Garotinho e Ricardo Saud na PF
27/04/2018 23:14 - Atualizado em 30/04/2018 17:12
Ricardo Saud
Ricardo Saud / Marcelo Camargo-Agência Brasil
Em um mesmo dia, a última quinta-feira (26), delator e delatado estiveram na sede da Polícia Federal em Brasília e, por uma diferença de horas, não se encontraram. O ex-diretor de relações institucionais do grupo J&F Ricardo Saud prestou depoimento no início da tarde. Delator da Lava Jato, ele revelou, em depoimento anterior à PF e à Justiça Eleitoral, que a JBS — subsidiária da J&F — repassou R$ 3 milhões em propina para a campanha do ex-governador do Rio Anthony Garotinho, à época no PR e hoje no PRP. Já no final da tarde, por volta das 18h, foi a vez do próprio Garotinho comparecer à sede da PF com uma denúncia contra um delegado federal. Embora não quisesse revelar o nome à imprensa, Garotinho já havia afirmado ter representado contra o delegado Paulo Cassiano Jr, responsável pelas operações Chequinho e Caixa d’Água. Garotinho disse que também representaria contra um promotor (Leandro Manhães) e juízes (Ralph Manhães e Glaucenir de Oliveira).
Ricardo Saud saiu do prédio da PF acompanhado por dois advogados. Ao ser questionado, o empresário afirmou que foi tratar dos assuntos referentes à colaboração premiada. Ele fechou um acordo de colaboração com a Justiça. Entre as revelações, ele disse que foram repassados R$ 3 milhões para a campanha de Garotinho em 2014. Para a transação, foi utilizado contrato fraudulento com a empresa Ocean Link.
A empresa tem entre os sócios o empresário André Luiz da Silva Rodrigues, o Deca, dono também da Working Empreendimentos, uma das empresas com contratos com o governo da então prefeita Rosinha Garotinho.
Já o ex-governador passou pelo plantão e foi encaminhado a um delegado para fazer a representação. Ele, no entanto, não quis dar nomes sob a alegação de que o fato é ‘sigiloso’ junto às autoridades: “Vim fazer representação por abuso de autoridade contra um delegado federal, está em sigilo, então vamos aguardar”.
Ele afirma ter feito um requerimento de investigação contra um delegado e, também, no Conselho do Ministério Público contra um procurador. E no Conselho Nacional de Justiça contra um juiz. Todos envolvidos em investigações contra ele e parte de seu grupo político. Na Chequinho, ele já foi condenado a nove anos de prisão. (S.M.) (A.N.)

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