Agroenergia entre as opções
03/06/2023 08:57 - Atualizado em 03/06/2023 09:00
Divulagação assessoria. Foto: Leonardo Berenger
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, seguido da Índia. A maior parte da produção ocorre na região centro-sul do país, a qual representa mais de 90% da produção nacional. As usinas e fornecedores fluminenses estão dentro da fatia dos 10% fora do eixo tradicional de produção. Quando a questão é a produção de energia através da biomassa da cana-de-açúcar (palha e bagaço), no caso a agroenergia, o potencial existe, afirma o presidente da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana (Asflucan), Tito Inojosa. O que falta é investimento, pontua.
No interior do Rio de Janeiro, a concentração da cultura nesta safra que começa a chegar à indústria sucroalcooleira, a previsão é de 1,8 milhão de toneladas de cana para ser esmagada. Três usinas, das quatro do Estado do Rio, iniciam a moagem da matéria-prima que seguirá até o segundo semestre.
“Esse ano a produção da Coagro-Unidade Sapucaia será de 70% de açúcar e 30% álcool (que também são biomassas da cana). A usina Nova Canabrava produz só álcool e a usina Agrisa, em Cabo Frio, também, só álcool”, diz Tito.
Divulgação assessoria. Foto: Leonardo Berenger
No estado do Rio, a produção da biomassa da palha e bagaço não existe, mesmo com todo o potencial. O presidente da Coagro, Frederico Paes, já adiantou em entrevistas que essa possibilidade não está descartada. A cooperativa, inclusive, adquiriu a unidade Paraíso e no primeiro momento, o pensamento é aumentar a produção de cana na região.

No país, a biomassa da cana-de-açúcar vem sendo historicamente utilizada para a produção de açúcar e etanol, produtos que são derivados do caldo extraído do colmo da cultura. O caldo representa apenas pouco mais de um terço do potencial energético da cana-de-açúcar.

Os resíduos lignocelulósicos, representados pelo bagaço e palha, representam grande parte do potencial energético da cana-de-açúcar.
Divulgação assessoria. Foto: Leonardo Berenger

Algumas pesquisas apontam que o Brasil apresenta um potencial de produção de mais de 160 milhões de toneladas de bagaço, sendo que a região centro-sul sai na frente com 92% da produção nacional. O bagaço é principalmente utilizado para a cogeração de eletricidade. Atualmente, a eletricidade produzida a partir do bagaço (e da palha em menor quantidade) é uma das principais fontes de eletricidade no Brasil e representa uma importante receita para o setor sucroenergético nacional.
Nas últimas décadas o setor sucroenergético passou por grandes transformações devido à proibição do uso prévio de fogo antes da colheita e ao advento da colheita mecanizada o que facilitou a retirada da palha.

É importante frisar que a energia proveniente da biomassa cultivada ganhou destaque mundial como fonte renovável de energia, devido aos impactos da última crise energética (2007-2008). Além disso, há os temores de que as mudanças climáticas e ambientais sejam irreversíveis.
Neste novo contexto, passou a ser exigida uma nova “revolução verde” na agricultura. Por outro lado, “as controvérsias sobre a sustentabilidade econômica, riscos ambientais e à segurança alimentar precisam ser dirimidas ou, ao menos, minimizadas. Para isto, é necessário que a agroenergia esteja contemplada em estudos macroeconômicos e em planejamentos energéticos e territoriais”, afirmam os pesquisadores.

Pauta no Congresso

Em março, o presidente Asflucan, Tito Inojosa, participou em Brasília do Seminário da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), que foi realizado na sede do Instituto Pensar Agro (IPA). O evento que foi conduzido pelo presidente da Feplana, Paulo Leal, contou com a participação de vários técnicos, lideranças, representantes da cadeia de diversas partes do país, além de senadores e parlamentares e associações de Canavicultores que apresentaram temas como: hidrogênio veicular e nitrogênio verde.
Na pauta o fortalecimento do agro no Congresso Nacional e as perspectivas e andamento das principais ações de interesse do setor, como questões sanitárias e fundiárias, além das mais específicas para a cadeia da cana, como o PL 3149/2020, que busca garantir o repasse de parte das receitas dos Créditos de Descarbonização

ÚLTIMAS NOTÍCIAS