Autoras fazem vaquinha para publicarem livros infantis
Matheus Berriel 30/09/2019 18:34 - Atualizado em 08/10/2019 15:54
Divulgação
Celular não é brinquedo de criança. Livro, sim. Esta é uma das ideias do projeto Ana Curiosa, desenvolvido pelas designers, ilustradoras e professoras Diane Lizst e Maryana Ahlert, naturais de Niterói e do Rio de Janeiro, respectivamente, mas ambas residentes em Campos. Trata-se de uma coleção com três livros ilustrados que abordam as cores, as formas e a percepção visual. Prestes a se formarem na faculdade, as autoras de primeira viagem buscam agora apoio para que os livros sejam publicados. Uma vaquinha virtual foi criada através do site Catarse com objetivo de arrecadar R$ 30 mil, quantia suficiente para arcar com impressão, frete e recompensas aos colaboradores.
A coleção surgiu como um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de design gráfico no Instituto Federal Fluminense (IFF), em Campos. Antes de serem aprovados na apresentação, ocorrida no final de maio, os livros “Ana Curiosa e as cores”, “Ana Curiosa e as formas” e “Ana Curiosa e o que os seus olhos podem ver” foram testados com crianças em processo de alfabetização. Todos eles contam com uma parte interativa, onde os leitores infantis podem aplicar o que aprenderam por meio de recortes, colagem, pintura e joguinhos, como forma de promover o desenvolvimento psicomotor e a noção de espaço.
— Observamos também a necessidade de material que contribuísse com o olhar de “descoberta” dos infantos, fazendo com que eles olhassem para o seu redor e percebessem coisas maravilhosas que passam despercebidas. Estimulando através de uma forma divertida o olhar curioso e pesquisador que há em cada criança. A intenção do projeto é resgatar o que tem caminhado para extinção: a cultura infantil, ou seja, criança sendo criança. E aplicar conceitos básicos de design: cor , forma e percepção visual. E com fundamentos de matemática, psicologia, artes, sociologia e afins — disse Diane Lizst, que além de dar aula de ilustração na Casa das Artes de Campos, onde Maryana Ahlert também leciona, é ainda professora de música.
Todas as ilustrações dos livros foram baseadas em coisas do Brasil, como espécies de pássaros e árvores. E a personagem título representa a criança brasileira.
— A Ana é uma personagem carismática e de fácil empatia com o público.
Divulgação
Todos os livros foram construídos sendo testados em cada detalhe com crianças na escola. Tudo foi fundamentado e validado. Foi aplicado. Crianças escolheram como seria a personagem, testaram a leitura, e por aí vai. Foi testada também a leitura em crianças do bloco alfabetizador, e deu certo. Todos querendo ter os livrinhos da Ana Curiosa. Nosso o objetivo é resgatar o prazer pela leitura, o resgate da cultura infantil, e contribuir com princípios matemáticos, artes, psicologia e afins. Na verdade, há um interesse grande quando são apresentado livros na infância. Eles amam! O problema é quando a criança não tem contato com livros, e não é estimulado isso — comentou Diane.
Apesar da boa aceitação por parte do público-alvo e do empenho das autoras na divulgação, a campanha ainda não decolou. Iniciada no último dia 18, arrecadou até o momento R$ 370, com quatro doações.
— Muitas pessoas se interessam. Recebemos feedbacks de que com certeza comprariam o livro, e ficam apaixonas pela personagem tanto quanto as crianças. Mas, infelizmente estamos em um momento difícil, que nem todo mundo pode ajudar doando um pouco para o livro. A arrecadação, por conta disso, não esta andando como planejado, mas ainda “não saiu dos trilhos” — pontuou a outra autora, Maryana Ahlert.
Entusiasmado com o trabalho da dupla, o editor César Oliveira tem se dedicado para tornar conhecida a coleção.
— Ana Curiosa é sensacional. E vai dar filhotes em breve. Como editor, creio que as jovens autoras começam a abrir um filão que pode levá-las a licenciar a Ana Curiosa para empresas que queiram, com ela, fazer muitos produtos de qualidade — disse César: — Tenho fé que tudo vai dar certo! E espero que os leitores da Folha da Manhã contribuam para que as nossas crianças larguem celulares e tablets, as babás eletrônicas que não agregam nada de bom às suas cabecinhas, para se encantarem com o maravilhoso mundo da literatura.
Ana Curiosa
Ana Curiosa / Divulgação

ÚLTIMAS NOTÍCIAS