Compromisso com a UFF-Campos
Aluysio Abreu Barbosa 29/09/2019 10:55 - Atualizado em 08/10/2019 16:18
  • Deputado Federal Paulo Ramos

    Deputado Federal Paulo Ramos

  • Deputada Federal, Talíria Petrone

    Deputada Federal, Talíria Petrone

  • Deputado Federal, Alessandro Molon

    Deputado Federal, Alessandro Molon

  • Deputado Federal, Chico D'Ângelo

    Deputado Federal, Chico D'Ângelo

  • Reitor da UFF, Antonio Cláudio Nóbrega

    Reitor da UFF, Antonio Cláudio Nóbrega

  • Obras estão paradas no prédio da XV de Novembro

    Obras estão paradas no prédio da XV de Novembro

Uma luta antiga do deputado federal de quatro mandatos Chico D’Ângelo (hoje, PDT), que teve a articulação assumida pelo deputado federal estreante Wladimir Garotinho (PSD), decidirá o destino dos 3,5 mil estudantes da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos. A partir do novo critério impositivo das emendas de bancada no Orçamento da União, já se comprometeram com a proposta de emenda para o novo campus da UFF-Campos os também deputados federais Clarissa Garotinho (Pros), Talíria Petrone (Psol), Alessandro Molon (PSB) e Paulo Ramos (PDT). Faltam mais quatro retomar as obras iniciadas no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas abandonadas pela metade em 2015, no governo Dilma Rousseff (PT).
Aos seis deputados já comprometidos com a emenda de bancada à UFF-Campos, Wladimir explicou que o plano A é conseguir os R$ 45 milhões para a conclusão total das obras. O plano B seria fatiar a emenda de bancada em R$ 30 milhões, que bastaria para concluir um dos dois prédios abandonados e a área comum. Em busca do apoio de mais parlamentares fluminenses na Câmara Federal, a reitoria da UFF (sediada em Niterói) será representada na próxima terça-feira (01/10) pela pró-reitora de graduação, professora Alexandra Anastácio Monteiro Silva. Em Brasília, ela apresentará aos deputados federais do estado do Rio o projeto de conclusão das obras do novo campus da UFF-Campos na av. XV de Novembro.
Iniciadas e abandonas nos governos do PT, as obras ganharam caráter de urgência com o contingenciamento de gastos do ministério da Educação do governo Jair Bolsonaro (PSL). A partir do corte de verbas, em maio deste ano os contêineres em que hoje estudam cerca de 2.300 alunos da universidade em Campos tiveram ameaça de retirada pela empresa que os aluga, por falta de pagamento. Reitor da UFF, o professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, renegociou o contrato com a empresa, à qual paga mensalmente R$ 360 mil — R$ 180 mil de aluguel, mais o mesmo valor pelos atrasados. Embora tenha como objetivo conseguir os R$ 45 milhões necessários à conclusão integral do projeto do novo campus, que abrigaria definitivamente todos os estudantes, ele trabalha com a possibilidade de fatiamento:
— Com a soma integral, concluiríamos os dois prédios principais, mais o prédio administrativo e o restaurante universitário. Mas é uma obra que levaria dois anos e meio para ficar completa. Se conseguirmos apenas R$ 30 milhões agora, não vai fazer diferença no final. Na escolha das emendadas de bancada do próximo ano (2021), estaremos na batalha pelo que faltar para concluir o segundo prédio. Mas temos outra batalha neste ano: as emendas individuais. Cada deputado tem R$ 15 milhões. Precisaremos de R$ 5 milhões em 2020 só para os contêineres. Um exemplo disso é o que fez este ano o deputado Chico D’Ângelo, que deu metade das suas emendas para as despesas discricionárias da UFF, que ficam a cargo do reitor.
Natural de Campos, mas radicado em Niterói, Chico D’Ângelo é médico por ofício. E a ele coube dar à luz o projeto do novo campus da UFF-Campos. No governo Lula, quando também era filiado ao PT, o deputado avaliou o terreno da XV de Novembro, da Rede Ferroviária, junto com o professor José Luiz Vianna da Cruz, à época coordenador da UFF em Campos. Era a contrapartida exigida na disputa para um polo da universidade. Ele articulou a desapropriação junto aos então ministros da Educação e Planejamento, respectivamente Fernando Haddad e Paulo Bernardo. Aprovada, a obra teve início, até ser abandonada em 2015. Agora, mesmo com o pé quebrado, ele integra a iniciativa de retomada coordenada por Wladimir:
— No governo Dilma, veio a crise econômica. E o projeto da UFF do novo campus foi considerado caro. Este ano, o novo reitor nos procurou, com a crise dos contêineres em Campos. Ao longo de meus quatro mandatos, destinei várias de minhas emendas individuais para a UFF. Neste ano, foi metade dos R$ 15 milhões a que tinha direito, para verbas de custeio, como é o caso do aluguel. Se cada um dos 46 deputados fluminenses destinar R$ 500 mil das suas emendas individuais, salvamos a UFF. Na questão da emenda de bancada para 2020, Wladimir vem tendo um papel importante, que deve ser reconhecido.
Líder da iniciativa, coletando as assinaturas para a emenda de bancada, o filho do casal Garotinho destacou a importância do novo campus da UFF ao desenvolvimento da região:
— Não é apenas um conjunto de prédios, trata-se de um grande propulsor de desenvolvimento intelectual, tecnológico e social. Temos exemplos em todo mundo de como as universidades conseguiram transformar e revolucionado a sociedade ao qual estão inseridas. Precisamos de Campos desenvolvida, inovadora, com pleno emprego e gerando oportunidades. Não tenho dúvidas que será um marco fundamental na mudança de rumo de nosso município e região de atuação da UFF.
Campista radicada no Grande Rio como Chico, e irmã de Wladimir, a deputada Clarissa destacou o aspecto impositivo do valor que for definido na emenda de bancada:
— Estamos articulando com um grupo de parlamentares para destinarmos uma parcela das emendas da bancada do Rio para ajudar na construção dos prédios da UFF. Ainda não sabemos a que valor será possível chegar, só quando efetivamente as emendas forem protocoladas. O que for colocado terá que ser liberado, pois as emendas de bancada agora são impositivas.
Líder da oposição a Bolsonaro na Câmara Federal, o deputado Alessandro Molon também entrou na briga pela UFF-Campos. E não perdeu a chance de alfinetar o presidente:
— Apoiei a iniciativa de garantir recursos para a conclusão do novo campus da UFF em Campos dos Goytacazes. Acho fundamental a conclusão dessa obra. Nosso país precisa investir em educação, ciência e tecnologia, em vez de retirar recursos destas áreas, como tem feito o governo Bolsonaro.
Embora seja oficial da PM reformado, nicho geralmente afeito ao bolsonarismo, o deputado Paulo Ramos é outro que firmou compromisso com a UFF-Campos e a escola pública:
— As dificuldades não são apenas das universidades federais, mas das escolas técnicas do país. Sabemos da dificuldade que a UFF está vivendo em Campos, surgiu essa proposta de emenda e nos colocamos solidários. Vamos lutar para que seja abraçada pela bancada, depois definimos o valor. Acredito que será viabilizada. O ideal seriam os R$ 45 milhões.
Outra que fez críticas ao governo Bolsonaro, ao abraçar a causa de Campos e região, foi a deputada Talíria Petrone. Niteroiense e mestre em serviço social pela UFF, ela denunciou:
— Nós estamos vivendo um ataque sistemático do governo federal à universidade pública. A UFF e Campos precisa de um espaço para ao menos continuar funcionando. A questão ganhou caráter de urgência com a questão dos contêineres. As obras do novo campus já estão pela metade. Fizemos uma reunião com o reitor e estamos tentando colher assinaturas de mais deputados. É fundamental não só para Campos, como para todo o Norte Fluminense.

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