Região de Lagoa de Cima sem transporte
Matheus Berriel 03/01/2018 21:20 - Atualizado em 04/01/2018 15:47
Após vários problemas nos meses finais de 2017, a situação da falta de ônibus em Campos está longe de ser resolvida completamente. O ano de 2018 chegou com desassistência da empresa Rogil a várias localidades, como Lagoa de Cima, Itereré, Rio Preto, Conceição de Imbé, Sossego do Imbé, Morro Grande e outras. Moradores destes locais têm sido prejudicados e o transporte alternativo irregular tem surgido como a única opção para acessar a cidade.
Cleide Silva, moradora de Conceição do Imbé, não passa ônibus na localidade há quase dois meses. Desde então, há uma van transportado moradores, mas em horário único, para evitar as fiscalizações. “A van sai daqui às 7h e vai até Campos. Nos outros horários, só até Tapera. Para ir ao Centro, só indo às 7h. Depois, retorna às 13h, mas a gente tem que pegar uma condução do Centro até Tapera”, explicou.
Segundo Cleide, há ainda uma Kombi e os carros com horário incerto. Para piorar, a passagem até o Centro custa R$ 5, quase o dobro do valor dos ônibus. Já de Lagoa de Cima até Tapera, R$ 4,00.
— Muita gente daqui trabalha em Campos e não tem como ir e vir. No final do ano, crianças perderam provas na escola. Há pessoas que trabalhavam em casas de família e tiveram que sair sem direito a nada, porque os patrões não quiseram pagar mais a passagem — reclamou Cleide.
O produtor rural Paulo Roberto de Abreu, de Lagoinha, também mostrou insatisfação. “Já foi feito protesto, o pessoal já bloqueou estrada, mas não houve solução nenhuma”, contou. Na mesma linha do transporte irregular, há dois ônibus saindo de Aleluia pela manhã, iniciativa de um morador, em trajetos diferentes, também com passagem a R$ 5. Um deles vai até Santa Cruz, via Rio Preto; já o outro, via Lagoinha, até o Centro, mas com diferentes pontos de chegada a cada dia, também no intuito de evitar as blitzes. O retorno acontece às 17h. “Quem consegue vir nesse horário, vem. Quem não consegue, se tiver lugar para ficar, fica. Se não tiver, tem que dar um jeito”, disse Paulo.
A falta de ônibus em muitas partes do município acontece desde a paralisação dos funcionários da Rogil, entre o final de novembro e o início de dezembro de 2017, cobrando os quatro salários e meio atrasados. Motoristas e cobradores voltaram a trabalhar no dia 07 de dezembro, após uma audiência na Justiça do Trabalho, com a empresa e a Prefeitura, que vivem um impasse, devido à falta do repasse da segunda parcela de dezembro de 2016, no final da gestão da ex-prefeita Rosinha Garotinho. Porém, nem todas as linhas foram restabelecidas.
A Folha da Manhã entrou em contato com o proprietário da Rogil, Gilson Menezes, que considerou a situação “muito complicada”. “No momento, não tenho como me posicionar em relação a isso”, afirmou. Já o presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transportes (IMTT), Renato Siqueira, informou que a Rogil tem sido notificada e multada pela desassistência à população. “Temos feito notificações à Rogil e emitido multas, diárias e por linha, para ela retornar com o serviço. Fora isso, estamos buscando alternativamente fazer a intervenção para colocar ônibus de outras empresas, principalmente nos horários prioritários. Tentamos com os outros dois consórcios, mas as empresas não se propuseram a fazer isso. Estamos buscando uma outra alternativa”, disse.
Renato também comentou que o IMTT segue com o trabalho de reprimir o transporte irregular de passageiros: “Nós já fizemos várias reuniões com a comunidade para expor as ações que estamos fazendo. Essa é uma campanha que a gente iniciou desde março, no combate ao transporte ilegal. Estamos buscando uma alternativa legalizada, de habilitar uma empresa de ônibus para fazer o atendimento. Enquanto isso, continuam acontecendo as fiscalizações do transporte irregular”.
Em nota, a assessoria da Prefeitura de Campos informou que “o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) vem notificando e aplicando multas à empresa responsável por estas linhas e, atualmente, após várias reuniões com a empresa e os demais consórcios, além de cooperativas de vans do município, fez contato com outra empresa para atender a demanda dos moradores desta região, cujo a documentação para análise já está em avaliação para a intervenção.
O IMTT informa que vários carros estão sendo apreendidos nas constantes operações, iniciadas em 2017, que foram intensificadas a partir de novembro. Segundo o órgão, aos serem flagrados no exercício ilegal do transporte de passageiros, motoristas e proprietários dos veículos irregulares, além de terem o veículo apreendido, ficam sujeitos a responder criminalmente pela atividade ilegal. O IMTT orienta à população que faça a sua opção entre ônibus, táxi e vans, cadastrados pelo SETAMP, que são os modais regularizados no município”.

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