"Annabelle 2: A Criação do Mal"
16/08/2017 18:58 - Atualizado em 18/08/2017 14:18
Annabelle
Annabelle / Divulgação
Entre as estreias desta quinta-feira (17) nos cinemas de Campos, o destaque fica por conta de “Annabelle 2: A Criação do Mal”. Há pouco tempo, um crítico estrangeiro classificava um novo tipo de terror, que teoricamente não se alinharia às convenções do gênero, algo chamado e difundido como o pós-terror. Ali, em algo que parece afastar obras como “A Bruxa, Corra!”, “Corrente do Mal”, entre outras, do cunho de cinema de horror, o que se revela é um certo preconceito com o gênero, uma vez que possuindo algumas qualidades estéticas e temáticas esses longas seriam pós-terror, algo acima ou diferente desse cinema de horror.
Talvez o pós-terror exista desde “Nosferatu”, de F.W. Murnau em 1922, todavia se algo de interessante havia naquele artigo, é o fato do público — com exceção de Corra! — não comprar, literalmente, a ideia dessa nova geração de horror. Um público que reclama pela falta de sustos, pela enganação dos trailers, que prometem um terror mais direto, enquanto esses longas entregam algumas subversões no quesito do tema, da atmosfera e do desenvolvimento. Talvez mais interessante do que seccionar um gênero em algo como alta e baixa cultura do terror, seria bastante interessante perceber o embate constante que esse gênero sofre com a relação mercado/público e as concepções de realizadores.
“Annabelle 2: Criação do Mal”, filme em questão, com certeza não se enquadraria no chamado pós-terror. Pelo contrário, ele seria o contraponto perfeito dessa cultuada nova geração. “Annabelle 2” faz parte do universo criado pelo longa “Invocação do Mal”, obra de James Wan, sendo a sequência do spin-off dessa obra originária. O longa passa a investigar como a boneca Annabelle foi de fato se tornar um objeto dominado pelo mal. O que é sentido ao longo dessa produção é o peso da franquia, de realmente parecer pertencente de uma marca. Como se fosse um produto de uma rede de fast food, que todas as opções possuem o mesmo sabor.
É sentido ao longo do filme essa necessidade industrial, essa obra que possui o objetivo bem claro de, mais uma vez, levar inúmeros espectadores à sala de cinema. Assim, tudo que gira em torno de “Annabelle 2” faz referência a esse sistema mercadológico bem marcado, como se o longa seguisse uma série de exigências tanto por estar inserido na franquia de “Invocação do Mal”, quanto por ter que confirmar seus indicadores de bilheteria. Nesse check list de fatores que o filme deve possuir, “Annabelle 2” revela seu sistema de padronização.
O longa é ambientado na casa de uma família que perdeu sua pequena filha de forma trágica. Anos mais tarde, o casal decide fazer de sua residência um lar para garotas órfãs, abrigando uma série de meninas e uma freira, inclusive duas irmãs inseparáveis, uma delas com uma série de problemas de locomoção devido a uma poliomielite. No local, as garotas começam a perceber uma estranha presença que habita o quarto da falecida garota, que às vezes toma o corpo da própria criança e às vezes da famosa boneca.
Se a sinopse pode conter um tom bastante genérico, também é a grande potência do longa, porque apesar dos pesares “Annabelle 2” possui algumas virtudes. É bom lembrar, que o melhor do terror surge na forma como os filmes conseguem lidar com os clichês, com imagens já assimiladas pelo público. Aqui no filme dirigido David F. Sandberg (“Quando as Luzes Se Apagam”) e escrito por Gary Daubermann (do primeiro Annabelle) há toda uma preocupação com a casa daquela família; o quarto de bonecas da filha falecida (a melhor sequência consiste quando os diversos brinquedos vão ganhando vida sozinha aterrorizando as crianças do local); a esposa da família imobilizada numa cama e que utiliza uma máscara de madeira em parte do seu rosto; e as próprias garotas, sozinhas no mundo, educadas num meio religiosos que devem lutar com um mal totalmente oposto daquilo que conhecem. Figuras interessantes, que cercam o filme de mistério, suspense, terror e a força empática para adesão do público.
A grande questão que fica é como essas figuras, esses códigos do horror se relacionam com o essencial do filme. A resposta parece ser apenas uma manutenção do próprio produto como hegemonia nos filmes de terror, seja naquilo que dá certo, seja em garantir a sobrevivência de sua franquia.
Entra em cartaz também hoje, a animação “Uma Família Feliz”. Permanecem em cartaz os filmes “Transformers: O Último Cavaleiro”, “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”, “Planeta dos Macacos: A Guerra”, “O Reino Gelado: Fogo e Gelo”, “Dunkirk”, “O Filme da Minha Vida”, “D.P.A. O Filme” e “Malasartes e o Duelo com a Morte”. (A.N.) (C.C.F.)

ÚLTIMAS NOTÍCIAS