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O ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro foi preso em operação deflagrada em 3 de maio. Além dele, foram presos João Carlos Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias apontado como responsável por inserir os registros falsos feitos na cidade, e outras quatro pessoas.
"Quando chegou ao nosso conhecimento no gabinete, mandamos suspender. [Eu disse:] não lança nada disso, tá inconsistente, então não lança. Não lembro qual era a inconsistência. Acho que foi com o lote [da vacina]", afirmou Hirano ao UOL.
Os registros feitos em Campos mostram que a filha mais nova de Cid teria recebido a primeira dose da Pfizer pediátrica em dezembro de 2021, quando tinha 4 anos. Mas o Ministério da Saúde só liberou o imunizante para essa faixa etária em setembro do ano seguinte. O UOL mostrou que os registros das filhas de Cid Duque de Caxias também tinham essa inconsistência.
Ainda de acordo com Hirano relatado pelo site de notícia, na época não se sabia de quem eram os cartões de vacinas. Segundo ele revelou, apenas esse ano, diante da operação em Duque de Caxias, a secretaria da saúde teria consultado o caso novamente e verificado que se tratava da família Cid. "Até que aparece essa nova história [de Duque de Caxias]. A gente ficou muito surpreso quando viu quem era [que estava envolvido]. Graças a Deus que foi identificado antes da hora", falou o secretário.
Outro lado
Em 14 de dezembro do ano passado, foram registradas sete doses de vacina nas três filhas de Cid.
As doses teriam sido aplicadas na Secretaria Municipal de Saúde de Campos dos Goytacazes, em datas muito anteriores ao dia do registro: 06/08/2021, 06/12/2021, 12/07/2022 e 06/12/2022. No caso de dados verdadeiros, o padrão é que sejam informados ao Ministério da Saúde nos dias seguintes à aplicação.
Houve um erro na hora de registrar os dados: foi informado no sistema do Ministério da Saúde que a filha do meio de Cid teria recebido duas vezes a primeira dose, em 06/12/2021 e 06/12/2022. Já a filha mais velha teria recebido só a segunda dose e o reforço, sem a primeira dose.
No dia seguinte do registro, 15 de dezembro de 2022, todas as sete doses nas filhas de Cid supostamente aplicadas em Campos dos Goytacazes foram deletadas do sistema do Ministério da Saúde.
Mas o banco de dados de vacinação do Ministério da Saúde não apaga realmente os dados. Apenas inclui uma marcação para informar que aqueles registros devem ser desconsiderados. Foi dessa forma que a Polícia Federal descobriu as informações deletadas de Bolsonaro e sua filha Laura, inseridos no sistema em Duque de Caxias.
Já em 17 de dezembro, foram registradas as vacinas de Cid e filhas em Duque de Caxias. Dessa vez, os dados não foram apagados.
Em 21 de dezembro, duas filhas de Cid embarcaram para os Estados Unidos em voos comerciais. O país exige certificado de vacinação contra a covid-19. Investigação da PF apontou que a família do ex-ajudante de ordens emitiu os documentos no site do Ministério da Saúde usando os registros falsos feitos em Duque de Caxias.
Também em 21 de dezembro, dados falsos de vacinas em Jair e sua filha Laura foram incluídos em Duque de Caxias. Foram apagados no dia 28.
Em 30 de dezembro, Bolsonaro e Laura, acompanhados de Michelle Bolsonaro, também partiram para os EUA.