Silvinho Martins aposta em 20 eleitos pela base
Rodrigo Gonçalves, Aluysio Abreu Barbosa e Cláudio Nogueira 10/02/2024 09:06 - Atualizado em 10/02/2024 09:06
Silvinho Martins
Silvinho Martins / Folha da Manhã/Arquivo
“Se nós fizermos 20 vereadores, existe uma chance grande de os 16 da base voltarem”. A projeção foi feita pelo vereador governista e presidente do MDB em Campos, Silvinho Martins, ao avaliar a disputa às 25 cadeiras da Câmara Municipal nas eleições daqui a sete meses e 26 dias. Ele esteve no Folha no Ar, da Folha FM 98,3, na última quinta (8), quando analisou a relação complicada entre Executivo e Legislativo campistas, com o fim da pacificação entre Garotinhos e Bacellar, a CPI da Educação e a novela da LOA de 2024, a qual vê como “um tiro no próprio pé” da oposição. Silvinho também avaliou a nominata que está montando ao MDB, partido do vice-prefeito Frederico Paes, buscando o reforço de outros vereadores e ex-vereadores de outras legendas. O emedebista comentou, ainda, sobre a pesquisa Iguape, encomendada pelo grupo dos Bacellar, na qual o atual Legislativo é reprovado por 38,6% da população, enquanto 35,5% aprovam e 26% não souberam opinar. O mesmo levantamento, feito em 10 de julho pelo instituto, com 1.001 campistas, apontou, por outro lado, a aprovação do governo Wladimir em 74,7% e projetou em três cenários estimulados a reeleição dele no 1º turno, com quase 60% dos votos válidos. “Wladimir tem tudo para repetir Rosinha em 2012: ganha no 1º turno”, projetou.
LOA — Realmente, a questão da LOA foi uma coisa que nunca tinha sido vista no nosso Legislativo. Minha mãe, Dona Penha, foi vereadora por 20 anos lá, cinco mandatos; e eu já estou no segundo mandato, no oitavo ano. A gente realmente teve muito trabalho com a LOA. Houve movimentações para que pudesse atrapalhar a questão desse ano eleitoral. O prefeito Wladimir está muito bem, tem entregado muito, e eu acho que a oposição prevaricou ali, no sentido de ter a presidência da Câmara e entendeu que era o momento de endurecer com a LOA. Eu acho que não! A LOA é um orçamento que é do município, tem que dar. A gente tem a prerrogativa de fazer as emendas, de colocar o que precisa, mas o município não poderia ficar sem a LOA. Graças a Deus, teve duas promotoras muito importantes, que conseguiram botar o prefeito e o presidente e, graças a Deus, conseguiram botar a LOA para votar, porque a cidade não pode parar, a Educação não pode parar, as entidades filantrópicas não podem parar, a Saúde não pode parar, a cidade tem que continuar avançando. Mas, foi um momento muito tenso, realmente, nunca visto por mim. Nós fomos pegos de calça curta no sentido de não colocar a LOA e inviabilizar o prefeito Wladimir na sua gestão. Mas, tudo terminou bem, graças a Deus.

CPI da Educação — Uma CPI lá na Câmara tem sequências. Essa daí, no nosso entendimento, nasceu irregular, porque havia três CPI’s na frente: a CPI da Arteris, que eu abri; a CPI da violência contra a mulher, que Alonsimar abriu; e a CPI da Enel, que o Álvaro Oliveira abriu. O presidente arquivou todas essas três CPI’s e não levou ao plenário para votar. Lá tem o regimento interno; o presidente atropelou o regimento interno. Ele leu o regimento dele. Esse é o primeiro ponto! O segundo é que, até hoje, ele não deu acesso aos documentos que mostram os motivos do arquivamento. Ele sonega as informações! O terceiro ponto é uma coisa muito estranha, e eu preciso trazer esse tópico aqui. A CPI foi trancada por um juiz de primeira instância porque não tem fato determinado. Toda CPI tem que ter um fato determinado. Eles conseguiram liminar direto com o presidente do TJ, pulando um direito que eles tinham de embargar a decisão do juiz. Ou seja: eles desconsideraram e foram direto ao TJ. É, no mínimo, estranho. E quarto ponto: a Prefeitura forneceu, e isso é muito importante eu pontuar aqui... Eu conversei ontem com o secretário de Educação durante duas horas... Forneceu todas as documentações necessárias e pediu mais prazo, porque eles, na semana passada, pediram mais documento. O que eles fizeram? Falaram que tinha que dar em 48 horas. Em 48 horas, é impossível você fazer aquela juntada de um monte de documentos. Então, eles foram lá para a secretaria de Educação, na minha opinião, para fazer um teatro, um palanque eleitoral. Eu vejo assim e o governo vê da mesma forma, porque eu estou aqui representando a base do governo, do qual eu tenho o maior prazer de fazer parte. Eu entendo, tanto como vereador tanto quanto cidadão, que ela é politiqueira.

Reflexo da LOA — Em todos os lugares em que eu andava, (ouvia): “E aí, o presidente vai botar a LOA? Como o prefeito vai fazer?”. Então, ficou claro que foi uma manobra para poder tentar frear o nosso prefeito. O nosso prefeito ninguém freia! Ele está trabalhando muito, está muito bem na rua. O prefeito está campeão. Nesse imbróglio todo, não quero dizer que o prefeito cresceu, mas acho que o presidente da Câmara deu um tiro no pé dele, arranhou muito a imagem dele. A população ficou entendendo que ele estava querendo atrapalhar. Não entendi que o prefeito ganhou com isso, não. E as instituições, como as entidades filantrópicas, promotoras, ficaram muito bem na fita; foram de extrema importância, fundamentais para que se desenrolasse o processo da LOA.

Nominata — Graças a Deus, tenho uma credibilidade muito boa. A gente faz parte de um grupo político e a gente está conversando com várias pessoas. Mas, a palavra final, o crivo final vai ser dado pelo nosso prefeito Wladimir. Eu posso adiantar em primeira mão que tem muitas coisas adiantada, como por exemplo o vereador de mandato que vai fazer parte comigo (Marcione da Farmácia). Já está certo, o ex-vereador Marcão Goes já está até com a ficha do MDB, ele sabe que vai vir no MDB. Neném também quer vir, Magal gostaria muito, Josiane também gostaria, Rosilane do Renê gostaria... Então, tem muitas pessoas que querem ir pelo MDB. Mas, nós fazemos parte de um grupo político. O prefeito tem que dar a palavra final, porque ele tem aquele arcabouço dos candidatos, onde vão vir mais ou menos. Eu tenho conversado aqui, mais ou menos, com umas 40 pessoas que gostariam de fazer parte da nominata do MDB. Nós estamos conversando com muita gente. O prefeito é muito bom de nominata, e eu tenho certeza de que ele vai olhar com carinho, porque o nosso partido é o partido do vice-prefeito, Frederico Paes. Eu tenho certeza que, se a gente conseguir colocar esses nomes que a gente está trabalhando, o MDB faz quatro vereadores. De três a quatro vereadores, com chance enorme de fazer quatro vereadores em 2024. Eu tenho conversado com o prefeito, e a gente está acordado que após o Carnaval, até o final de fevereiro, até o dia 5, 10 de março, a gente vai estar finalizado. A gente já tem praticamente tudo montado. Estão faltando três ou quatro peças para a gente fechar o pacote e falar: fulano vai para tal partido, outro vai no PP, outro vai no Podemos. A gente já tem o arcabouço completo, só falta bater o martelo. Até o dia 5 de março, mais ou menos, a gente vai completar. Acho que até o final de fevereiro, no máximo 5 de março, um mês antes do prazo final.

Estratégia para a chapa — Essa é uma matemática complexa, que não fecha. Num lugar em que você tem que ter 18 homens e oito mulheres... Num horizonte em que você já conversou com 40 homens, como vai conseguir colocar 18 e deixar 22 de fora? Mas, não é assim. A gente está conversando e mostrando que o MDB é um tema atrativo; vai ser o partido que vai ter o sarrafo mais baixo da eleição deste ano. A gente entende que o partido do prefeito vai fazer seis, sete vereadores, mas vão vir candidatos de densidade eleitoral alta. No MDB, por exemplo, eu e Marcione fizemos 2.200 votos. A gente está procurando colocar pessoas que a gente entende que vai trabalhar nesse fluxo de 2 mil, 2.500, 1.800 votos(...) O MDB vai dar chance a todo mundo, porque a gente entende que a gente vai fazer uma nominata muito boa com o aval do nosso líder Wladimir. Não é que a gente só faz o que o prefeito determina. Eu entendo que nós fazemos parte da base governista e a gente trabalha em comunhão, ou seja: nós vamos sentar na mesa, vamos expor com quem a gente conversou, e, de comum acordo com o prefeito, vamos escolher o melhor para o MDB (...) Isso não quer dizer subserviência. A gente está em sintonia com o prefeito.

Votos em mulheres — Não concordo que o campista não vote em mulher. A minha mãe foi vereadora por cinco mandatos, e em todas as cinco eleições que ela ganhou, foi a primeira do partido, inclusive chegou a fazer 4 mil e tantos votos. Eu acho que quando a candidata tem expressão, o povo reconhece e vota, vide a minha mãe, Dona Penha. Então, o campista reconhece e vota na mulher. Esses embates (atuais) que existem na Câmara, isso faz parte da política. Se isso afasta a mulher, eu não tenho como dimensionar, nem dar minha opinião. Acho que pode, sim, acho também que precisa ser feito isso pela Justiça Eleitoral: uma conscientização muito maior em cima da mulher, para que ela seja candidata.

Ligação com os Bacellar — Quem foi o fator determinante para ter feito a minha nominata (em 2020), isso eu nunca escondi de ninguém, foi o deputado Rodrigo Bacellar, a quem sou muito grato ao, porque Rafael, naquela época, ficou sem poder montar nominata para mim. Quem me deu a mão, quem montou minha nominata, chamou as pessoas, foi o deputado Rodrigo Bacellar. Tanto que eu fiz uma condição: eu ajudei ao doutor Bruno Calil (...) Eu sempre fui uma pessoa muito grata. Eu quero aqui deixar o meu testemunho de que o Rodrigo Bacellar foi uma pessoa de extrema importância; ele cumpriu tudo o que combinou comigo no sentido de montar, trouxe as pessoas, convenceu a vir candidatas no MDB. Vou ser sempre grato ao Rodrigo. O Ro-drigo é meu amigo. Ele está num grupo político diferente, Marquinho num grupo dife-rente, seu Marcos Bacellar, mas são pessoas que eu tenho como amigas. Nós fazemos política diferente. Hoje, eu estou no grupo do Wladimir (...) Quando teve o segundo turno, o Rodrigo nos chamou, os seis vereadores que se elegeram no grupo dele, e pediu para ajudar a Wladimir no segundo turno. Eu dei a mão a Wladimir e falei: “Você pode contar comigo, porque eu serei vereador seu”. Passaram-se cinco meses, a coisa desandou, mas eu continuei no compromisso que eu fiz com o Wladimir para poder fazer parte da base. E estou muito satisfeito!

Favoritismo de Wladimir à reeleição — São números, e a gente não pode desprezar nunca. Eu entendo que, na eleição majoritária que terá em outubro, existe o prefeito Wladimir muito forte. A população reconhece o prefeito como um dos melhores prefeitos que Campos já teve. E tem um outro cenário... Caio Vianna, Thiago Rangel, Marquinho Bacellar, nenhum deles é candidato. O único aí que será candidato é o Jefferson do IFF. Eu acho que Wladimir vem com uma força eleitoral muito forte e não tem um candidato para minimamente tentar fazer frente a ele. Eu sou basicamente da pedra, sou morador da antiga 99ª, que hoje é 98ª, ali perto da Apoe. Antigamente, ali os Garotinho tinham uma dificuldade muito grande de fazer voto. Eles eram muito fortes em Guarus, na 75ª. Hoje, Wladimir, na pedra, tem uma penetração fantástica. Quando eu apoiei no segundo turno, muita gente falava: “Pô, o Wladimir...”. Wladimir, com o trabalho, conseguiu ocupar o espaço que a oposição outrora ocupava. Quero falar aqui, não como um vereador da base governista, mas como um vereador que anda em todos os lugares: Wladimir está muito bem em todos os lugares, visto que a pesquisa deu aí 66,8%, e ainda faltam sete meses para trabalhar. Eu acho que o Wladimir tem tudo para repetir Rosinha em 2012, com algo em torno de R$ 70%, 69%, 68%. No primeiro turno ele ganha. Essa é a minha opinião.

Pesquisa à Câmara — Na questão da eleição proporcional, quando vem para a pesquisa, é muito difícil conseguir ter uma margem segura para você passar. (...) Vereador às vezes pega nichos, então você não consegue fazer numa pesquisa. Às vezes tem um lugar em que o candidato faz 600 votos, mas o pesquisador nem vai lá, então, o vereador não aparece ali. E a questão da reprovação na pesquisa de vereador, de que não estão satisfeitos com a Câmara, isso eu acho que é uma coisa muito genérica (...) O voto para vereador é muito pessoal e não consegue aparecer em pesquisa, nem descobrir direcionamento. Quando você pergunta se o eleitor está insatisfeito com a Câmara, ele entende que é todo mundo e diz que não está.

Mudança nas cadeiras — Na outra eleição, em 2020, dos 25 só voltaram cinco. Então, foi uma renovação nunca vista, com 80%. Acredito que desta vez vai ser o inverso. Eu acredito que, dos 25 vereadores, devem voltar em torno de 17, 18, 19 vereadores. No grupo governista hoje, nós estamos trabalhando com um número de 18 a 20 vereadores para a gente fazer nas sete nominatas. Essa é uma coisa muito pé no chão, fazer de 18 a 20. Desses eu acredito que 16, 15, são vereadores de mandato. Ou seja: dos 16 do prefeito, voltariam 15, 14, não sei. É difícil a gente fazer o número exato. A questão da oposição, os outros nove, eu não tenho como mensurar, porque não tenho acesso à nominata. Se nós fizermos 20, existe uma chance grande de os 16 voltarem.; 14, 15, 16... É algo em torno disso. E fazendo de quatro a seis secretários vereadores.

Desafios a nomintas — De um lado (grupo governista), tem a pujança, muitos candidatos; e do outro, eu acho que há de menos. Na questão de a gente ter candidatos em excesso, a mais, isso é bom. É como um time que tem um monte de jogador bom: você bota um time bom e fica com jogador de reserva no banco com qualidade para jogar. É a máquina, a Prefeitura trabalhando, todo mundo quer estar perto do prefeito e ajudar o prefeito. Na hora de ser candidato, também vão colocar o nome à prova, isso faz parte do processo. Eu acho que a oposição vai ter muito trabalho de montar nominata. O prefeito também vai ter, mas o prefeito tem muitos nomes. Teremos menos trabalho.

Presidência da Casa — A gente aprende a cada dia. Wladimir ganhou para prefeito e, lá no começo, eu acho que ele realmente não se atentou muito, porque ele estava com muito problema em questão de administrar a cidade. Ele não se atentou muito à questão da Câmara (...) Você vê que culminou com a perda da presidência da Câmara, que veio a contribuir da forma negativa no sentido da gestão dele. Ele hoje está muito mais antenado sobre isso, está muito mais focado também em fazer uma nominata forte e fazer vereadores realmente que ele sabe que pode contar (...) Acho que ele aprendeu a entender o que é importante, ter um olhar muito atento à Câmara também, saber que a Câmara tem que estar em sintonia com o Executivo. Ele aprendeu muito.

Volta da Câmara — Ano eleitoral é ano eleitoral sempre. Em Campos, o termômetro sobe todo ano. Não vai ser diferente este ano. Aqui em Campos, a política é muito acirrada. Nossa cidade é uma cidade extremamente politi-queira. Nós temos uma Câmara de 25 vereadores, cada um defendendo ali o seu espaço. É natural, normal, que às vezes o clima suba de um lado, de outro. A gente vai estar lá para falar bem, para defender, para contextualizar. Então, faz parte do processo político. Eu não espero nada calmo, não. Eu sou da paz, não falo mal de ninguém, defendo o meu governo, defendo o meu prefeito, compro as ações e estou ali para o que precisar. Nós estamos ali. Não espero nada a banho Maria, não. Campos não tem isso, não. Em Campos, é termômetro lá em cima; é carro a diesel, temperatura alta mesmo.

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