O Goytacaz poderá mandar seus jogos no estádio Ary de Oliveira e Souza durante a Série B2 do Campeonato Estadual, que começa em setembro. A principal novidade é que o Aryzão receberá também os próximos jogos do Americano até março de 2023, na reta final do atual mandato do presidente alvinegro, Vagner Xavier. Em parceria firmada entre os clubes, o Americano ficou responsável por financiar o laudo dos bombeiros, que era a pendência para o estádio alvianil receber partidas com público em competições profissionais, além de dar apoio logístico e custear pequenos ajustes, como troca da lona dos bancos de reservas. Em contrapartida, foi assinado um termo de cessão de uso também por parte do Cano.

De acordo com Vagner Xavier, o Americano tentava esta parceria com o Goytacaz desde o início da sua gestão, em maio de 2020. Porém, as conversas só avançaram com a atual diretoria alvianil, que tomou posse em janeiro deste ano, tendo Reinaldo Ribeiro Filho como presidente e Rodolfo Laterça como presidente do Conselho Deliberativo.

— Na parceria, ficou a cargo do Americano, até o final da gestão Vagner Xavier, financiar esse laudo dos bombeiros e as despesas para que o estádio esteja regularizado. Desde que nós entramos, tentamos buscar essa parceria com o Goytacaz, e só agora, após a mudança da diretoria do Goyta, conseguimos uma conversa séria, direta, sem melindres. A gente conversou numa sexta, e na segunda-feira já deu entrada no laudo dos bombeiros. Menos de 10 dias depois, o laudo dos bombeiros já está disponível. A torcida do Americano há muito tempo tem saudade de ver os seus jogos em Campos — afirma Vagner.

Com seu novo estádio ainda não concluído, em Guarus, o Americano utilizou o Ferreirão, em Cardoso Moreira, para atuar como mandante nas últimas temporadas e também na Série A2 deste ano, cuja campanha terminou no último sábado (13), com o vice da Taça Corcovado. O clube também jogará em Cardoso nesta quarta-feira (17), diante do Arraial do Cabo/Araruama, precisando vencer no tempo normal ou nos pênaltis, caso empate, para ir às oitavas de final. Em caso de derrota, chegará ao temporada de competições oficiais.

Durante as negociações com a diretoria do clube rival, o Americano tentou mandar no Aryzão a final da Taça Corcovado, em que foi superado nos pênaltis pelo Olaria. Porém, não houve tempo hábil para a obtenção do laudo, e a partida acabou sendo marcada pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) para o estádio Elcyr Resende, em Saquarema. A partir de agora, se o Cano avançar na Copa Rio, já poderá atuar em Campos nas próximas fases.

Pelo laudo obtido, o Aryzão está liberado a receber até 8.836 pessoas por jogo. No acordo dos clubes, ficou definido que, além do jogo em si, o Americano também terá direito a um treino no local na véspera de cada partida. No que se refere à venda de ingressos, o lucro das arquibancadas será do mandante de cada jogo, seja Americano ou Goytacaz, mas as cadeiras sociais serão comercializadas apenas pelo Goyta, mesmo em jogos do rival. O clube proprietário também será o responsável por bares e ambulantes.

— Acredito que esse é um primeiro passo para outras coisas em parcerias que estão para vir entre os clubes. Na semana passada, nós estivermos juntos com o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho; e com o presidente de Fundação Municipal de Esportes, Luciano Viana. A gente já havia fechado essa parceria antes. Quando fui convidado, fiz também questão de convidar o Rodolfo Laterça, que ainda não tinha estado pessoalmente com o prefeito após a sua posse, para quebrar esse gelo e, quem sabe, trilhar um caminho para que a rivalidade fique somente dentro do campo, e não entre torcidas e dirigentes, que devem respeitar as suas instituições — enfatiza o presidente do Americano.

Em contato com o blog, o presidente do conselho deliberativo do Goytacaz fez elogios a Vagner, destacando que o acordo só foi possível por seu caráter.

— Este contrato se deu em forma de permuta. O presidente Vagner Xavier Alves pagou as despesas para obtenção do laudo, e o Goytacaz Futebol Clube cedeu ao comodatário as arquibancadas, bilheterias, vestiários, sanitários, gramado para treino apronto na véspera de jogos oficiais organizados pela Ferj, exceto os serviços de bares, ambulantes e as cadeiras de fibra nas cores azuis e brancas. Estes últimos, ficaram de ser explorados pelo comodante, que lamenta profundamente a não classificação (do Americano) para a final (da Série A2) contra o Volta Redonda. Afinal, rivalidade é dentro do gramado. Fora, fazemos negócios transparentes e interessantes para ambas as partes — afirma Rodolfo Laterça.

O entendimento de Rodolfo é de que a classificação do Americano representaria benefícios financeiros ao Goytacaz pela atual parceria.

— A gestão atual do Goytacaz realmente torceu para a vitória do Americano contra o Olaria. Tínhamos um previsão de aproximadamente R$ 100 mil em apenas uma única partida de futebol profissional. Esta quantia de R$ 100 mil sendo pessimistas poderia chegar ao valor de R$ 200 mil, afinal, torcedor do Americano gosta de conforto; as cadeiras azuis e brancas teriam um valor digno de "salão de festas" de altíssimo padrão — reforçou Laterça.

Penhorado por conta de dividas trabalhistas do Goyta, o estádio Ary de Oliveira e Souza chegou a ir a leilão na semana passada, mas o certame foi suspenso por 60 dias pelo juiz titular da 2ª Vara do Trabalho de Campos. A defesa alvianil atua na tentativa de centralizar todas as ações trabalhistas e montar um calendário de pagamentos, de forma que a Justiça não precise novamente determinar o leilão.