Matriz energética: Lula fala em credenciais sólidas
Dora Paula Paes 03/06/2023 08:58 - Atualizado em 03/06/2023 09:00
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“As credenciais do Brasil são sólidas. Nossa matriz energética está entre as mais limpas do planeta. Metade da energia consumida no país é renovável. No mundo esse valor é de apenas 15%”. A declaração partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no seu discurso do dia 20 de maio. Neste primeiro momento, o governo diz que está se preparando para investir no segmento privado de energias renováveis R$ 120 bilhões, em sua maioria no Nordeste. O Rio de Janeiro também entrou no plano, quando o governo volta a falar que o BNDES está analisando aporte de R$20 bilhões para finalizar as obras na usina nuclear Angra 3.

O presidente conta que está preocupado, já que as evidências científicas confirmam que o ritmo atual de emissões de gases levará a uma crise climática sem precedentes. “Quando o G7 foi criado, em 1975, a principal crise global girava em torno do petróleo. 48 anos depois, o mundo ainda não conseguiu se livrar da sua dependência dos combustíveis fósseis”, disse ele, que ainda ressalta:

- Estamos próximos de um ponto irreversível.

Ele lembra que Quioto não é só uma vibrante metrópole japonesa, segundo o presidente, empresta seu nome a um Protocolo que se tornou referência da falta de ação coletiva. “Não estamos atuando com a rapidez necessária para conter o aumento da temperatura global, como pactuamos no Acordo de Paris”, salienta.

Ao lembrar que mais de 3 bilhões de pessoas já são diretamente atingidas pela mudança do clima, em especial em países de renda média e baixa, o presidente se atenta de que não há soluções mágicas.
‘‘A tecnologia será uma aliada essencial, desde que haja acesso amplo. As chamadas abordagens de mercado podem contribuir, mas não é realista acreditar que resolverão a crise. O principal problema é político. No meu entender, temos três grandes desafios pela frente”, disse Lula durante o seu discurso.
Além da problemática política, ele cita a valorização dos espaços mais legítimos e democráticos da governança global. Em 1992, no Rio de Janeiro, sediou a Cúpula que deu origem às três principais convenções que orientam nossa ação: sobre clima, biodiversidade e desertificação. “Esses acordos foram assinados com amplo diálogo com a sociedade civil. Não podemos permitir que essas Convenções sejam esvaziadas”, lembra. O último desafio tem a ver com o desequilíbrio da agenda climática.

“De nada adianta os países e regiões ricos avançarem na implementação de planos sofisticados de transição se o resto do mundo ficar para trás ou, pior ainda, for prejudicado pelo processo”, destaca.
Os países em desenvolvimento continuarão precisando de financiamento, tecnologia e apoio técnico para transformarem suas economias, combater a mudança do clima, preservar a biodiversidade e lutar contra a desertificação. Ao falar das credenciais do Brasil e a matriz energética do país, o presidente ressaltou que 87% de nossa eletricidade provém igualmente de fontes renováveis, enquanto a média mundial é de vinte e oito por cento.

O potencial nacional está calcado em energia solar, eólica, biomassa, etanol, biodiesel e hidrogênio verde. “Temos consciência de que a Amazônia protegida é parte da solução. É por isso que estamos organizando em agosto deste ano, em Belém, uma Cúpula de países amazônicos. E é por isso que o Brasil teve sua candidatura a sede da COP30 do clima aprovada após decisão unânime do Grupo Latino-Americano e Caribenho”, disse, afirmando ainda que o país está aberto à cooperação internacional e os povos originários e aqueles que residem na região Amazônica serão os protagonistas da sua preservação.

“O Brasil será implacável em seu combate aos crimes ambientais. Queremos liderar o processo que permitirá salvar o planeta. Vamos cumprir nossos compromissos de zerar o desmatamento até 2030 e alcançar as metas voluntariamente assumidas no Acordo de Paris”, finalizou o discurso.

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