Museu Histórico de Campos recebe exposição "Brincadeira de Criança"
11/10/2019 21:29 - Atualizado em 17/10/2019 13:56
Genilson Pessanha
Com programação voltada para a temática infantil, o Museu Histórico de Campos recebe desde quinta-feira (10) a exposição temporária “Brincadeira de Criança”. Trata-se de um trabalho do fotógrafo e psicólogo Ricardo Avelino, que buscou retratar nas imagens a interação infantil com brinquedos antigos, registrando as habilidades e criatividades dos pequenos ao manuseá-los. Foram selecionadas 25 fotografias. A curadoria é de Leonardo de Vasconcellos. Hoje e amanhã será possível visitar a mostra de 9h às 14h. De segunda a sexta-feira, o Museu funciona entre 10h e 17h. Entrada gratuita. Neste fim de semana, Campos também terá outras atrações culturais.
— Esta exposição foi pensada e feita de forma inédita para o mês da criança no museu. Para isso, reunimos em estúdio diversas crianças de até 12 anos, buscando registrar suas reações ao ver e manusear brinquedos mais antigos, já que muitas não vão mais às ruas brincar e acessam ao mundo através de smartphones. Por meio das fotos, desejo também que os adultos vejam as crianças de outra forma, mais livres em sua criatividade — disse Ricardo Avelino.
Fazendo um contraponto com as brincadeiras, cada vez mais digitais, o profissional, que já atuou inclusive na Folha da Manhã, aborda na exposição a imaginação, a fantasia, a realidade e o sonho, a alegria e a tristeza. E destaca nas fotos as crianças como elemento principal, com uma técnica que valoriza o movimento. Alguns brinquedos fotografados também ficarão expostos. Para chegar ao resultado final, Ricardo Avelino se baseou em teóricos como Jacques Lacan, Sigmund Freud, Melanie Klein e Jean-Jacques Rousseau, todos com teorias ligadas ao universo infantil.
— Nós vivemos numa sociedade onde todo mundo está angustiado, com muito problema. Até com um certo exagero, mas, realmente, tem muito problema. Nós estamos dando errado. E o que há de novo? Não tem nada de novo. A única coisa nova é a criança. Nasce uma criança e é uma possibilidade. Essa exposição é mais direcionada aos adultos, para terem cuidado com as crianças — comentou Ricardo Avelino.
A liberdade infantil é um dos aspectos valorizados pelo fotógrafo e psicólogo.
— A criança é muito sincera. A gente vai ensinando a criar uma máscara, uma persona para se comportar. Acho isso muito danoso. Depois não tem jeito: a pessoa vai estar em crise no futuro e viver como nós vivemos. Aí não adianta. O Belchior já dizia em “Como Nossos Pais”: você vive sofrendo e cria seu filho igual. Vamos prestar atenção no que as crianças estão fazendo... Pôr na escola, mas não naquela escola de horário, de punir, de cobrança, cobrança e cobrança — pontuou.
Além de colocar em prática a experiência adquirida no estudo da psicologia, Ricardo Avelino não descarta a possibilidade de ter este trabalho como um estímulo para o possível retorno ao fotojornalismo
— Está fazendo 10 anos que não fotografo. Pego a máquina de vez em quando, faço um teatro, mas não para me manter, não profissionalmente. Agora, a gente vive em sociedade; os colegas falam para eu voltar a fotografar, do talento e tal, e eu estou pensando em voltar. Talvez essa exposição marque minha volta. A sociedade é muito falsa, então diz que está lindo, que está ótimo, para voltar mesmo. Mas, quando chegar no mercado é que a gente vai ver. Talvez eu volte, sim — afirmou.
A exposição ficará aberta durante o mês de outubro. Ligado à Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, o Museu Histórico funciona no solar Visconde de Araruama, na praça do Santíssimo Salvador, 40, Centro. É possível realizar agendamentos escolares e de outros grupos no local ou pelo telefone (22) 98175-0616. (M.B.) (A.N.)
Genilson Pessanha

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