Câmara mantém veto de Wladimir a Semana da Diversidade e parada LGBTQIA+
Aldir Sales 10/08/2022 20:58 - Atualizado em 10/08/2022 23:50
A polêmica da sessão da Câmara de Campos desta quarta-feira (10) ficou por conta da decisão dos vereadores de manter o veto do prefeito Wladimir Garotinho (sem parido) ao projeto de lei do vereador Marquinho Bacellar (SD) que instituiria a Semana da Diversidade e a realização de uma parada LGBTQUIA+ no município.

Ao todo, foram 10 votos pela derrubada do veto, outros 10 pela manutenção da decisão, três abstenções e duas ausências. Pelo regimento interno, seria necessário dois terços dos vereadores (17) para aprovar o projeto.

Autor do texto, Marquinho Bacellar criticou o prefeito pelo veto, que veio com a justificativa de invasão da competência do Executivo e da criação de novas despesas ao município.

— Wladimir diz que é inconstitucional, mas a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara) entende que cabe aos vereadores fazer essa lei. Não se trata de uma parada gay como ele diz, mas uma semana de diversidade e conhecimento para diminuir o preconceito e violência. Ele não tem respeito e boa vontade de fazer o bem. Respeito opinião, religião de cada um, de cada vereador. Ele é preconceituoso, contra um projeto que existe na maioria das capitais. Não é birra, é preconceito.

Nildo Cardoso (União) lembrou dos assassinatos contra homossexuais no país e aproveitou para falar sobre as igrejas. “Esse é um assunto que muita gente não gosta nem de discutir, mas acho que, independente da religião de cada um, vamos discutir. Temos que respeitar o cidadão que tenha tomada sua decisão. Se é maior de idade, problema dele. Eu sou contra é envolver crianças nas escolas, como acontece hoje em alguns meios de comunicação, principalmente em novela. Mas em relação aos adultos, que já têm sua posição tomada na sua vida... Quantos têm morrido, covardemente assassinados. ‘Ah, mas fulano não gosta’. E se nascer na casa de um de vocês? Vai mandar matar? E outra coisa, todas as igrejas têm pessoas com essa atitude, mas que não mostram. Todas, sem exceção”.

Pastor Marcos Elias (PSC) voltou à tribuna e causou mais polêmica ao dizer que os gays poderiam “se tratar” na igreja. “Em relação a fala de pessoas que estão dentro das igrejas e não se manifestam. Mas quero deixar claro que na igreja de Cristo não tem. As pessoas vão à igreja e buscamos tratar essas pessoas, apoiando, aconselhando e orientando. As pessoas que estão dentro da igreja nessa condição precisam passar por um processo de tratamento”.

Na sequência, Nildo afirmou que Deus é o mesmo para todas as pessoas. “Já que o senhor falou da Palavra de Deus, esse Deus está em todos os lugares. Inclusive entre essas pessoas. O Deus da igreja do senhor, da igreja católica, dos espíritas, dos evangélicos, das pessoas com opção sexual diferente, Ele é o mesmo. Ele é único. A interpretação da Bíblia é a pior coisa que o ser humano faz, cada um faz da sua maneira”.

Por fim, Abdu Neme (Avante) questionou a frase de Marcos Elias sobre “tratamento” para gays e pediu mais tolerância. “Quem sou eu para discutir as atitudes das pessoas. Em San Francisco, na Califórnia, tem a maior parada gay do mundo. Não vi nada que incriminasse a religião de ninguém. O gay é igual a todo mundo, paga impostos, são bons profissionais. A opção religiosa é dele. Vamos colocar na porta das igrejas que não entra gay? A igreja vai tratar o quê? Quem é doente? Vamos viver em paz, amando uns aos outros porque o mundo já está tão difícil”.

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