Um “divisor de águas”. É assim que o governo trata a votação, prevista para esta terça-feira (15), na Câmara de Campos, com relação a alterações no Código Tributário. O projeto era parte do pacote enviado para ao Legislativo, na polêmica sessão de 25 de maio. E foi o único que sequer foi votado. Apesar de ter alcançado a maioria nos outros 12, inclusive nos que tiraram benefícios de alguns servidores, no que altera os tributos municipais — e que inicialmente era tratado apenas como aumento do ITBI —, o governo perdeu apoio, que havia conquistado no dia anterior à sessão, de Bruno Vianna (PSL), Fred Machado (Cidadania) e Raphael Thuin (PTB).

Sem os três vereadores, hoje considerados por articuladores do governo um “grupinho fechado”, o projeto do prefeito Wladimir Garotinho (PSD) seria reprovado por 12 a 11. Saiu de pauta no dia 25, com objetivo de melhor discussão e votação na sessão do dia seguinte — que nem teve quórum. Após uma reunião na Câmara, dia 26, entre vereadores e representantes do setor produtivo, e na certeza da derrota, Wladimir recuou com o projeto que estava no Legislativo para ampliar o debate. As discussões com o setor produtivo seguiram, mas não houve consenso. O governo, agora, já acena com novas mudanças, que serão propostas na segunda-feira (14).

Com apoio de 11 vereadores, o governo precisa de mais um para alcançar a maioria. Na sessão desta terça, serão 23 votos em jogo, já que o presidente da Casa, Fábio Ribeiro (PSD), só vota em caso de empate e Marcione da Farmácia (DEM) está de licença por questões de saúde, só não há confirmação sobre até quando. A base quer alcançar de 13 a 14 votos. Para chegar a 13, um a mais que o necessário, as principais apostas são Maicon Cruz (PSC) e Thiago Rangel (Pros), que votaram contra os projetos mais polêmicos do pacote. Além disso, existe a expectativa de trazer para base nomes do “grupinho fechado”, mas é visto como impossível reverter com os três.

Está sobrando voto nos bastidores — são 30, enquanto a Casa tem 25 cadeiras. Se o governo estima até 14 (e faz mistério quanto ao 14º, que não seria Marcione), a oposição, autointitulada “independente”, diz ter 16 para reprovar o projeto hoje. Com mudanças na proposta, admitem, o cenário é outro. Na mira governista, Maicon diz que sua posição, até ontem (11), é contrária à alteração no Código Tributário, mas avaliará as propostas do prefeito, depois de ter ouvido o setor produtivo. Já Thiago, agora, se posicionou como o voto que melhor representa o cenário no geral: “indefinido”. Antes de externar uma posição, aguarda a nova proposta e dialogará com o setor produtivo.

Sobrou para Bruno Dauaire (PSC) na reforma do secretariado do governador Cláudio Castro (PL). O deputado licenciado estava há seis meses no comando da pasta do Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, mas foi substituído por Matheus Quintal (Republicanos) na última quarta-feira. O prefeito Wladimir e o ex-governador Anthony Garotinho tentaram atuar nos bastidores para manter Dauaire, que saiu chateado. Quintal chega na cota do Republicanos, ligado à Igreja Universal. De olho na candidatura à reeleição, Castro busca uma grande aliança e tempo de TV.

A Firjan entregou ao governador o documento “Rio Canteiro de Obras” que lista 22 projetos de Infraestrutura — incluindo sete do Norte e Noroeste Fluminense —, que representam R$ 9,4 bilhões em investimentos, com efeito multiplicador de R$ 11,9 bilhões e potencial de geração de 135 mil empregos diretos e indiretos. A relação das obras foi elaborada após um pedido de Castro. Em maio, quando a federação debateu a retomada econômica, o governador anunciou o investimento de até R$ 7 bilhões em infraestrutura, com recursos da recente concessão dos serviços de saneamento básico da Cedae.

Ao todo, são quatro obras listadas para o Norte Fluminense, que incluem a nova rodovia RJ 244, de acesso ao Porto do Açu; a adequação da infraestrutura do Distrito Industrial de Campos, com a construção de novo acesso rodoviário até a BR-101; conclusão da Ponte da Integração, entre São João da Barra e São Francisco de Itabapoana; e adequações de rodovias estaduais, como as RJ 196, 216, 168 e 238.