Obras seguem no Asilo do Carmo
Virna Alencar 12/10/2019 18:07 - Atualizado em 13/10/2019 01:48
Alojados desde o dia 13 de maio deste ano que os idosos do Asilo do Carmo estão abrigados no Monsenhor Severino
Alojados desde o dia 13 de maio deste ano que os idosos do Asilo do Carmo estão abrigados no Monsenhor Severino / Genilson Pessanha
Inicialmente prevista para o início de novembro, a conclusão das obras no Asilo Nossa Senhora do Carmo, em Campos, deve acontecer entre o final de novembro e início de dezembro. O novo prazo foi dado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), responsável por executar o reparo emergencial. Segundo o Iphan, as obras foram contratadas por R$ 1.339.413,49 e, no momento, não há previsão para realização de uma segunda fase dos serviços. Enquanto isso, os idosos seguem alojados no asilo Monsenhor Severino, onde estão desde o dia 13 de maio após decisão da 2ª Vara da Justiça Federal de Campos.
Segundo o Iphan, “com o decorrer das obras, mais especificamente na fase de restauração da cobertura do Solar Santo Antônio, foram identificados elementos na estrutura em pior estado do que o previsto inicialmente e que, por isso, tem demandado maior atenção e trabalho, implicando em abordagem mais cautelosa e, consequentemente, mais lenta. Em função disso, a finalização das obras não pode acontecer conforme o prazo inicial”.
De acordo com o presidente do Asilo do Carmo, Marcelo Azevedo, o local passou por reparos pontuais, conforme estipulados pelo Ministério Público Federal (MPF), como a descupinização em toda área do asilo, uma vez que o problema acontece há mais de 30 anos. “A expectativa é das melhores, em poder voltar para a nossa casa. Afinal, a mudança causou uma frustração entre os idosos que acharam que estavam a passeio e que logo retornariam. Mas, eles foram entendendo que a transferência foi necessária para que as obras fossem feitas. Os idosos voltarão a morar no anexo, que passa por trás do casarão, que a gente pretende utilizá-lo como ponto turístico”, disse.
O presidente informou que a com a saída dos idosos, outras melhorias foram realizadas no asilo. “Nesse meio tempo começamos a reformar o anexo do Asilo do Carmo, já entregamos a nova lavanderia, com todo maquinário novo, trocamos todo telhado, já está praticamente pronto o novo refeitório dos idosos, assim como a reforma da ala masculina e a ala mista, onde está sendo feita a reforma de todos os quartos e banheiros”, afirmou. Ele lembrou que, assim como aconteceu a saída, no dia 13 de maio, sendo necessários dois dias para a realocação, o retorno será feito pela Prefeitura.
A psicopedagoga do Asilo do Carmo, Eristeia Gomes, destacou que mesmo no espaço provisório as atividades diárias, que promovem a autoestima, foram mantidas.
A Prefeitura de Campos informou, por meio de nota, que “está arcando com os custos do aluguel da Associação Monsenhor Severino, disponibilizou ônibus para a transferência dos idosos e caminhão para a mudança do mobiliário e pertences. O Asilo do Carmo continuará recebendo profissionais e recursos da Prefeitura, garantidos através de contratualização, que vão garantir o atendimento adequado aos idosos”, disse. (V.R.A.)
Ambas entidades necessitam de doações
O casarão onde o Asilo funcionou de 1904 a 1993 foi construído em 1846 a mando de Joaquim Pinto Neto dos Reis, o Barão de Carapebus. Em 1946, o casarão, também conhecido como Casa do Engenho de Santo Antônio, Solar do Barão de Carapebus e Casa da Fazenda Grande do Beco, foi tombado pelo Iphan.
Durante anos, a principal fonte de renda do Asilo foi o aluguel de suas instalações salões para as famílias mais afortunadas de Campos. Os suntuosos salões do andar superior do casarão do asilo serviram de palco para inúmeras recepções, festas de casamento, aniversário e batizados. No andar de baixo viviam os idosos residentes no Asilo, que era quase integralmente mantido com a renda proveniente desse aluguel.
Mas, em 1993, Campos perdeu um de seus melhores locais para festas e os idosos perderam sua moradia quando, devido a problemas com a estrutura do prédio, o Solar foi interditado pelo Iphan e pela Defesa Civil. O Casarão foi tomado pela umidade e uma infestação de cupins ameaça as vigas da estrutura de madeira. Os mesmos problemas também afetam o prédio anexo onde os vivem os idosos. Sem lugar para onde transferir os idosos, os administradores do Asilo se viram obrigados a levantar ao lado do Casarão uma construção anexa que deveria servir como abrigo temporário até que a reforma do prédio histórico terminasse.
Doações – O presidente da instituição, Marcelo da Silva Azevedo, destacou que, atualmente, as principais necessidades dos idosos são materiais de higiene, material de limpeza e fraldas. Para ajudar basta entrar em contato por meio do telefone (22) 2722-0808.
Já o presidente do Asilo Monsenhor Severino, Ricardo Araújo, informou que a maior necessidade são as doações de alimentos com fontes de proteína, como carne, leite, frango e peixe, para garantir as refeições dos 48 idosos assistidos. O asilo fica na avenida José Alves de Azevedo, 453-457 - Parque Rosário e o telefone para contato é: (22) 2723-4000.
Experiências trocadas em meses de convivência
Há cinco meses, os idosos do Asilo do Carmo e do Monsenhor Severino convivem no mesmo local e trocam experiências de vida. Gersonito Gomes Barbosa, de 89 anos, levou para o novo lar a sua cômoda e a televisão, que costuma ser a sua distração. Mas é na memória que ele guarda os principais momentos de sua história. “Minha família morava em Mutuca, que meu pai preferia chamar de São Luiz da Gonzaga. Saí da roça, estudei, me tornei funcionário público, já trabalhei como porteiro em cinema e em hotel, também já limpei avião no aeroporto do Galeão, no Rio. Mas, perdi minha família e depois que minha esposa também faleceu vendi minha casa. A idade avançou e os sobrinhos disseram que deveria ficar no asilo”, contou.
Há dez anos na mesma instituição, Denair Gomes da Silva, de 69 anos, conheceu o amor da sua vida no asilo e, em 2016, se casou no local, com direito a vestido de noiva. “Não tenho parentes. Vim do Rio, de uma comunidade religiosa, eles queriam ficar com minha pensão. Me aborreci e saí sem ter para onde ir. Fui parar em um albergue, que só pode ficar dois meses, e a assistente social de lá procurou um asilo. Gostei desse, passei por momentos difíceis, cheguei com tristeza profunda e esperava a morte aqui dentro. Mas, consegui realizar meu sonho. Minha festa foi linda. Tive vestido de noiva, bolo e a igreja toda foi enfeitada com flores naturais”, lembrou.

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