Ponto Final: Campos usada na fraude das vacinas
- Atualizado em 24/05/2023 08:27
Ponto Final
Ponto Final / Reprodução
Fraude na vacina
Os desdobramentos da Operação Venire, que apura a suposta falsificação de cartões de vacinação contra Covid-19 e resultou na prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, acabaram revelando que a inserção irregular de dados aconteceu também no sistema de Campos. A revelação foi feita pelo site UOL no último sábado (20), com base em uma investigação própria, a partir do que foi revelado pela Operação Venire em outros municípios. O secretário de Saúde do município, Paulo Hirano, afirmou ao site que tomou conhecimento do caso ainda no ano passado e logo tomou providências.
Procedimento administrativo
Em nota sobre a inserção de dados de vacinação da família Cid, a Prefeitura de Campos disse que “a secretaria municipal de Saúde, em dezembro de 2022, bloqueou e cancelou o lançamento das informações no sistema do Conect SUS, horas após identificar inconsistências, referentes a idade e lotes de vacinas, sem que fossem registrados prejuízos de qualquer natureza e sem que tivessem sido gerados Certificados de Vacinação”. Foi informado ainda pela Prefeitura que “será aberto procedimento administrativo interno, para apurar se houve desvio de conduta por parte de algum servidor”.
Dados falsos
Com a investigação até o momento, a Polícia Federal já tinha apontado a atuação de Cid para obter certificados falsos de vacina em Cabeceiras (GO) e Duque de Caxias (RJ), onde se concentrou a maior parte do esquema. O ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro foi preso no dia 3 de maio. Além dele, foram presos outros cinco investigados por inserir os registros falsos feitos no município da Baixada Fluminense. Em 21 de dezembro, dados falsos de vacinas em Jair e sua filha, Laura, foram incluídos em Duque de Caxias, sendo apagados no dia 28. Bolsonaro nega qualquer envolvimento. Na semana passada, Cid ficou em silêncio durante o depoimento nesse inquérito.
Apagadas
Campos, segundo o próprio UOL, não é citada inicialmente na investigação Operação Venire. A Folha 1 enviou um questionamento à Polícia Federal sobre o município, que informou “não se manifestar sobre eventuais investigações em andamento”. Com a tentativa de registro das vacinas com inconsistências no sistema de Campos, Hirano informou que o caso foi levado até seu gabinete. Apesar de o secretário ter informado à reportagem do UOL que mandou suspender o registro dos dados, as informações do Ministério da Saúde, segundo o site de notícias, mostram que as vacinas foram, sim, registradas e, no dia seguinte, apagadas.
Inconsistência
Os registros feitos em Campos mostram que a filha mais nova de Cid teria recebido a primeira dose da Pfizer pediátrica em dezembro de 2021, quando tinha 4 anos. Mas o Ministério da Saúde só liberou o imunizante para essa faixa etária em setembro do ano seguinte. O UOL mostrou que os registros das filhas de Cid em Duque de Caxias também tinham essa inconsistência. Ainda de acordo com Hirano, relatado pelo site de notícias, na época não se sabia de quem eram os cartões de vacinas. Segundo ele revelou, apenas este ano, diante da operação em Duque de Caxias, a secretaria da Saúde teria consultado o caso novamente e verificado que se tratava da família Cid.
Da calmaria à tensão
A Câmara de Campos foi mais uma vez da calmaria ao clima de tensão nessa terça-feira (23). Até houve consenso por parte dos vereadores de diferentes grupos ao aprovarem, por unanimidade, uma indicação legislativa proposta pelo vereador Raphael Thuin (PTB), que prevê isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) por três anos para qualquer cidadão que adotar uma criança ou adolescente que aguarda por uma família. Thuin destacou que a adoção é um ato de amor, solidariedade e comprometimento social. Além disso, a iniciativa, segundo ele, também visa à redução de custos do poder público para manter as crianças e adolescentes nas instituições.
Disputa eleitoral
Mas a sessão acabou ganhando momentos de tensão ao ser antecipada na tribuna a disputa territorial por votos, já de olho nas eleições de 2024. Os embates mais acalorados acabaram contagiando a plateia, com manifestações que precisaram ser repreendidas pela mesa diretora sob a ameaça de uso de segurança. O clima esquentou entre os vereadores Nildo Cardoso (União) e Bruno Pezão (PL) por conta de uma obra na Baixada Campista, cuja paternidade é reivindicada pelos dois. Os vereadores têm como principal reduto eleitoral a região. Já Dandinho de Rio Preto (PSD) se queixou do vereador licenciado Fábio Ribeiro (PSD) e do prefeito Wladimir por, segundo ele, terem o atacado durante uma inauguração em Santa Cruz, um dos seus redutos eleitorais.
Reprovação
Ainda nessa terça, outras pautas geraram debates que se prolongaram, sendo necessário que fosse prorrogada a sessão em uma hora, que passou das 21h. Uma delas foi o projeto de lei que “dispõe sobre a inclusão de conceitos de Educação Financeira na rede municipal de ensino de Campos”. Os vereadores da base até elogiaram o projeto, mas pediram que o líder da oposição, Anderson de Matos (Rep), retirasse a matéria de votação para que fossem feitas adaptações, o que não aconteceu, resultando na reprovação por maioria. Outro momento da sessão foi o anúncio feito pela Câmara de que a Justiça de Campos concedeu uma liminar à Águas do Paraíba, suspendendo a CPI aberta contra a concessionária na Casa. Uma nota de repúdio contra a empresa foi aprovada por unanimidade. A Câmara informou que vai recorrer.

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