Crítica de cinema - Tropeço inesperado
- Atualizado em 09/03/2019 12:27
(Capitã Marvel) -
Na última década, é inegável o efeito do sucesso da Marvel no cinema mainstream. São vinte e um filmes lançados em pouco mais de dez anos, todos interligados na construção de um universo de super heróis que gerou lucros incríveis. São filmes que seguem basicamente uma cartilha criada pelo estúdio que deu muito certo, mas com o tempo vem mostrando sinais de desgaste, principalmente em filmes que basicamente funcionam como ponte entre os filmes que movem a história maior. “Capitã Marvel” reforça essa sensação.
Vers (Brie Larson) é uma guerreira Kree, uma raça alienígena em uma longa guerra com os Skrulls, após ser capturada, ela escapa e cai na terra, onde precisa encontra uma misteriosa cientista que construiu uma arma capaz de mudar os rumos da batalha. Aqui, ela encontra o agente da Shield Nick Fury (Samuel L. Jackson) e juntos eles vão desvendar a verdade por trás dessa arma e do misterioso passado da personagem, que descobre ter ligação com o planeta.
O primeiro filme do estúdio com uma protagonista feminina introduz conceitos importantes pro futuro do universo cinematográfico da Marvel, como as raças de alienígenas Kree e Skrulls, funciona como introdução da personagem e aumenta a expectativa dos fãs para o próximo Vingadores, mas como filme, deixa a muito a desejar.
Mateusinho viu
Mateusinho viu / Divulgação
É interessante que o estúdio venha aprendendo com seus erros e venha apostando mais na inteligência do espectador, o filme por exemplo não faz uso de uma narração para explicar quem são as duas raças e como começou a guerra, somos atirados em meio a toda a situação que vai se explicando com o desenrolar da trama.
O filme trabalha temas importantes e atuais, com mensagens antibelicistas, a guerra é o pon-to central da obra e traz mesmo que de forma bem leve a questão do machismo, onde a per-sonagem é menosprezada pelo simples fato de ser mulher. São situações que funcionam como motivador, mas não tomam proporções maiores dentro da obra.
Trabalhando a questão da falta de memória de personagem, o filme tem um início meio fra-gmentado e aparentemente mais complexo, depois que as resoluções começam a surgir, tudo vai ficando bem redondinho, até meio óbvio. O roteiro escrito pela dupla de diretores Anna Boden e Ryan Fleck, entrega uma história que não empolga, nem emociona. O humor é fraco, a química entre os personagens também não ajuda.
O filme no geral é insosso. As cenas de ação não empolgam, cenas dentro da civilização Kree são pouco inspiradas, a arquitetura, design das naves, a própria solução visual encontrada para a inteligência suprema Kree é decepcionante. Justamente no ponto onde “Pantera ne-gra” foi mais ousado e brilhante, “Capitã Marvel” falha pela falta de originalidade. Os figurinos do filme são muito ruins. As roupas de combate Kree parecem saídas de filmes justamente da década de noventa (tempo onde se passa a história), falta capricho no conceito visual.
A vencedora do Oscar Brie Larson (O quarto de Jack) provavelmente é o maior erro de casting da Marvel até aqui. A atriz passa grande parte do filme se portando com feição dura (lembra até o Exterminador do futuro), não consegue trazer carisma, nem engrandecer a persona-gem. Fico na torcida por ser mais um erro de abordagem desse filme, pois se trata de uma boa atriz, mas que vai precisar entregar muito mais no futuro filme dos Vingadores.
É inegável a importância do filme da “Capitã Marvel” pro universo expandido da Marvel, mas por questões alheias a qualidade do filme. É uma personagem importante que merece um melhor desenvolvimento posteriormente, sua estréia é uma decepção, um dos longas mais fracos do estúdio, às vésperas do filme que promete fechar esses dez anos, “Capitã Marvel” é um tropeço com o qual os fãs não contavam.

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