Folha no Ar traz debate entre direita e esquerda entre estudantes da UFF-Campos
Aluysio Abreu Barbosa 08/10/2019 23:35 - Atualizado em 14/10/2019 14:23
Isaías Fernandes
Se a UFF-Campos, como as demais universidades públicas do país, tem mesmo um domínio da esquerda, como alega o bolsonarismo, o Folha no Ar 1ª edição do início da manhã desta terça-feira, na Folha FM 98,3, mostrou que pelo menos nas manifestações virtuais o domínio é da direita. Pelo menos foi assim nos comentários na página da rádio no Facebook, no streaming ao vivo do debate promovido pelo programa com os estudantes da UFF-Campos Eraldo Duarte, do movimento conservador UFF Livre, e Johnatan França de Assis, militante de movimentos de esquerda.
A ideia do debate desta terça-feira foi gerada em outro Folha no Ar, que foi ao ar em 26 de setembro, com o diretor do UFF-Campos, professor Roberto Rosendo. Como a UFF Livre e seus simpatizantes também exerceram domínio nos comentários do streaming ao vivo daquele programa, Eraldo foi convidado ao debate desta terça, assim como seu colega Johnatan, para fazer o necessário contraponto.
— Ainda que a direita tenha entrado dentro da universidade, tenha se organizado por meio de movimentos “livres” no Brasil inteiro, o movimento ainda é discente. Ele está chegando ao nível docente agora, com outro movimento que eu também auxilio nas redes sociais, que é o “Docentes pela Liberdade”. Ele é um fenômeno recente. Por muito tempo se colocou o PSDB como a direita neoliberal do Brasil. Quem votava no PSDB, porque não tinha uma outra opção, era visto como direita, conservador. Então, surge esse debate que culminou com a eleição do presidente Bolsonaro, o PSL fazendo uma ótima bancada, com o Partido Novo, com o centro se desgastando e a direita surgindo como proposta política, e isso entra na universidade. Mas está entrando timidamente ainda, apenas alunos. E esperamos que no futuro surjam mais professores.
Para Eraldo, foi esse domínio da esquerda na academia que gerou o episódio de apreensão de 470 panfletos do PCdB na UFF-Campos, durante a campanha eleitoral de 2018, pelo juiz Ralph Manhães. O fenômeno depois se alastrou na Justiça Eleitoral sobre várias universidades do país. Até que o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou um basta nas ações de fiscalização, a partir (recorde aqui) de uma decisão da juíza eleitoral de Niterói Maria Aparecida da Costa Barros. Em 25 de outubro, três dias antes do segundo turno presidencial, ela mandou que fosse retirada uma faixa da Faculdade de Direito da UFF, que dizia: “Direito UFF Antifascista”. A magistrada proibiu por entender que ser antifascista era ser contra Jair Bolsonaro (PSL), que seria eleito presidente. E foi enquadrada pelo STF.
Sobre a ação da Justiça Eleitoral na UFF-Campos, em 13 de setembro, Johnatan deu seu testemunho:
— Eu não estou dizendo nem que o juiz (Ralph Manhães) não tem autoridade, nem que aquela ação era ilegal, no sentido de, sim, fiscalizar (…) Mas realmente foi uma ação muito arbitrária. Eu discordo totalmente do (professor Roberto) Rosendo (diretor da UFF-Campos), no momento em que ele disse aqui nesse programa, há duas semanas, que foi um mal entendido. Não foi mal entendido, foi arbitrário. Ele (o juiz) deu voz de prisão para o Rosendo, para mim e para o (professor) Heílio Coelho, lá embaixo. Temos as ações do TRE nacional, que o STF se posicionou, e temos essa ação local, que eu chamo de vanguarda do atraso.
 
 
Citado criticamente por Johnatan, mas também por Eraldo, que citou casos de pichações na universidade, o professor Roberto Rosendo ligou ao programa e pedir para dar a sua versão dos fatos. No início do último bloco do Folha no Ar, o diretor da UFF-Campos disse por telefone:
 
 
— Só gostaria de me manifestar no debate entre esquerda e direita, que a posição da direção da universidade é democrática. E, obviamente, quando há excessos de um lado ou do outro, a gente tem que aplicar as regras. Sempre conversando, sempre dialogando com todos os alunos, de direita e de esquerda. Quando há excessos, são apurados em sindicância. Tudo é possível, desde que haja respeito. Este é o ponto fundamental para qualquer posicionamento político, de esquerda ou de direita. Esta é a lógica com a qual a gente tem trabalhado. Quem for hoje na UFF-Campos vai ver que não tem pichação, nem no muro externo da universidade, nem nos internos.
 
 
A partir das 7h da manhã desta quarta (08), o convidado do Folha no Ar 1ª edição será o secretário de Fazenda de Campos, Leonardo Wigand.

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