Primeira audiência do caso Letycia Fonseca é iniciada no Fórum de Campos
Éder Souza e Catarine Barreto 18/05/2023 14:28 - Atualizado em 18/05/2023 19:30
  • Mãe de Letycia foi a primeira a dar depoimento

    Mãe de Letycia foi a primeira a dar depoimento

  • Delegada Natalia Patrão em depoimento na audiência

    Delegada Natalia Patrão em depoimento na audiência

  • Outros acusados também participam

    Outros acusados também participam

  • Diogo Viola participa da audiência

    Diogo Viola participa da audiência

Terminou há pouco, às 19h20, a primeira audiência de instrução e julgamento da morte de Letycia Peixoto Fonseca. Letycia foi assassinada aos 31 anos no dia 02 de março deste ano, quando estava grávida de 8 meses do seu filho Hugo, que também morreu. A audiência aconteceu no Fórum Maria Tereza Gusmão, em Campos.
Nesta primeira fase, seriam ouvidas 50 testemunhas, entre familiares, amigos e policiais que participaram da investigação, mas 19 pessoas falaram na primeira fase. Entre as testemunhas que participaram da audiência, a mãe de Letycia, Cintia Fonseca, a esposa de Diogo Viola de Nadai, Erika Nadai, e a delegada Natalia Patrão, titular da 134ª DP, que ficou responsável pelo inquérito policial. 
Conduzida pelo juiz Adones Henrique da Silva, titular da 1ª Vara Criminal, a audiência será concluída em uma nova data, que ainda não foi divulgada pela Justiça. A audiência, que começou às 13h44, foi encerrada após a desistência de interrogar a irmã do Fabiano Conceição da Silva, acusado de ter atirado em Letycia. 
Veja a linha do tempo da audiência de instrução e julgamento até o final
19h12- Um outro motorista de Uber começa o depoimento. Ele conta que recebeu duas ligações do Dayson pedindo uma corrida, mas não aceitou. O motorista de Uber disse que conhecia o Gabriel de um clube que ele fazia eventos. 
19h05- Um motorista de Uber começou o seu depoimento dizendo que conhece o Dayson dos Santos, que pilotou a moto no dia do crime, apenas de vista. O Dayson e o Gabriel (interlocutor) solicitaram uma corrida de Ururaí para o Carvão, mas a viagem foi encerrada antes, próximo a uma rotatória. Depois, o Dayson ligou para ele pedindo para buscá-los na Chatuba do Parque Aurora. Quando ele estava a caminho, Dayson ligou dizendo que não precisava mais porque a moto tinha voltado a funcionar. Ele não soube explicar de onde essa moto surgiu.
18h51- Outra testemunha começa o depoimento. O homem começou a dizer que não é amigo do Diogo, mas conhece o acusado há 15 anos através de um primo e do pôquer. Ele, que é proprietário de uma loja de carros, disse que já vendeu três veículos para o Diogo. No dia 01 de março, esse homem teria recebido uma ligação do acusado para falar sobre pôquer e que o Diogo pediu 30 mil reais emprestados. Ele ligou, então, para o primo do Diogo, que informou que ele era uma pessoa correta. No dia 02 de março, a testemunha entregou a quantia em dinheiro em frente ao prédio de Diogo. O acusado disse que o dinheiro seria usado para pagar débitos da loja dele (Diogo) e outras dívidas. O empréstimo foi feito em dinheiro vivo dividido em quatro parcelas, segundo ele. Como o Diogo não pagou, ele disse que o pai do acusado vai quitar a dívida. 
18h28- Um amigo de Diogo há 10 anos começou o seu depoimento neste momento. Ele contou que sabia da relação do amigo com a Letycia, mas que também conhecia a esposa de Diogo. O amigo disse que questionou Diogo sobre o relacionamento, mas ele disse que já tinha se separado. No dia do crime, ele recebeu uma ligação de Diogo, que chorava bastante, dizendo que a mulher com quem ele tinha uma relação, no caso Letycia, tinha sido baleada. Ele foi para o hospital encontrar Diogo e descobriu, no hospital, que ela estava grávida. Ele procurou o amigo pelo hospital, não o encontrou e foi embora. Depois, Diogo ligou para ele dizendo que era o pai da criança.
17h41- A eposa de Diogo há quase 13 anos, Erika de Nadai, começa o seu depoimento. Erika fala que já iniciou o processo de divórcio e que nunca desconfiou da traição do marido, que dizia que saía para se tratar em clínica psiquiátrica. Ela contou ao juiz e aos promotores que mentiu no primeiro depoimento dado à Polícia Civil por medo. Emocionada, Erika falou que na semana do crime, Diogo dormiu fora de casa e disse que estava na clínica. Perguntado por ela sobre o crime e sobre Letycia, ela conta que o marido se esquivou. Erika informou que pediu para ter uma última conversa com o marido. Ela deu entrada no pedido de carteirinha de visitas ao presídio hoje, mas não foi visitá-lo. Ela conta que recebeu uma foto dele escrita "amor eterno" de um número desconhecido. 
Perguntada se ela tinha conversado com o Diogo no dia do crime, ela contou que só entrou em contato com o marido por telefone, que disse a ela que estava enrolado com uma pessoa que estava internada no HFM, mas não contou sobre o que tinha acontecido com Letycia. "Eu fiquei em choque", disse a esposa. 
17h36-  Neste momento, quem começou a falar foi a zeladora do condomínio em que Letycia e Diogo moraram. Ela falou que não tinha contato com o casal e que a mãe de Letycia, Cintia, costumava visitá-los. A zeladora contou que achava que Letycia fosse solteira, mas depois de um tempo, ela começou a ver Diogo no condomínio. Ela disse que soube por moradores que a PM havia sido chamada para uma briga do casal. 
17h28- A corretora que vendeu um apartamento a Letycia pediu para que os acusados saíssem durante o depoimento dela. O pedido foi aceito pelo juiz. Ela contou que a papelada do contrato foi tratada com Letycia, que apresentou documentos de solteira. A corretora também disse que conheceu Diogo só depois do contrato fechado, mas que ele parecia ter um comportamento normal.
17h14- Diogo de Nadai chora ao acompanhar o depoimento da empresa da esposa. 
17h14- Neste momento, quem foi ouvida foi a empregada doméstica há 10 anos de Erika Soares, esposa de Diogo. Ela contou que Diogo sempre foi uma boa pessoa, educado e um patrão maravilhoso. A empregada disse que só tomou conhecimento da relação do Diogo com a Letycia após a morte da vítima. 
17h12- A esposa de Gabriel Machado Leite, acusado de ser o interlocutor do crime, também falou na audiência. Ela disse que o marido usava o celular dela, que também foi apreendido. A testemunha ainda contou que no dia do crime, uma quinta-feira, Gabriel saiu e só voltou no sábado. Quando ela pegou o celular, viu pesquisas como "grávida morta e "gestante". Ela concluiu o depoimento dizendo que ele saiu novamente falando que precisava trabalhar. 
16h44- Uma tia de Letycia também foi uma das testemunhas. Ela disse que Diogo chegou a agredir a Letycia em uma discussão no apartamento dos dois no Flamboyant. Diogo teria agredido a companheira porque soube de uma conversa que ela tinha tido com um homem que ela conheceu enquanto os dois estavam separados. Como Letycia se recusou a mostrar as mensagens, segundo a tia, ele a agrediu. Os vizinhos chamaram a Polícia, mas como Diogo pediu desculpas e falou que isso não aconteceria mais, Letycia liberou os policiais. Em depoimento, ela ainda disse que o Diogo gostava de afastar a Letycia das amigas. A tia classifica o ex-companheiro da sobrinha como agressivo e possessivo.
16h30- Uma amiga de Letycia há 16 anos contou que o Diogo perseguia a vítima quando eles se separavam. Segundo ela, Diogo tinha costume de tirar fotos de Letycia quando encontrava com ela em algum lugar e logo depois enviava as fotos para ela, dizendo que sabia por onde ela andava. Ela contou que o Diogo não gostava da amizade das duas. A testemunha ainda disse que nunca aprovou o namoro da amiga, mas não se metia no relacionamento dos dois. De acordo com a amiga, um episódio de ameaça de Diogo contra Letycia já tinha acontecido. A vítima, durante uma separação, teria recebido uma carta de um homem. Essa carta foi guardada em um armário e foi descoberta por Diogo após uma reconciliação. Ao descobrir, ele teria disso que mataria Letycia por isso.
16h09- O irmão de Letycia, Leonardo Peixoto, falou que não informou ao Diogo que Letycia tinha sido baleada. Segundo Leonardo, Diogo foi apenas informado que precisava encontrar a família de Letycia no HFM. Leonardo estranhou a pergunta de Diogo sobre a quantidade de tiros que atingiram a irmã.
15h57- Célio Peixoto, tio de Letycia que a socorreu no dia do assassinato, disse que quando Diogo chegou no HFM, ele perguntou se a vítima tinha morrido e quantos tiros tinha tomado. Além disso, ele falou que Diogo era reservado e que ele não apareceu para registrar o filho, Diogo só compareceu ao sepultamento das vítimas.
15h52- Um Polícia Militar narrou, em depoimento, o modo frio que o Diogo Viola perguntou se a Letycia tinha morrido. Ele disse que estranhou a atitude do companheiro da vítima. A viatura que ele trabalhava no dia do crime foi encaminhada para o Hospital Ferreira Machado para verificar o caso. 
15h50- Um policial do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV) falou sobre a abordagem que foi feita por ele a dois acusados, o executor do crime e o condutor da moto, horas antes do assassinato. A abordagem aconteceu na RJ 238, quando os acusados estavam em um carro branco em alta velocidade. Na abordagem, eles foram revistados, mas como não havia nada de ilícito, foram liberados.
15h40- Com o fim do depoimento da delegada Natalia Patrão, a médica que atendeu o bebê Hugo no hospital, que não teve o nome divulgado, começou a falar. O depoimento dela foi curto, já que não recebeu perguntas do MP e nem do juiz. Ela contou que o menino deu entrada na Beneficência Portuguesa às 22h30 e morreu às 8h do dia seguinte ao crime. 
14h33- A delegada Natalia Patrão, responsável pela investigação policial do caso, é a segunda testemunha a dar depoimento no Fórum. Ela relata partes do processo de investigação, como as informações obtidas através da apreensão do celular de Diogo Viola de Nadai. Natalia conta que no celular do acusado foram encontradas pesquisas de como apagar o histórico do aparelho. 
13h30- Cintia Fonseca, mãe de Letycia, é a primeira a falar. Ela também foi baleada no dia do crime. Em depoimento, Cintia se emocionou contando os últimos dias de vida da filha. De acordo com Cintia, Diogo, acusado de ser o mandante do assassinato, dormiu sozinho na casa dela depois do assassinato. Ela não quis que nenhum dos acusados assistisse o depoimento dela. 
13h44- João Gabriel Ferreira Tavares, apontado como o dono da motocicleta usada no crime, não foi indiciado pelo Ministério Público, mas foi arrolado pela acusação. Com isso, através de pedido da defesa, ele foi liberado dessa primeira fase pelo juiz. O juiz ainda liberou da oitiva a mãe de Dayson dos Santos, que pilotava a moto. 
Família faz protesto em frente ao Fórum - Antes da audiência ser iniciada, familiares e amigos fizeram um protesto em frente ao Fórum. Com faixas e cartazes, eles pediram justiça pela morte de Letycia e Hugo.
Como vai funcionar a audiência - Um dos advogados de defesa da família de Letycia, Marcelo Barreto, explicou que o processo está na primeira fase processual, no qual ocorrem as oitivas de testemunhas de acusação e defesa, além dos depoimentos dos acusados. "Após isso, o juiz vai proferir decisão, seja ela favorável aos acusados ou de pronúncia. O juiz, ao decidir pronunciar o acusado, admite a imputação feita e a encaminha para julgamento perante o Tribunal do Júri. isso ocorre quando ele se convence da materialidade do fato (crime) e de indícios suficientes de autoria ou de participação. Como advogado e amigo da família, entendo que há materialidade e fortes indícios para haver a decisão de pronúncia", afirmou.
Em 31 de março, o Ministério Público apresentou à Justiça denúncia contra os quatro presos por suspeita de envolvimento no crime, após conclusão do inquérito policial. Fabiano Conceição Silva, suspeito de ter atirado na vítima; Dayson dos Santos, que pilotava a moto usada no crime; Gabriel Machado Leite, acusado de ter o interlocutor; e Diogo respondem, segundo o Ministério Público, por homicídio triplamente qualificado contra Letycia e o seu filho Hugo e, ainda, por tentativa de homicídio triplamente qualificado contra a mãe da vítima, Cintia Pessanha Peixoto.
Diogo mantinha relacionamento com Letycia desde 2015
Diogo mantinha relacionamento com Letycia desde 2015
Crime - Letycia estava no carro da empresa em que trabalha conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto, que pararam ao lado do automóvel. O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna esquerda. Câmeras de segurança flagraram o momento do assassinato.
Também no momento do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, em casa, após um passeio de carro que fazia sempre com ela para acalmá-la. No banco do carona, Simone, que tem Síndrome de Down, ficou coberta de sangue e a família diz que ela chora o tempo inteiro. Segundo o tio de Letycia, eles chegaram a pensar que a Simone havia sido baleada, mas se tratava de grande quantidade de sangue de Letycia após ser atingida.
As duas foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a UTI neonatal da Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Já a mãe da gestante foi atendida, fez exames e recebeu alta.

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