Segundo a manicure Erlany Melo, de 29 anos, o aplicativo ajudava na economia de tempo. “Nós sabíamos onde os ônibus estavam e assim, dava para ir ao ponto na hora certa. Isso ajudava muito no controle de tempo porque você podia se programar”, disse.
O Mobi Campos monitorava, por GPS, os veículos que faziam parte do sistema de transporte municipal em seus trajetos e permitia ao passageiro estimar o horário de chegada do coletivo ao ponto de interesse, evitando a espera desnecessária.
— Acho que esse aplicativo foi um acerto do antigo governo e poderia ter sido seguido por Wladimir. As pessoas podiam monitorar os coletivos e regular o horário, principalmente à noite, e ninguém ficava perdendo tempo nos pontos, expostos aos assaltos — disse a atendente de farmácia e moradora de Travessão, Bianca Araújo, de 30 anos.
O coordenador do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Universidade Candido Mendes (Ucam), no qual o Mobi Campos foi criado, Ítalo Matias, contou que levou quatro anos criando e desenvolvendo o aplicativo.
— O aplicativo foi muito importante porque contava com uma tecnologia de primeira. Não sabemos porque a Prefeitura não renovou a parceria, até mesmo porque o aplicativo ajudava muito e não pesava no celular. Tivemos à época, mais de 100 mil downloads, o que mostra o sucesso — disse.
O Mobi Campos foi suspenso em abril de 2021 e segundo Ítalo, o IMTT chegou a procurá-los, mas depois não deu mais retorno. “ Depois disso, eu busquei o instituto para discutir a manutenção do programa, mas eles não demonstraram interesse em manter a parceria", ressaltou Ítalo.
O aplicativo ainda aparece nas plataformas. " Acredito que ainda esteja nas plataformas, sim. O Mobi Campos foi um sucesso no meio acadêmico, enquanto estava em funcionamento. Possivelmente foi utilizado como modelo em estudos de TCCs e também para resultados em dissertações", destacou o coordenador e desenvolvedor do aplicativo.
No desenvolvimento do aplicativo, em 2017, o grupo de pesquisa contou com a parceria da Auto Viação São João, que cedeu os dados de monitoramento da sua frota. O projeto, então, foi apresentado à Prefeitura de Campos, que aderiu à ideia e firmou um Termo de Cooperação Técnica com a Ucam. A partir da parceria, o programa se estendeu às demais empresas de ônibus. Em 2019, os dados de todos os ônibus do sistema de transporte regular de Campos já estavam integrados ao Mobi Campos.
Sobre o aplicativo anterior, o IMTT informou que tinha inconsistências com as necessidades da população, “como garantias de proteção de dados insuficientes, além de não permitir o compartilhamento das informações”.