Em epidemia, Campos fecha o primeiro trimestre de 2023 com quase 1.200 casos de dengue
Éder Souza - Atualizado em 07/04/2023 20:39
CRD tem recebido cerca de 140 pessoas por dia
CRD tem recebido cerca de 140 pessoas por dia / Foto: Rodrigo Silveira
Campos fechou o 1º trimestrre de 2023 com 1.119 casos de dengue confirmados. Os dados são de 01 de janeiro até 31 de março. No mesmo período do ano de 2022, apenas 1 caso foi confirmado. A Secretaria de Saúde do município também confirmou a primeira morte em sete anos pela doença. Um idoso de 84 anos, morador de travessão, morreu em janeiro deste ano. 
A cidade já vive uma epidemia de dengue. Com isso, o município já realizou cinco grandes mutirões em bairros para eliminar focos do mosquito causador não só da dengue, mas também da zika e chikungunya.
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) concluiu no dia 31 de março o cronograma de mutirões pós Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa). Considerando todas as ações, iniciadas em 20 de janeiro, os agentes vistoriaram 19.602 imóveis, dos quais 4.368 tratados com larvicida. Ao todo, 539 focos foram eliminados, 532 pneus recolhidos, 516 sacos contendo inservíveis foram recolhidos e 64 caixas d'água foram retiradas. O município está em situação de epidemia de dengue desde o dia 8 de março.
Através dos mutirões, o Centro de Controle de Zoonozes reforça com a população os cuidados primários de combate ao vetor. Entre eles, estão ações como a limpeza do quintal; descarte correto de materiais inservíveis; fechamento de saco plástico de lixo; lavar a vasilha de água de animais domésticos; e retirar a água acumulada de plantas, lajes e calhas.
O especialista em dengue e diretor do Centro de Referência, Drº Luiz José de Souza diz que o movimento de pacientes na unidade tem aumentado a cada semana. Por dia, entre 100 e 140 pessoas procuram atendimento com sintomas da dengue. Ele alerta para outros cuidados que podem ajudar no combate ao mosquito. O uso de repelentes e de roupas claras logo pela manhã ajudam a espantar o mosquito.
“A informação nesse momento é muito importante. Além da limpeza dos quintais que não pode deixar de ser feita, outras técnicas ajudam. A doença é transmitida pela picada do mosquito fêmea, que geralmente ataca pela manhã. Nesse horário, é ideal o uso de repelentes e também de roupas claras e mais largas. Inseticida nos ambientes também é um aliado ao combate. ”, disse.
Especialista alerta para aumento de casos após a Páscoa
Especialista alerta para aumento de casos após a Páscoa / Foto: Rodrigo Silveira

O médico ainda alerta que os casos de dengue devem aumentar após o período de Páscoa. Segundo ele, como a procura no CRD tem sido de pessoas de diversos bairros, isso mostra que a doença está presente em diferentes pontos da cidade. E na semana santa, a circulação de pessoas entre os bairros acaba sendo maior, já que existem os encontros familiares.
“O aumento pode ser dado através da circulação de pessoas entre os bairros para as confraternizações e também a junção de chuva e calor. ”, concluiu.

Método Wolbachia deve ser utilizado em Campos
Um método conduzido pela Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde (MS), deve ser utilizado em breve em Campos. Foi o que adiantou o Drº Luiz José. Segundo o médico, o município está aguardando uma resposta da Fiocruz para que o modelo seja aplicado na cidade e seja um aliado às técnicas já conhecidas de combate. Quando presente no Aedes aegypti, a bactéria Wolbachia impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam no inseto, contribuindo para a redução destas doenças. Segundo a Fiocruz, os estudos referentes ao método revelam que o estabelecimento estável de Wolbachia no ambiente geograficamente diversificado do Rio de Janeiro parece ser mais complexo do que tem sido observado em outros locais. No entanto, mesmo os níveis intermediários de Wolbachia (cepa wMel) já podem reduzir a incidência de dengue e chikungunya.

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