Sem salários, vigilantes da Uenf ameaçam parar
18/08/2016 14:08

Jhonattan Reis
Fotos: Michelle Richa 

Sem receber salários desde o último mês de março, vigilantes de uma empresa terceirizada que presta serviço para a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) podem paralisar as atividades na próxima semana. A data coincide com a volta das aulas da graduação na universidade, que foi divulgada em calendário no site da Uenf. Os trabalhadores realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (18), em frente ao campus da unidade. De acordo com o presidente do sindicato dos Vigilantes do Norte e Noroeste Fluminense, Luiz Rocha, são 84 trabalhadores com salários atrasados.

— Faremos uma paralisação por tempo indeterminado caso o problema não seja resolvido. Esses trabalhadores, que atuam dentro da universidade, estão passando por transtornos. O último salário que eles receberam foi referente a fevereiro. Nem vencimentos, nem ticket refeição, nem vale transporte. Os funcionários foram chamados para uma reunião para que receberem um sacolão. Mas o vigilante não vai trabalhar em troca de um sacolão. É lamentável — disse Luiz Rocha.

Ainda segundo ele, nenhuma previsão de pagamento teria sido dada até a tarde desta quinta. “O reitor da universidade alega que não estaria recebendo as verbas do governo e que, por isso, não tem repassado para a empresa de segurança. Já a empresa de segurança alega que não paga porque não tem o repasse. O trabalhador não pode ficar nesse fogo cruzado. Vai ficar até quando nesta situação?”, indagou Luiz, acrescentando que o ato será realizado durante todo o dia.

Edson Fonseca, 46 anos, é um dos vigilantes que está com salários em atraso. Ele contou que a categoria está passando por transtornos. “Muitos não têm dinheiro para colocar o que comer dentro de casa, não têm dinheiro para pagar passagem ou colocar combustível nos veículos. A gente vem trabalhar para honrar o nosso nome como trabalhador digno e honesto, porque não há condições financeiras ou psicológicas para isso. Estamos vindo por esforço de cada um mesmo. Estamos sem as condições mínimas para trabalhar”, relatou.

A reitora de graduação da Uenf, Marina Suzuki, confirmou a falta de pagamentos não só aos vigilantes, mas também a todos os funcionários de empresas terceirizadas que prestam serviços à universidade. “A paralisação dos vigilantes vai dificultar muito o funcionamento da universidade. Isso nos deixa extremamente preocupados, principalmente com os cursos do turno da noite. Nós estamos pedindo reforço de segurança ao 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM)”, disse Suzuki. A reitora acrescentou que os pagamento já foram solicitadas ao Governo do Estado, responsável pelo repasse, mas que ainda não foram efetivados.

O 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Campos, informou que o setor que cobre a área vai intensificar o patrulhamento fazendo, inclusive, rondas no interior da universidade nos quatro turnos. 

A equipe de reportagem também buscou contato com a secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e com a empresa, mas sem êxito.

Aulas voltam na próxima segunda

A Uenf divulgou nesta semana, por meio de seu site, o calendário de aulas do primeiro semestre de 2016. As aulas estão marcadas para começar na próxima segunda-feira (22) e ir até 22 de dezembro, com 101 dias letivos. O fato foi publicado no blog Na Curva do Rio, assinado pela jornalista Suzy Monteiro e hospedado na Folha Online.

A universidade — que completou 23 anos na terça-feira (16) — está sem aulas desde janeiro, quando encerrou o ano letivo de 2015, de acordo com informações do Na Curva do Rio. Já a greve foi findada no último dia 9.

Greve — Professores da Uenf decidiram suspender a paralisação e adotarem estado de greve até o próximo dia 23, na semana passada, após mais de quatro meses de greve.

Eles reivindicam, desde abril, melhores condições de trabalho no campus e avanço nas negociações com o governo estadual em relação às dívidas da instituição com fornecedores.

A decisão foi tomada em assembleia realizada na sede da Associação dos Docentes da Uenf (Aduenf). O fim da greve foi aprovado por 39 dos 50 professores presentes na reunião.

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