Cinema - Saindo do sistema solar
Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 08/06/2021 15:15
Poucos filmes enfocam viagens espaciais antes da década de 1950. A partir de então, muitas missões partem para a Lua, Marte e Vênus. Mais raramente para planetas mais distantes. “Planeta proibido” (“Forbbiden planet”), lançado nos Estados Unidos em 1956, é um deles. Dirigido por Fred McLeod Wilcox, ele se tornou um clássico principalmente pelos efeitos especiais, que não eram produzidos com facilidade por conta dos recursos da época. Contudo, a equipe formada por A. Arnold Gillespie, Joshua Meador, Warren Newcombe, Irving G. Ries e Doug Hubbard contou com generoso orçamento.
O roteiro tem semelhança com a peça “A tempestade”, de Shakespeare. Na Terra (leia-se Estados Unidos), chegou-se ao ano 2200, em que era possível fabricar naves que alcançavam a velocidade da luz. Uma delas parte com tripulação exclusivamente masculina para o planeta Altair IV, distante 16 anos-luz da Terra, para investigar o que aconteceu com os tripulantes da expedição Belerofonte, que viajou em direção à mesma estrela vinte anos antes e não voltou. Ao se aproximar do planeta, a nave recebe uma mensagem do Dr. Edward Morbius, sobrevivente da expedição anterior, que pede aos tripulantes para retornarem à Terra. O mistério começa aí.
Pousando, os passageiros do disco voador (a nave não tem forma de foguete) encontram logo uma força magnética poderosa. Um robô vem com um veículo moderno levar o comandante ao Dr. Morbius. Ele explica que todos os seus companheiros de expedição morreram por ação de uma força estranha que os vaporizou. Sua esposa morreu pouco depois, de causas naturais. De repente, aparece sua filha causando deslumbramento nos homens da nave. Jovem, bela, trajando um saiote e descalça, ela é a imagem da inocência.
Claro que os homens desconfiam de assassinato coletivo cometido pelo Dr. Morbius, desconfiança que aparecerá em “Ele! O terror que vem do espaço”, filme de de 1958. A realidade é mais complexa, porém. Milênios antes da chegada de humanos a Altair IV, o planeta foi habitado pelos Krell, povo que desenvolveu uma civilização muitas vezes superior à terráquea, tendo, inclusive, visitado a Terra antes dos hominídeos. Esse povo desapareceu, mas deixou sua tecnologia, incluindo o sistema de proteção magnética e o robô Robby.
Como não podia deixar de acontecer, todos os homens da nave beijam a ingênua filha de Morbius, que não sabia o que era atração sexual por só conhecer seu pai. Ela vai descobrindo o que é o amor e, claro, vai se apaixonar pelo comandante da nave. Questão de hierarquia. Há mais surpresas. Um monstro magnético está disposto a eliminar os todos os estranhos. Naquele planeta distante, os terráqueos é que são os alienígenas.
Que força será essa? Quem a comandará? Tem ela vida própria? Vejam o filme. Só posso adiantar aquilo que é evidente: morrerão alguns homens da nave, mas os sobreviventes voltarão à Terra. O comandante retorna levando o troféu, que é a filha do Dr. Morbius (Anne Francis).
Cabe ressaltar, como no início, a excelência dos efeitos especiais e do robô Robby. Ele é o protótipo de outros robôs do gênero e está presente nos filmes de ficção espacial dos nossos dias. Em “O garoto invisível”, aparece um robô semelhante, mas de má índole. Na série “Além da imaginação”, lá está ele. Idem no seriado “Star Trek”. Ele também foi a inspiração para o robô da franquia “Guerra nas estrelas”.
Enfim, efeitos especiais excelentes, roteiro primoroso e atuações pífias. O comportamento diante de um morto é muito parecido a um momento de amor.

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