Maria Laura Gomes
29/01/2025 18:22 - Atualizado em 30/01/2025 12:19
Divulgação
A Azul Linhas Aéreas anunciou, nesta quarta-feira (29), que garantiu um aporte de R$ 3,1 bilhões e a eliminação de R$ 11 bilhões em dívidas e obrigações, como parte de um acordo com arrendadores, fabricantes de aeronaves e detentores de títulos de dívida. Ao G1, o CEO da companhia, John Rodgerson, afirmou que a medida fortalecerá ainda mais a empresa. No entanto, mesmo com esse reforço financeiro, a companhia confirmou à Folha da Manhã o encerramento de suas operações em Campos (RJ) a partir de 10 de março de 2025. O voo regular entre Campos e Campinas (SP), seu principal hub, será cancelado, além da suspensão de diversas rotas no Nordeste. A decisão foi antecipada por Christiano Abreu Barbosa, diretor financeiro do Grupo Folha, em seu blog Ponto de Vista no dia 19 deste mês.
Segundo John Rodgerson, CEO da Azul, a reestruturação teve início em 2024 à medida que a companhia enfrenta muitos desafios, como a desvalorização do real frente ao dólar, altos custos com combustível de aviação, problemas judiciais no setor, crise global de fornecimento e enchentes no Rio Grande do Sul.
"Este é mais um momento muito importante na história da Azul, pois encerra um processo de negociação que torna a nossa empresa mais sólida e robusta. Além da extinção de R$ 11 bilhões das obrigações financeiras, recebemos hoje um aporte de novo capital de mais de R$ 3,1 bilhões, que irão reforçar o balanço da companhia e garantir que estejamos mais fortes que nunca", disse o executivo.
A negociação envolveu a troca de dívidas por ações da Azul, totalizando R$ 3,3 bilhões em 94 milhões de ações preferenciais. Além disso, a empresa converteu mais de R$ 4,6 bilhões em dívidas que venceriam em 2029 e 2030. Em crise financeira, a Azul registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 203 milhões no 3º trimestre de 2024. Na semana retrasada, no dia 15, a Azul e a Gol, em reestruturação financeira e em recuperação judicial nos EUA, assinaram um memorando de entendimento para uma fusão entre as empresas, o que fez a ação de ambas dispararem na Bolsa.
A Azul informou que nada muda em relação aos encerramentos dos voos divulgados. "A Azul está sempre avaliando as possibilidades e necessidades de mercado e, consequentemente, mudanças fazem parte do planejamento operacional. Como empresa competitiva, a companhia reavalia constantemente as operações em suas bases, como parte de um processo normal de ajuste de capacidade à demanda. Sendo assim, a companhia anuncia que irá suspender as operações na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), a partir do dia 10 de março devido a uma série de fatores que vão desde o aumento nos custos operacionais da aviação, impactados pela crise global na cadeia de suprimentos e a alta do dólar, somadas às questões de disponibilidade de frota e de ajustes de oferta e demanda", finalizou a nota.
Importante ressaltar que os Clientes impactados receberão a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A Azul reforça, ainda, que mesmo diante da suspensão, segue operando no Estado do Rio de Janeiro com voos regulares em Santos Dumont (RJ), Galeão (RJ), Jacarepaguá (RJ), de onde os Clientes poderão se conectar com sete destinos em voos diretos.
Procurada pela Folha, Agêcia Nacional de Aviação Civil (Anac) explicou que a lei de criação da agência não permite exigência que as empresas de aviação sejam obrigadas a voar em determinados destinos, através do princípio da liberdade de voar para as empresas brasileiras.
"A Agência não impõe às empresas aéreas a obrigação de voar para determinado destino, seja ele nacional ou internacional, e elas não precisam solicitar autorização ou notificação ao órgão para implantar ou extinguir rotas. A programação, inclusão ou exclusão de voos pode ser alterada a qualquer momento pelas empresas aéreas, dado que elas são livres para operar determinada rota, observando a capacidade operacional da infraestrutura e a regulação técnica de segurança", finalizou.