Campos retorna à fase laranja para conter a Covid-19 e comércio terá que fechar as portas
Folha1 18/01/2021 10:48 - Atualizado em 18/01/2021 19:05
Genilson Pessanha
Campos retorna nesta terça-feira (19) à fase laranja do Plano de Retomada das Atividades Econômicas e Sociais, o que indica situação grave, e terá medidas mais rígidas para conter o avanço da Covid-19 no município. De acordo com o Decreto Municipal nº 026/2021, publicado em edição suplementar do Diário Oficial desta segunda-feira (18), o comércio, entre outros serviços, deverá permanecer fechado até o dia 25 de janeiro. Até o último sábado (16), Campos registrou 586 mortes por Covid-19 e 16.444 casos confirmados e a taxa de ocupação de leitos de UTI está em 90%.
A suspensão envolve o comércio geral, incluindo shoppings centers; igrejas e templos religiosos; academias, inclusive em condomínios; salões de beleza e barbearias; festas; danceterias; boates e afins. Também está suspenso o uso de equipamentos públicos em praças, parques e quadras de esportes, ficando permitido somente exercícios ao ar livre, desde que observadas as medidas de proteção individual e distanciamento social.
Bares, restaurantes, lanchonetes e congêneres também estão com atividades suspensas. As vendas somente poderão ocorrer sob os sistemas delivery e take away, que é a retirada nos estabelecimentos. O take away está permitido também para lojas de materiais de construção, lojas de materiais de informática, comércio de autopeças, motopeças e lojas de bicicletas.
A suspensão não se aplica ao funcionamento de hospitais, clínicas, consultórios, farmácias, supermercados e mercados, bancas de jornais e revistas, petshops, mercado municipal, feira do produtor rural (Feirinha da Roça) na Praça da República, setor de construção civil, borracharias, chaveiros, oficinas mecânicas e de bicicleta, além das atividades laborais e assistências técnicas em geral.
Padarias e postos de combustíveis, incluindo lojas de conveniências, estão liberados, mas não pode haver consumo imediato nestes locais, assim como em lanchonetes e restaurantes em interior de supermercados.
Também está permitido o funcionamento de escritórios de advocacia, contabilidade, consultorias, arquitetura e engenharia, imobiliárias, agências de seguro e plano de saúde, certificadoras digitais ou congêneres. Todos deverão adotar, além das medidas gerais previstas no protocolo “Regras da Vida”: horário de funcionamento de segunda a sexta-feira, atendimento individual com agendamento prévio, sendo vedada a espera de clientes no interior do estabelecimento ou fila na área externa. As cadeiras e demais equipamentos deverão ser higienizados após cada atendimento.
Todas as atividades liberadas terão horário de funcionamento livre dentro do horário comercial. Quanto ao parágrafo primeiro do Artigo 2º, o procurador geral do Município, Roberto Landes, explicou que se trata de uma sugestão de horário estendido nas atividades permitidas para funcionamento, e não uma imposição, ficando a critério dos proprietários em manter os estabelecimentos com mais tempo aberto para evitar as aglomerações.
O decreto determina ainda a redução da capacidade de circulação de pessoas em ônibus em 30%, bem como a recomendação de táxis e motoristas de aplicativos trabalharem com vidro dos carros abertos. Ainda de acordo com o decreto, os estabelecimentos bancários, casas lotéricas e congêneres somente poderão funcionar com 30% da capacidade de circulação de pessoas.
Coletiva — A mudança de fase foi anunciada durante uma coletiva de imprensa na Prefeitura, nesta segunda-feira, com o vice-prefeito Frederico Paes; o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Charbell Kury; e a chefe da Vigilância Sanitária Municipal, Vera Cardoso de Melo, e segue as recomendações das autoridades da área da saúde, que foram analisadas pelo Gabinete de Crise Covid-19.
— A situação em que o município se encontra é crítica. Estamos pensando na população, uma vez que estamos tendo o reflexo das festas de fim de ano, com o aumento da ocupação de leitos da enfermaria no início do ano e, na semana passada, da ocupação dos leitos de UTIs. São necessárias medidas mais restritivas neste momento, em prol da população, da saúde e do povo de Campos — disse o vice-prefeito Frederico Paes.
Charbell Kury explicou que, neste momento, é preciso de uma restrição maior, com conscientização e preparação do sistema de saúde. “Nesse momento há três indicadores que mais afetam o município: a ocupação de leitos, as mortes e a qualidade da assistência. Esperamos reduzir em 40% a transmissão viral da Covid-29 nos próximos dias”, disse Charbell.
O prefeito Wladimir Garotinho nãoparticipou da coletiva, porque seguiu para o Rio, onde foi cumprir agenda com o govenador do Estado em exercício, Cláudio Castro, para tratar da vacina da Covid-19.“A taxa de ocupação dos leitos de UTI para a Covid em Campos já atinge 90%. Não queremos vivenciar em nossa cidade o que aconteceu na cidade de Manaus.Mas, se você não fizer sua parte, não se cuidar, nada vai adiantar os esforços da Prefeitura. Não espere que o outro faça, seja você também peça ativa e salve vidas”,publicouWladimir em suas redes sociais.
Reflexo — O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Leonardo Castro de Abreu, se mostrou preocupado com o retorno à fase laranja do Plano de Retomada das Atividades Sociais e Econômicas, diante do aumento do número de casos de Covid-19 em Campos.
— Infelizmente, chegamos a uma situação crítica de contaminação da Covid-19, com o alto índice de internações e óbitos. Mas isto já era previsto, fruto das aglomerações na campanha eleitoral e festas de final de ano, que contribuíram para este caos. As pessoas ainda precisam entender a necessidade do uso da máscara, álcool em gel e distanciamento. Enquanto não houver esta consciência, os índices continuarão altos. Então, a Prefeitura decidiu aplicar uma medida mais enérgica para conter este avanço. Os empresários que estão cumprindo com os protocolos não devem ser “punidos” por aqueles que não os cumprem. Reflete no fechamento do estabelecimento, desempregando e não pagando os impostos, acarretando um custo maior ao Poder Público — afirmou Leonardo Castro.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos também emitiu uma nota expondo a preocupação com a decisão da Prefeitura de Campos de determinar o fechamento das atividades comerciais, preservando apenas os serviços definidos como essenciais.
“Destacamos que o comércio foi exemplar na pandemia ainda em curso, observando todos os parâmetros de segurança determinados pelas autoridades sanitárias, estabelecendo um ambiente de segurança para o consumidor e funcionários, não sendo dessa forma um vetor do vírus da Covid-19. O relato feito às entidades representativas de classe pela Secretaria de Saúde do Município é realmente preocupante, porém, concluímos que é preciso observar a situação como um todo, exigindo de outros segmentos, a mesmo rigidez como faz com o comércio, procedimentos padrões de segurança que não são observados em um quadro geral. Esperamos que a Prefeitura de Campos reveja o quanto antes pontos diversos deste decreto, permitindo a reabertura do comércio que como já colocamos não é, com certeza, via de contágio do vírus”.
O anúncio das novas restrições gerou reação de comerciários. “Devido à pandemia, as vendas já caíram bastante no ano passado. Esse período de janeiro já é fraco normalmente e agora está ainda mais. Eu acredito que a volta desse lockdown, mesmo que por uma semana, vai prejudicar bastante os comerciante e seus funcionários. O desemprego pode aumentar e eu fico com medo pelo meu próprio emprego. Acredito que vai haver bastante demissão”, disse a vendedoraAna Carolina Medeiros, de 26 anos.
Confira a entrevista:

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