Bolsonaro discursa para multidão negando golpe, sem citar STF e pedindo anistia
25/02/2024 12:35 - Atualizado em 25/02/2024 17:41
 
Apoiadores na Avenida Paulista
Apoiadores na Avenida Paulista / Foto: Reprodução Metrópoles
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) se uniram num ato em defesa do ex-presidente, neste domingo (25), na Paulista, no centro de São Paulo (SP), na tarde deste domingo (25). A tradicional avenida ficou lotada de  milhares de pessoas vestidas com roupas nas cores verde-amarelas e com bandeiras do Brasil ou até de Israel. Investigado pela Polícia Federal por uma tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder e evitar a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente chegou por volta de 14h40 à avenida bastante festejado pelos manifestantes. Em seu discurso, ele negou tenha tramado um golpe e pediu anistia aos condenados.
O ex-mandatário chegou ao ato por volta de 14h30, acompanhado pelos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.
Bolsonaro, que foi convocado para prestar depoimento à PF na última quinta-feira (22) e ficou em silêncio, anunciou a mobilização em suas redes sociais e disse que seria um "ato pacífico, pelo nosso Estado democrático de direito, pela nossa liberdade, família e futuro". 
Ao discursar diante da multidão, ele disse querer “passar uma borracha no passado” em busca de “pacificação”. “Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração, é trazer a classe política para o seu lado, empre-sários. Nada disso foi feito no Brasil (...) Não podemos concordar que um poder tire do palco político quem quer que seja, a não ser por um motivo justo (...) Não podemos pensar em ganhar as eleições afastando um adversário do cenário político”, discursou Bolsonaro, sem citar diretamente o STF e as condenações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornaram inelegível.

O ex-presidente disse, ainda, que não concorda com os atos golpistas que depredaram as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, mas defendeu uma “anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília”. Segundo ele, “esse povo brasileiro não merece estar vivendo por este momento, onde tão poucos, pouquíssimos, causam tão mal a todos nós”.

Outros discursos marcaram o evento, como o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que abriu o ato com uma oração. Emocionada, chorou ao falar com o público que chamou de “exército de Deus, de homens e mulheres, exército de patriotas que não desistem da sua nação”. Ela leu versos religiosos que faziam referência ao “Rei da Glória” e terminou dizendo “abençoamos o Brasil, abençoamos Israel, em nome de Jesus”.
Anfitrião do ex-presidente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas agradeceu a quem chamou de “amigo”: “Eu não era ninguém e o presidente apostou em pessoas como eu”, disse, acrescentando em outro trecho: “Você não é um CPF, você representa um movimento de todos os que descobriram que vale a pena brigar pela família, pela pátria, pela liberdade”.
O pastor Silas Malafaia, principal organizador do evento, fez um duro discurso no qual criticou diversas vezes a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e afirmou que existe uma “engenharia do mal para querer prender” o ex-presidente. “Eu não vim aqui atacar o Supremo Tribunal Federal, porque quando você ataca uma instituição, você é contra a Constituição e o Estado Democrático de Direito. Vou mostrar para vocês a engenharia do mal para querer prender Jair Messias Bolsonaro. A engenharia do mal para tirar o Estado Democrático de Direito”, disse Malafaia.
Malafaia lembrou que Bolsonaro “botou para quebrar” contra o Moraes na manifestação do dia 7 de Setembro de 2021, quando o então presidente da República chamou o ministro de “canalha” na mesma Avenida Paulista, mas que depois “apaziguou”. Mesmo assim, disse o pastor, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o perseguiu. “Todo mundo sabe como foi a eleição. Podiam chamar Bolsonaro de genocida, mas não podiam dizer que Lula era presidiário”, disse Malafaia.
Também estão presentes deputados federais, como Gustavo Gayer (PL-GO) e Nikolas Ferreira (PL-MG), bem como dos senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Magno Malta (PL-ES).  Bolsonaro deve encerrar o ato, por volta das 17h, em um carro de som estacionado perto do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

A Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) destacou 2 mil servidores para reforçar a segurança na Avenida Paulista. Houve confusão entre os próprios bolsonaristas, que chegram a trocar empurrões tentar ter acesso ao trio onde estava Bolsonaro.
A expectativa dos integrantes do entorno do ex-presidente é de que mais de 500 mil pessoas participaram do evento. Teve caravanas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso e Distrito Federal.
Alguns apoiadores levaram cartazes contrários ao comunismo e com lemas em defesa da pátria e da família.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, alvo de operação da PF na investigação sobre a tentativa de golpe e preso em flagrante no dia 8 por estar com uma arma irregular e com uma pepita de ouro, discursou mais cedo no carro de som e disse que, graças aos eleitores de Bolsonaro, o PL se tornou o "maior partido do Brasil".Por conta dasinvestigações da PF, Bolsonaro e Valdemar não podem manter contato, por ordem do STF.
Bandeiras de Israel - Bolsonaro exibiu no alto do trio uma bandeira de Israel. Vários manifestantes também erguem a bandeira. Vários proferiram gritos pedindo o impeachment do presidente Lula. Nesta semana, parlamentares bolsonaristas protocolaram um pedido de impeachment contra o atual presidente, após ele ter ter comparado os ataques israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto.
Na última semana, o governo de Benjamin Netanyahu foi criticado por Lula, que chamou de genocídio a morte de palestinos em Gaza e comparou as ações do Exército israelense ao extermínio de judeus por nazistas. Em resposta, Israel declarou Lula “persona non grata”, o que significa que sua presença não é bem-vinda.
Fonte: Metrópoles e G1.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS