"Nanook, o esquimó" no Cineclube Goitacá
Jhonattan Reis 30/05/2017 18:51 - Atualizado em 01/06/2017 15:11
Com lançamento datado em 1922 e ainda mudo e em preto e branco, “Nanook, o Esquimó” (Nanook of the North), do diretor Robert Flaherty, é o filme que será exibido na noite de hoje (31), no Cineclube Goitacá. O longa-metragem será apresentado pelo professor, pesquisador e crítico de cinema Aristides Soffiati, que também trará o curta-metragem “Manhatta” (1921), de Charles Sheeler. As sessões, que têm entrada gratuita, começam às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado à esquina da rua Conselheiro Otaviano com a Treze de Maio, no Centro de Campos.
Soffiati explicou a importância de “Nanook, o Esquimó” para a história do cinema mundial.
— Este filme é considerado o primeiro documentário longo da história, tendo 79 minutos. Inclusive, há uma grande polêmica em torno dele. O Flaherty vinha fazendo um trabalho desde 1913 sobre a vida dos esquimós. Em 1920, ele concluiu um documentário sobre isso, que tinha o mesmo nome. Só que a obra se perdeu, foi queimada. O diretor, então, decidiu refilmar tudo, e fez isso em 1921 — disse, continuando:
— Porém, em 1921 os esquimós não tinham mais aqueles costumes capturados antes. E a polêmica está aí. Flaherty recriou um ambiente que não existia mais. Os esquimós não usavam mais aquelas técnicas de construção de casa e de caça, por exemplo. Já tinham se modernizado. Então, o que ele fez foi uma reconstituição, com os esquimós vivendo como viviam antigamente. Muitas vezes ele pediu para os esquimós fazerem tal coisa de certo jeito. Mas não acho que isso invalida o filme. É uma obra que consolida o gênero documentário.
O longa documenta um ano da vida do esquimó Nanook e de sua família, que vivem em Hudson Bay, no Canadá. A caça — a animais como o leão marinho —, a pesca e as migrações de um grupo que está totalmente à parte da industrialização da década de 1920. O cotidiano de uma família que realiza as atividades do dia a dia em volta basicamente de uma única questão: ter o que comer.
Ainda segundo o apresentador da noite, na década de 20 era muito comum os documentários terem um roteiro para mostrar o objetivo do diretor.
— Quando vemos o documentário, percebemos que os esquimós não estavam vendo as câmeras filmarem. É algo espontâneo — falou ele, que relatou que a “direção é excelente”.
Aristides Soffiati também traz a exibição do curta “Manhatta” (1921), de Charles Sheeler, e ele explica o porquê.
— Vou exibi-lo para fazer contrastes entre ele e “Nanook, o Esquimó”, e vamos falar sobre isso no próprio Cineclube. “Manhatta”, inclusive, é uma ótima obra, tendo 10 minutos de duração e 10 minutos de pura poesia fotográfica. A fotografia do filme é excelente. Naquela época, não havia som no cinema, então eles caprichavam na fotografia.
Soffiati ainda comentou que irá levar obras da década de 1920 nas próximas vezes que for apresentar filmes no Cineclube Goitacá.
— As décadas de 20 e 60 foram revolucionárias para o cinema. Na de 20, praticamente todos os gêneros se estabilizaram, como documentário, drama, comédia, ficção científica, erótico, suspense e terror. O cinema experimental teve um avanço tremendo nessa época, lembrando, ainda, que o cinema começa a ser falado em 1927. Então, é muito importante que o público tenha acesso a essas obras.

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