Caos na Saúde em mais capítulos
28/05/2016 15:05

Mário Sérgio Junior

Nas duas últimas semanas, a Saúde Pública de Campos foi alvo de diversas denúncias. Desde superlotações em hospitais a mortes misteriosas, as reclamações foram praticamente diárias. Além disso, a Saúde também foi motivo de auditorias do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde. Sem contar que o município registrou três mortes por meningococcemia em um intervelo de 10 dias.

A Folha frequentemente tem recebido as denúncias que envolvem a Saúde Pública de Campos. Na última segunda-feira, episódios do descaso voltaram a ser apontados por usuários do SUS. Um idoso de 68 anos que estava internado no Hospital Geral de Guarus (HGG), desde o último dia 22, diagnosticado com Acidente Vascular Cerebral (AVC), passou as primeiras 24 horas no hospital sobre uma cadeira em um dos corredores, devido à falta de macas. Uma maca, que foi instalada também no corredor, somente foi cedida após insistência de familiares.

Já no último dia 20, o blog do jornalista Alexandre Bastos, hospedado na Folha Online, abordou o drama de um senhor de 78 anos que, desde 1º de maio, aguardava por um cateterismo na Unidade de Pacientes Graves do HGG. Segundo familiares, em virtude da demora na transferência do paciente para um hospital com especialistas no procedimento, o idoso desenvolveu pneumonia e insuficiência renal.

Uma familiar afirmou ainda que o prazo de transferência de pacientes cardiopatas para unidades especializadas deveria variar entre 6 e 7 dias. No entanto, o idoso completou, ontem, 23 dias sem que nenhuma medida fosse tomada. Para tentar solucionar o caso, a filha do acamado procurou o Ministério Público Estadual.

Na ocasião, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou que a transferência de pacientes para leitos de hospitais contratualizados acontece de acordo com laudo médico e regulação pela Central de Regulação da secretaria de Saúde. E que, eventualmente, a demanda de atendimento na Emergência supera a capacidade da unidade, mas há o compromisso de atendimento.

Ainda na última semana, a história de um bebê de apenas dois meses veio à tona. A criança teve que enfrentar uma “via crucis” para conseguir uma vaga na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A criança foi internada no Hospital Geral de Guarus (HGG), conforme pode ser visto em um vídeo publicado em uma rede social, no último domingo. A postagem feita junto ao vídeo relata todo o drama para conseguir a vaga. Segundo a denúncia, após passar pelo HGG, o bebê foi transferido para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde teve que subir até a UTI pela escada, pois o elevador estaria com problema. Em nota, a FMS informou que o bebê foi atendido com quadro de bronquiolite e insuficiência respiratória. Sobre o elevador, o órgão informou que “o setor de manutenção foi acionado em momento algum sobre problemas no elevador. Pode ter ocorrido alguma falha temporária motivada por oscilações de energia, mas houve necessidade de intervenção de equipes técnicas”.

Políticos se mobilizam para apurar mortes

Os casos mais graves que envolveram a Saúde de Campos e ainda gera repercussão foram das mortes das irmãs Ana Vitória Cândido, de 1 ano e 11 meses, e Joyci Cândido, de 6 anos; e de Jairo Machado de Carvalho Salve, de 21 anos. Todas as mortes causadas por meningococcemia.

O caso das irmãs segue em investigação na 146ª Delegacia de Polícia, de Guarus. Inclusive, o deputado estadual Geraldo Pudim chegou a fazer três pedidos de providência: ao procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira; à presidente da Comissão de Segurança da Alerj, Martha Rocha; e ao chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso. Os pedidos solicitam intervenção das autoridades e investigação rigorosa no caso da morte das irmãs.

A assessoria da deputada Martha Rocha informou que a parlamentar também enviou um ofício à Polícia Civil solicitando rigor e rapidez na investigação do caso.

Denasus faz auditorias nos maiores hospitais

Nesse mês, equipes do Denasus realizaram diversas auditorias em vários órgãos da Saúde de Campos. Entre as unidades auditadas, estãoa secretaria de Saúde; as Unidades Pré-hospitalares (UPHs) de Guarus, Ururaí, Travessão e Santo Eduardo; a Unidade Básica de Saúde (UBS) de Pernambuca; e ainda o HFM e o HGG.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, será preciso aguardar o relatório final para prestar esclarecimentos. O prazo para a finalização do procedimento é de 90 dias.

O Ministério Público Federal (MPF) também realizou inspeções em várias unidades de saúde de Campos por 90 dias, entre os meses de abril e junho de 2015, e elaborou um documento classificando a situação do setor no município como “caótica”. As auditorias foram feitas após pedido do MPF.

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