que foi para a Alemanha e se casou com uma alemã. Logo no início do filme, ele e o filho morrem num atentado, e toda a sequência da história está em cima da mulher dele. Eu interpretei como se o diretor tivesse visto que poderia contar a história de fora, mas achou necessário colocar uma alemã dentro da tragédia, para que o povo alemão sentisse a grande problemática que é o neonazismo, a xenofobia. Achei isso muito interessante, porque ele viveu isso na pele — disse Luiz Fernando Sardinha.
“Em Pedaços” foi o indicado alemão para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2018. Mas não passou da fase de pré-indicações. Em contrapartida, sagrou-se vencedor da categoria no Globo de Ouro e no Critics’ Choice Awards. Outro prêmio de grande importância foi o de melhor atriz, dado a Diane Kruger no Festival de Cannes, ainda em 2017. A atuação da artista alemã foi destacada por Luiz Fernando Sardinha.
— No filme, o turco tem um passado que não é muito legal. Ele foi traficante de drogas. A mulher comprava drogas. Mas os dois se casam, têm um filho e passam a tentar arrumar a vida dentro do que a sociedade chama de normal. De repente, aparece essa tragédia na vida dela, perdendo o marido e o filho, este com quatro anos de idade. Ela se depara com aquilo que o (psicanalista Jacques) Lacan chamava de real, o inominável. É uma coisa que você não sabe. Que reação a mãe tem quando perde um filho? E ela volta para as drogas, fica buscando suportar a vida de alguma forma. Tenta suicídio, tenta fazer justiça ao que aconteceu com o marido e o filho. Chega a descobrir um casal de neonazistas, os responsáveis pelo atentado, mas a justiça acoberta de alguma forma, consegue não culpabilizá-los. E aí ela começa a pensar na vingança, fora da participação da justiça. O filme em si é muito forte, mas pode ser comparado a outros dramas, porque é um tema sempre presente. Para mim, o grande prêmio que recebeu foi esse de melhor atriz, porque ela conseguiu passar a angústia total de um ser humano que perde a família. Foi um desempenho fabuloso, ela mereceu muito ganhar o prêmio — enfatizou o apresentador da noite.

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