Buchaul atrás do voto conservador e com críticas aos atuais grupos políticos
Rodrigo Gonçalves, Aluysio Abreu Barbosa e Cláudio Nogueira 27/01/2024 08:12 - Atualizado em 31/01/2024 16:22
Buchaul falou com ressalva
Buchaul falou com ressalva
Com críticas ao governo Wladimir Garotinho (PP) e apontando “fragilidade” da oposição feita ao prefeito, principalmente na Câmara de Vereadores, o pré-candidato à Prefeitura de Campos pelo Novo, o odontólogo Alexandre Buchaul acredita que a eleição municipal de 2024 não está tão encaminhada como apontam as pesquisas que colocam Wladimir como favorito à reeleição em 6 de outubro, daqui a pouco mais de oito meses. “Fazendo um trabalho bom de oposição, mostrando os erros, as dificuldades, dando voz às pessoas que estão insatisfeitas e dando a elas uma opção, eu acredito que Wladimir vá cair e a gente vá ter um segundo turno, e aí é outra eleição”. Ao participar do Folha no Ar dessa sexta-feira (26), na Folha FM 98,3, Buchaul falou também do nível da política goitacá, da novela da Lei Orçamentária Anual entre Garotinhos e Bacellar e da disputa por uma cadeira na Câmara Municipal. “A estratégia da oposição na LOA foi um tiro de canhão no pé”. Por outro lado, vê na “estratégia do medo”, usada por Wladimir sobre o orçamento travado, um capital político eleitoral em benefício do próprio prefeito. Sobre a disputa do voto de direita em um município bolsonarista nas duas últimas eleições presidenciais, o prefeitável vai em busca do voto conservador e aposta como diferencial a seu favor lutas já travadas na esfera local, como na Saúde, destacando problemas no HGG e o setor odontológico do município.  
 Votos campistas em Bolsonaro — Campos é uma cidade conservadora, uma cidade muito religiosa. As pessoas têm um apego à religião bastante grande. Tanto evangélicos, quanto católicos, majoritariamente, e acabou encontrando no discurso de Bolsonaro, voz para aquilo que sentia, às vezes, até meio que reprimido, em função do discurso majoritariamente de esquerda, que vigorou da política nacional. Quando a gente vem para questão local, muda um pouco, porque as pessoas acabam levando uma questão mais paroquial. A eleição nacional influencia, a bipolarização nacional influencia, mas eu acho que o eleitor vai acabar olhando mais a questão local também, aquilo que mais o afeta aqui próximo (...) Eu vou colocar as minhas propostas, as minhas condições, a minha história dentro da disputa e deixar que as pessoas decidam, que as pessoas escolham. É difícil dizer quem (prefeitáveis alinhados à direita) vai chegar até o final da corrida, quem vai absorver, quem vai conseguir realmente mostrar ao eleitor que representa esse campo de pensamento.

Antipetismo — Eu tenho uma história de participação política quase que todo de antipetismo. Eu me filiei ao PSDB lá atrás em função deste antipetismo, dessa necessidade de fazer algo mais do que ficar apenas insatisfeito em casa, que é justamente a bandeira do Novo. Sair da insatisfação para a ação (...) A minha Bandeira é o Novo, não é o bolsonarismo. A gente tem na cidade pessoas que têm a ideia conservadora, têm ideais conservadores e liberais e que são um campo a ser explorado, porque eles não têm representação, não se sentem representados. Haja visto, o enorme número de pessoas que não votou. A gente tem a abstenção, votos brancos e nulos uma enormidade, pessoas que não estão se sentindo representadas por nenhum candidato (...) As pessoas vão enxergar que existe uma outra possibilidade. Existe uma outra direita, existe uma possibilidade de ouvir, de diálogo, de compreensão, de avanço em pautas que, às vezes, são demonizados. A gente precisa evoluir dentro do diálogo, da capacidade de colocar as ideias de forma menos beligerante.

Pesquisas a favor de Wladimir — Fato que, em 2023, Wladimir, surfou sozinho. Ele navegou sozinho em mar de almirante. Uma oposição frágil, uma oposição que se aliou ao governo em troca de ser atendida em alguma coisa lá. E aí você teve uma pacificação que permitiu a Wladimir nadar de braçada, como dizem no popular. Ele levou todo ano de 2023 com muita facilidade. Ele só começou a ter dificuldade na LOA e aí a briga da LOA, uma coisa terrível, acabou o favorecendo. Ele saiu favorecido e isso foi mais agora, início de 2024, mais do que 2023. A oposição foi muito ruim, muito frágil, não teve estratégia nenhuma nesse aspecto, a estratégia eleitoral. Não usou o espaço que tinha, não usou o tempo que tinha, não usou a voz que tinha na Câmara. Enfim, isso deu muita facilidade a Wladimir. E a pesquisa, ela é um retrato de momento (...) Como dizem nos investimentos, resultados passados não são garantias de resultados futuros. A oposição precisa se tornar mais inteligente e usar a estratégia mais profissional e mostrar os erros do governo, mostrar as dificuldades das pessoas. As pessoas vão para o HGG, e eu estive no HGG no dia de Santo Amaro, acompanhando um paciente e levei 12 horas de pé. Um paciente em observação, um senhor de 90 anos, sentado numa cadeira 12 horas e isto não é uma coisa fora do normal, isso é o que acontece todo dia. Então, essas pessoas, se elas forem alcançadas, se elas enxergarem a representação na oposição, pode ser que mude esse quadro visto hoje na pesquisa, e pode ser que tenha aí um segundo turno e o segundo turno é outra eleição. Tem o transporte também. O ponto de ônibus está pintado, está bonito, mas não tem ônibus, não tem transporte. Está colapsado desde o final do segundo mandato de Rosinha. Então é preciso comunicar-se com as pessoas e mostrar a elas os problemas que o governo tem, mesmo tendo uma máquina de propaganda que funciona à venda da perfeição.
Reflexo da LOA para a oposição — A estratégia da LOA foi um tiro de canhão no pé. Tanto na questão da forma como a Câmara se conduziu, pensemos juntos aqui: tinha um motivo para não votar a LOA, que eram relatórios que faltavam, eram problemas insanáveis do documento, como é que depois de uma conversa com o Ministério Público, uma conversa entre os dois grupos políticos, isso foi colocado em votação sem que fosse sanado? Então, não era esse o problema. Esse é um ponto. E o segundo ponto, existe uma questão da narrativa em torno disso, e Wladimir dominou a narrativa. Ele usou a estratégia do medo... distribuiu a estratégia: “Olha, vai faltar dinheiro para o hospital, para o servidor, vai ficar todo mundo sem salário”. Usou a estratégia do medo, as pessoas realmente ficaram aterrorizadas com a situação, e, ao estarem aterrorizadas com a situação, adotaram a posição do governo contra a oposição na Câmara, porque a posição do governo era a posição delas naquele momento, então não tenho a menor dúvida de que foi um “Ele não”, que virou um LOA não!

Saúde entre elogios e críticas — É um efeito das obras do HGG e da reabertura de algumas UBS. Mas principalmente das obras de reforma do HGG, que o Estado está fazendo. A frente do HGG está toda reformada e aí você tem a emergência reformada, apesar de precisar ser questionada a qualidade da obra, porque você já tem cadeiras quebradas e já surgem indícios de mofo no teto, tanto no repouso feminino como na observação. Isso é sinal de que o telhado está ruim. Nós não tivemos uma temporada de chuvas tão intensa. Mas, está tudo reformado, as camas são novas, de excelente qualidade. O ambiente do HGG melhorou muito em relação ao que se tinha antes. Isso traz o impacto positivo e coloca lá como um ganho para ele. Ao mesmo tempo, as pessoas, quando precisam usar o serviço, percebem o que eu percebi. Ficamos 12 horas em pé do lado de uma cadeira. Isso não é uma excepcionalidade, é a realidade. E aí você tem na mesma pesquisa, medindo satisfação por conta da reforma, talvez até de pessoas que não tenham utilizado o serviço ou tenham utilizado de forma mais rápida, na emergência, e de um outro lado, você tem as pessoas que realmente tiveram a necessidade de contato com o serviço de forma mais próxima e percebem que não melhorou como deveria ou não está de acordo com a propaganda que se tem.

Nota de 0 a 10 para Wladimir — O governo de Wladimir tem um setor que merece nota 10. A propaganda do governo Wladimir é excepcional. Ele anda cercado por fotógrafos, por filmmakers ou social mídia. Ele colocou quase todos os digitais influencers da cidade para trabalhar para ele, levou todo mundo para o Farol. O setor de propaganda dele merece um 10, o resto não. O resto funciona ali em uma média. Então 6 dá para passar de ano (...) A própria questão de incluir 10 mil pessoas no Cartão Goitacá, o Cheque Cidadão aí 4.0. Essas 10 mil pessoas que o Cartão Goitacá, não estavam passando fome no passado, não estavam passando fome em 2022, quando se guardou esse um bilhão para usar neste ano? Só começaram a passar fome agora? Tem coisas que você vê que tem um objetivo só eleitoral, apagar incêndio. Não é preocupação ao projeto para a cidade. Não sei se para passar de ano, porque vem fazendo alguma coisa, mas não é um bom governo, não é um governo que a gente possa olhar para a frente e dizer: “Olha, temos aqui uma mudança na curva”.

Segundo turno — Nesses três anos passados Wladimir governou sem oposição, governou sem que ninguém mostrasse à população os seus erros. E aí a propaganda dele muito forte. Não bastasse isso, ele governou esses quase três anos, comparando com os quatro anos de Rafael anteriores, um tremendo desastre. Nessa comparação ele saiu muito beneficiado. Quando houver a colocação realmente das pré-candidaturas, lá em agosto, as pessoas vão começar a ver diferenças de projeto, diferenças de perspectivas sobre a avaliação do governo. Por enquanto, a narrativa do governo está dominando. Acredito, sim, que haja queda nesses índices, até porque esse índice do governo é um teto. Wladimir não tem mais quem alcançar. Ele já é absolutamente conhecido pela população. A propaganda dele está funcionando, o tempo inteiro, então ele só tem como cair. Ele não tem como subir, não tem espaço para subir. A colocação das outras pré-candidaturas, a colocação dos outros projetos, tende a leva-lo para baixo, fazendo um trabalho bom de oposição, mostrando os erros, mostrando as dificuldades, dando voz às pessoas que estão insatisfeitas e dando a elas uma opção. Eu acredito que ele vá cair, sim, e acredito que a gente vá ter um segundo turno.

Diocese quer nivelar debate por cima — Eu acho interessante que a Igreja queira trazer as pessoas a essa razão, trazê-las a pensar a respeito do posicionamento, da forma como nós acabamos influenciando as outras pessoas lá. Se você faz um discurso muito beligerante, por mais que para os candidatos, possa não parecer nada, Wladimir vai lá faz um discurso batendo em Marquinho, Marquinho faz um discurso batendo em Wladimir, Marcos Bacellar faz um discurso dizendo que vai às vias de fato, depois eles sentam e almoçam juntos, mas o povo de fato se pega. Quem a adere a um a outro acaba se pegando na rua de fato, então precisa ter essa preocupação de arrefecer os ânimos, de fazer uma campanha em busca da paz sempre. A Igreja busca isso. Inclusive, sugeri que faça sabatinas ao longo do processo eleitoral, com os pré-candidatos, ou depois de lançar as candidaturas, para que possa explorar mais as questões próprias da Igreja, e os candidatos tenham o tempo de se expor sem o ambiente de debate em si, sem a pancadaria.

Decoro — É preciso manter o decoro. É preciso ter limites, inclusive limites mais rígidos. Os limites estão muito fluidos. Tudo se permite e aí são ataques infundados, mentiras veiculadas, ameaças veiculadas e aí, no momento seguinte, se volta atrás. Depois, faz-se de novo a mesma coisa. Isso de lado a lado, e o debate se torna uma coisa que enoja. Isso enoja o cidadão comum da política, as pessoas comuns, as pessoas normais se afastam da política por conta disso. Teve um episódio que uma manifestação no Centro, alguns comerciantes resolveram fazer uma manifestação, colocaram o caixão, representando a morte do Centro e foi tudo destruído por Juninho Virgílio e mais um grupo junto com ele, Juninho e Thiago (Virgílio), e mais alguns. Então, assim, essa violência, ela vai, vai, vai... Até que ela se tenha um corpo no chão, em algum momento acaba tendo um corpo no chão. Isso precisar estancar, precisa acabar. A política tem que ter um debate mais sério, mais limpo, um debate de propostas de ideias. É o que a gente pretende fazer pelo Novo. Apresentar realmente um projeto alternativo e ver se a gente consegue convencer a população de que isso é realmente o melhor para a cidade.

Outros pontos a serem atacados — A questão mesmo do índice de gestão fiscal, ninguém abordou. Ninguém tocou nessa questão, ninguém disse porque esse índice estava daquele jeito (baixo). Ninguém disse quem eram os fiadores daquele índice. Ninguém disse que aquele índice estava daquele jeito por causa dos 40% de defasagem do servidor (...) Trazer a comparação entre um eventual Wladimir 2, e o Rosinha 2, concreto, que teve lá atrás. O uso da Prefeitura de Campos como trampolim para o Governo do Estado. Você vai ter dois anos de gastança para financiar um Governo do Estado e lembrar que, lá no Rosinha 2, Garotinho foi candidato, foi naquele meio tempo, dos dois primeiros anos de Rosinha, Garotinho candidato e a cidade ficou à míngua nos dois anos seguintes. Redução dos serviços públicos, corte de RPA, corte de Cheque Cidadão, que era na época ainda, os benefícios sociais foram cortando, os hospitais ficaram à míngua, as instituições ficaram sem recursos... Os dois últimos anos do Rosinha 2 foram um fim de feira. Por quê? O uso político eleitoral da Prefeitura de Campos, como trampolim para o Governo do Estado. É mostrar que isso vai acontecer de novo. Wladimir já esteve no Rio conversando com Pamponha sobre uma eventual candidatura do Governo do Estado. A briga dele com (Rodrigo) Bacellar tem um pouco nisso. Isso precisa ficar claro que a população. Precisa ficar claro primeiro mandato com muitas entregas serve para conquistar o segundo e esse segundo mandato vai servir para impulsionar para o Governo do Estado, e, a hora de impulsionar ao Estado, a cidade fica com a conta para pagar.

Pesquisa aponta disputa à Câmara favorável à base — Isso é reflexo e já foi até mencionado por outros entrevistados aqui, que é RPA. Cartão Goitacá e do mandato. Eles têm mandato ou quando não tem mandato, tem uma secretaria e usam isso para ganhar visibilidade. Obviamente são mais conhecidos, e Campos ainda é uma terra de feudos políticos, de coronelismo. E esse coronelismo se mantém em cima de favorecimentos e de violência política. Então, esses indivíduos que já dominam a Prefeitura têm essas benesses de que O RPA é ligado a eles, fulano tem não sei quantas vagas... Fulano rompeu com o governo, demitiram-se todos os indicados, então isso reflete na pesquisa. É preciso mostrar para o povo que isso é uma espécie de escravidão. Um RPA que não cumpre legislação, é uma ilegalidade, não tem direitos trabalhistas reconhecidos. É um tipo de contrato de trabalho ilegal, precário e que escraviza o indivíduo à vontade do gestor.

De olho no Legislativo — O Novo vem para renovar a questão da Câmara de Vereadores. Nossos candidatos são todos candidatos que não foram eleitos em outros mandatos. São candidatos que, se forem eleitos, será o primeiro mandato. Todos passaram por um processo seletivo. Todos têm, todos têm compromissos firmados com o partido, fazem cursos, fazem isso, têm que se preparar do cargo. A gente, com o Novo, tem condição de oferecer candidatos, bons candidatos que entendam qual é o papel do vereador, candidatos que e sabem o que o vereador deve ou não fazer. Já temos mulheres dispostos a concorrer, já temos homens dispostos a concorrer em quantidade razoável, continuamos abertos e convidando as pessoas a se filiarem, participarem do processo eleitoral pelo grupo.

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