Crítica de cinema - A arte de ser ruim
*Edgar Vianna de Andrade 17/09/2018 18:42 - Atualizado em 20/09/2018 14:23
Divulgação
(O Predador) —
De todas as ameaças à Terra provenientes do espaço que o cinema criou, “O predador” não é das mais insignes. Contudo, os filmes anteriores, seja com o predador solitário ou lutando contra Alien, não foram tão desprezíveis quanto o que volta neste ano de 2018. Procuro sempre assistir a filmes com salas cheias para perceber as reações do público. Ao final do filme, ouvi alguns comentários de espectadores. Parece que o filme não agradou sequer aos menos exigentes. A mim, particularmente, “O predador” pode já ser colocado junto ao pior filme de Michael Bay e de Roland Emmerich. Não sei qual o pior, se “Círculo de fogo” ou se “O predador”. Consulto os críticos e encontro o bonequinho sentado e atento a este novo ataque à Terra, afirmando que o filme tem senso de humor. Da minha parte, Mateusinho teve vontade de deixar a sala de cinema.
Seu diretor, Shane Black, também escreve o roteiro com Fred Dekker e colabora com ele. Não sei exatamente o que significa colaborar com o roteiro, mas entendo que o filme tem Black demais. O roteiro é um dos segredos da má qualidade da pretensa ficção científica “O predador”. Outro é o elenco. O casal formado por Quinn McKenna (Boyd Holbrook) e pela drª Casey Bracktt (Olivia Munn) representa uma dupla de canastrões. Ele é um militar condecorado como atirador de elite. Ela é uma brilhante cientista. No final, os dois acabam se encontrando numa tropa de soldados renegados pelas forças militares dos Estados Unidos. E, claro, do elenco, faz parte o garoto-prodígio Rory McKenna (Jacob Tremblay), filho do matador Quinn no seu casamento frustrado.
Esse menino é o gênio procurado pelo predador chefe, que elimina o predador proscrito, assim como transformers maus combatem transformers bons na Terra, que vira um campo de batalha espacial. O roteiro mirabolante nunca conclui uma linha de raciocínio e se torna bizarro, digno mesmo de risos sarcásticos, e não de humor. Susto demais estraga um filme de terror assim como ação demais estraga um filme de ficção científica. De fato, de tanta cena de ação disparatada, o espectador acaba cansado. Com toda a tecnologia de hoje, “O predador” está infinitamente distante de “2001: uma odisseia no espaço”, lançado há cinquenta anos e dirigido pelo gênio de Stanley Kubrick. Saudades daquele tempo.

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