Dom Rifan: Cinzas e quaresma
Dom Fernando Rifan 14/02/2024 08:40 - Atualizado em 14/02/2024 11:05
Dom Rifan  Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Dom Rifan Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Hoje começa a Quaresma, tempo de retiro, oração, conversão, penitência e caridade. As cinzas impostas sobre a cabeça dos fiéis neste dia fazem-nos refletir sobre a nossa criação por Deus, o nosso nada Lembra-te que és pó e em pó te hás de tornar a nossa humilde condição e igualdade com nossos irmãos, além do aspecto penitencial pelos nossos pecados.
O Papa Francisco nos lembra a necessidade da ascese num itinerário sinodal, baseando-se no Evangelho da Transfiguração de Jesus, onde Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e levou-os, só a eles, a um alto monte (Mt 17, 1):
“Embora os nossos compromissos ordinários nos peçam para permanecer nos lugares habituais, transcorrendo uma vida quotidiana frequentemente repetitiva e por vezes enfadonha, na Quaresma somos convidados a subir «a um alto monte» juntamente com Jesus, para viver com o Povo santo de Deus uma particular experiência deascese”.
“A ascese quaresmal é um empenho, sempre animado pela graça, no sentido de superar as nossas faltas de fé e as resistências em seguir Jesus pelo caminho da cruz. Aquilo precisamente de que Pedro e os outros discípulos tinham necessidade. Para aprofundar o nosso conhecimento do Mestre, para compreender e acolher profundamente o mistério da salvação divina, realizada no dom total de si mesmo por amor, é preciso deixar-se conduzir por Ele à parte e ao alto, rompendo com a mediocridade e as vaidades. É preciso pôr-se a caminho, um caminho em subida, que requer esforço, sacrifício e concentração, como uma excursão na montanha. Estes requisitos são importantes também para o caminho sinodal, que nos comprometemos, como Igreja, a realizar. Far-nos-á bem refletir sobre esta relação que existe entre a ascese quaresmal e a experiência sinodal”.
“Para o «retiro» no Monte Tabor, Jesus leva consigo três discípulos, escolhidos para serem testemunhas dum acontecimento singular; Ele deseja que aquela experiência de graça não seja vivida solitariamente, mas de forma compartilhada, como é aliás toda a nossa vida de fé. A Jesus, seguimo-Lo juntos; e juntos, como Igreja peregrina no tempo, vivemos o Ano Litúrgico e, nele, a Quaresma, caminhando com aqueles que o Senhor colocou ao nosso lado como companheiros de viagem. À semelhança da subida de Jesus e dos discípulos ao Monte Tabor, podemos dizer que o nosso caminho quaresmal é «sinodal», porque o percorremos juntos pelo mesmo caminho, discípulos do único Mestre. Mais ainda, sabemos que Ele próprioé o Caminhoe, por conseguinte, tanto no itinerário litúrgico como no do Sínodo, a Igreja não faz outra coisa senão entrar cada vez mais profunda e plenamente no mistério de Cristo Salvador”.
Ademais, a Quaresma é um período para meditarmos sobre a indispensável relação entrefraternidade e amizade socialapós uma profunda reflexão estimulada pelo tema da Campanha da Fraternidade deste ano que aborda “Fraternidade e amizade social”, lapidado pelo lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23,8).

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